Por alta de preços, construção civil no Ceará já considera importar aço para reduzir custos

Insumo teve valorização de cerca de 100% em um ano, segundo o presidente do Sinduscon-cE, Patriolino Dias. Ele avalia que a alta deverá ser repassada ao consumidor caso os custos sejam mantidos no patamar atual

Escrito por Samuel Quintela , samuel.quintela@svm.com.br
Legenda: Apesar da perspectiva apresentada, o presidente do Sinduscon-CE afirmou que ainda não é possível prever a porcentagem de aumento que deverá chegar ao bolso do consumidor
Foto: Thiago Gadelha

Os empresários da construção civil cearense já estão se preparando para comprar aço do exterior para poder dar continuidade à construção de imóveis no Estado, confirmou o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias. De acordo com o empresário, a nova estratégia está sendo pensada para reduzir os impactos da alta do aço no Brasil. 

Segundo Patriolino, o preço do insumo teve um aumento de cerca de 100% nos últimos 12 meses e isso preocupa os empresários do setor. Para tentar driblar a inflação do aço, a estratégia seria organizar movimentos de compra do insumo fora do Brasil. 

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O mercado estadual mantinha a expectativa de que a alta do aço fosse algo pontual e que voltasse ao patamar considerado normal após os primeiros meses deste ano, segundo o presidente do Sinduscon-CE, o que não aconteceu. 

Dias ainda comentou que a pressão inflacionária está sendo sentida em vários outros produtos necessários para construção de imóveis, e que, se a alta continuar, o setor deverá repassar os custos ao consumidor. A decisão deverá encarecer os próximos lançamentos de apartamentos e casas no Estado. 

"Em um ano, o aço dobrou de preço. Tivemos lançamentos no ano passado sem reajuste, e teremos lançamentos esse ano que ainda sairão sem reajustes de preço. Mas não teve aumento só no aço, tivemos, também, no cimento e outros insumos.Isso tudo complica muito a vida das empresas e a viabilidade dos empreendimentos. Achávamos que seria momentâneo do cenário do ano passado, mas isso tem se mantido e teremos de repassar as altas ao consumidor", afirmou Dias. 

Previsão de custos

Apesar da perspectiva apresentada, o presidente do Sinduscon-CE afirmou que ainda não é possível prever a porcentagem de aumento que deverá chegar ao bolso do consumidor. Ele ponderou que a dinâmica do mercado tem estado incerta nos últimos meses, e que seria importante checar a logística e dinâmica de cada empresa. 

"Como isso ainda é recente, eu não consigo ter um cenário mais preciso, mas estamos fazendo as contas para importar aço de fora, sim. É muito difícil precisar esses números de repasse ao consumidor porque ainda esperamos que isso possa baixar e que isso seja do momento, mas se a alta se mantiver, vamos ter de repasse. Hoje, é insustentável a gente vender pelo preço normal. O setor está assustado no Brasil inteiro", afirmou Patriolino. 

Dinâmica de mercado 

Consultado sobre o assunto, o Instituto Aço Brasil se limitou a dizer que os preços do insumo dependem da dinâmica de mercado entre comprador e fornecedor. Contudo, o Instituto afirmou, também, que o aço está passando por uma valorização mundial por conta de um novo boom no mercado de commodities, o que pode elevar os custos na indústria. 

“Por força estatutária e em respeito às regras de compliance, o Instituto Aço Brasil não comenta preço. Questões relacionadas a esse tema dizem respeito à relação comercial mantida entre fornecedor e cliente. No entanto, cabe mencionar que, ao acompanhar os índices de preço oficiais, se constata fenômeno que vem acontecendo no Brasil e no mundo. É o chamado novo ciclo das commodities / boom de commodities que vem elevando de forma expressiva o preço das matérias-primas e insumos que compõem o processo produtivo do aço e de outros elos da indústria de transformação”, disse o Instituto Aço Brasil em nota. 

Procurada também para comentar a dinâmica de mercado, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), preferiu não se posicionar sobre o assunto. 

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