Rodrigo Pacheco volta a se dirigir a Campos Neto em Londres para pedir redução da taxa Selic
De acordo com Pacheco, a atual taxa de juros brasileira, em 13,75% ao ano torna difícil o crescimento da economia brasileira
O presidente do Senado Brasileiro, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), voltou nesta sexta-feira (21) a se dirigir ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e pedir a redução da taxa básica de juros brasileira.
Pacheco fez o pedido no seu discurso de abertura do segundo e último dia do evento Lide Brazil Conference London na capital britânica.
De acordo com Pacheco, a atual taxa de juros brasileira, em 13,75% ao ano torna difícil o crescimento da economia brasileira.
"Quero mais uma vez destacar ao nosso querido Roberto Campos Neto, com devida vênia, a nossa reivindicação relativamente ao juro do Brasil, com a natural cordialidade respeito e acatamento, mas é uma súplica do Congresso Nacional. Não poderia deixa de externar que 13,75% ao ano realmente são muito difíceis para o crescimento do Brasil e tenho certeza que o BC, sob a condução de Roberto Campos Neto, haverá de cuidar de maneira muito veemente para que essa taxa de juro se reduza no Brasil", disse.
Veja também
Pacheco reforçou também os compromissos dele e do Senado com uma arrecadação sustentável e inteligente e razoável, sem a criação de novos impostos.
O senador também redobrou seu compromisso com o acordo bilateral firmado entre o Brasil e o Reino Unido à não bitributação e ao marco legal das garantias, um pleito colocado ontem no evento, que será colocado para apreciação do Congresso na forma do Projeto de Lei 4188 e com o marco fiscal, que em maio será apreciado na Câmara e no Senado.
O evento, organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) na capital britânica, teve início na quinta-feira (20) e se encerra nesta sexta-feira com a palestra do presidente do Conselho do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi.
Defesa de Campos Neto
Em resposta a Pacheco, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, voltou a defender a autonomia da autoridade monetária. Também urante participação no Lide Brazil Conference London, Campos Neto destacou que o timing da política monetária é diferente do timing da política e que é por isso que se faz necessária a autonomia formal da autarquia.
"O Banco Central é um órgão técnico, que toma decisões baseadas em critérios técnicos. O timing técnico é diferente do timing político. Por isso que a autonomia é importante: para dar à sociedade a garantia de que temos funcionários técnicos e que tomamos decisões sem viés político", disse o presidente do BC.
Autonomia
No debate após as apresentações dos painelistas, Campos Neto foi questionado se a autonomia do Banco Central estaria sob risco e minimizou a pressão do Governo Federal. "O debate sobre juros é normal. A autonomia do Banco Central não está em risco."
Ainda de acordo com o banqueiro central, a atual diretoria do BC sempre atuou de forma autônoma e que a prova cabal desta autonomia foi a decisão de elevar a taxa básica de juro, a Selic ao atual patamar de 13,75% ao ano em plena campanha eleitoral em que o presidente da República tentava a reeleição.
"Nunca houve uma alta de juro em ano de eleição na história do Brasil e do mundo. Inclusive, se olharmos 15 meses da eleição, que quando começa a alta de juro, nunca houve nada parecido", disse Campos Neto, emendando que isso mostra que o BC atuou com bastante independência durante o processo de eleição.
Isso, segundo o banqueiro central, traz várias vantagens porque a política monetária quando atua antes o custo é menor. "Fizemos a seguinte pergunta: e se o BC não tivesse feito isso? A inflação não estaria em 5,8% mas em 10%", disse Campos Neto que relatou que vários modelos econométricos chegam a essas projeções.
Ele disse ainda que se o BC tivesse esperado o ano seguinte para aumentar a Selic a inflação estaria em 14% e a taxa de juro teria que estar em 18,75% hoje para se ter o mesmo objetivo. Afirmou também que, nesse cenário, o BC, muito provavelmente, teria de subir os juros no ano que vem, colocando a economia em uma recessão em torno de 3% e 4%, o que aconteceu na última vez que o Brasil tentou cair o juro sem ter credibilidade.
O presidente do BC também disse ouvir com muita frequência que se a taxa de juro for reduzida o crédito ficará mais barato. Essa, de acordo com ele, é mais uma previsão que não coaduna com verdade porque barateamento de crédito não ocorre se não houver credibilidade, mesmo com redução do juro que referencia a economia de um país.