Entenda como os juros afetam a sua vida

Legenda: Existe uma linha de pensamento econômico que defende o aumento da taxa de juros para controle da inflação. E assim se faz, no Brasil
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Estamos habituados a não pensarmos muito sobre os impactos que decisões na Economia podem ter em nosso dia a dia, em nosso trabalho e em nossas compras de mercado, por exemplo. Às vezes até afirmamos que não ligamos “pra estas coisas de política”. 

Por isso, resolvi escrever hoje sobre ocorrências que parecem distantes, mas acabam por influenciar nossas finanças pessoais. Conversaremos sobre a taxa de juros SELIC definida pelo Banco Central para que você compreenda por que deve ficar atento a esta informação que invade nossa casa pelos noticiários.

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No mundo complexo da Economia, muitas variáveis são consideradas para que a inflação, que mede a perda do poder aquisitivo com base na variação de preços de itens de cesta básica, não cresça de forma a prejudicar o desenvolvimento econômico do País. Então, a cada movimento de subida da inflação, muitas ações são realizadas para buscar o controle do aumento inflacionário.

Uma das variáveis que podem segurar o consumo e, portanto, reduzir a inflação, são os juros. Afinal, se um produto sobe demais de preço e a sua renda não, ou você deixa de comprar, ou se endivida. O objetivo da política monetária é conter os gastos não só do cidadão, mas também os públicos. Existe uma linha de pensamento econômico que defende o aumento da taxa de juros para controle da inflação. E assim se faz, no Brasil.

O Banco Central, detentor das emissões de moeda no Brasil, define a Taxa de Juros Selic de acordo com a inflação do País.

O que é a taxa Selic

Mas o que é esta tal de Selic? Em linhas gerais, é a taxa de juros que passa a ser a referência para o mercado em suas negociações. Ela é definida a cada 45 dias pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que faz parte do Banco Central. 
Desde julho de 2022, quando a inflação acumulada estava 10,07% ao ano, o Banco Central determinou a Selic de 13,75%, em busca da redução da inflação, o que, de fato vem ocorrendo. 

Na última semana, porém, a expectativa de todos era uma redução da taxa Selic na reunião do Copom, porque, agora, temos uma inflação de 5,36%. Mas, de forma persistente, o Copom manteve a Taxa de Juros em 13,75%, comprometendo, a meu ver, o crescimento econômico do Brasil.

Você deve estar pensando: “Certo, certo.. Mas até agora não entendi como isso afeta a minha vida financeira. Por que tenho que me preocupar com essa Selic?” Então, vamos explicar.

Por ser a referência de mercado, todas as instituições financeiras passam a fornecer crédito a partir desta taxa de juros, incluindo os ganhos dos bancos. Assim, quando você vai buscar um empréstimo, ou usa seu cartão de crédito, ou cheque especial, ou qualquer dinheiro que não é seu, os juros que você vai pagar seguem a taxa Selic.

Portanto, quando a taxa Selic está baixa, as instituições financeiras oferecem mais crédito a uma taxa de juros menor. É mais seguro para as pessoas fazerem compras, solicitarem empréstimos e planejarem gastos ou novos projetos. Nesse cenário, à medida que aumentam a oferta e os gastos, a inflação tende a aumentar. 

Quando os juros estão mais altos

Mas quando a taxa Selic aumenta, acontece o contrário. Os juros aumentam e o consumidor paga mais pelo empréstimo a cada mês em financiamento, parcelado ou cheque especial. O cenário desanima e desacelera a economia e a tendência é que as pessoas gastem menos. Em caso de baixo consumo, o preço diminuirá. O resultado é o controle da inflação.

Neste quebra-cabeça diário, estamos nós, consumidores a deriva de juros altos em nossas vidas, vendo nossa renda diminuir de valor e com dificuldades em se organizar financeiramente. Por isso, fica o alerta para todos ficarmos atentos a estas taxas de juros e, assim, podermos decidir o melhor momento de comprar ou investir.

E não esqueça, a Economia, mesmo que pareça distante do seu mundo pessoal, está, cada vez mais, presente nas suas Finanças Pessoais. Seu dinheiro rende mais quando você pensa antes de comprar. Pense nisso.

Ana Alves
@anima.consult 
Economista, consultora, professora e palestrante

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.

 

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