Oi Móvel: venda deve trazer mudança para 2,5 mi de chips no Ceará

Empresa tem a maior fatia no mercado de telefonia celular do Estado e, com a operação, clientes devem ser divididos entre Claro, Tim e Vivo, que montaram um consórcio e detém a preferência da compra do braço móvel da Oi

Escrito por Redação ,
Legenda: No Ceará, são 561 antenas instaladas pela Oi para atender os 2,5 milhões de clientes
Foto: Camila Lima

A proposta aceita pela Oi sobre a venda da Oi Móvel para a Claro, Tim e Vivo deve fazer com que os mais de 2,5 milhões de chips da operadora sejam divididos entre as outras três empresas no Ceará. Se feita no modelo proposto, a operação estimada em R$ 16,5 bilhões ainda deve promover o fatiamento das 561 antenas instaladas no Estado e também parte da rede de fibra ótica local, de 11,8 mil quilômetros.

É algo inédito no País e que deve movimentar o mercado de telecomunicações nos próximos meses. No Ceará o cenário não é diferente, uma vez que a Oi Móvel detém a liderança do mercado local de telefonia celular e ainda disputa fatias relevantes em outros segmentos.

Com a venda já confirmada pela companhia, a mudança para os clientes só deve acontecer no próximo ano. Até o fim de 2020, todos os lances serão conhecidos pelo mercado. Mas, até agora, além das outras teles, apenas a americana Highline manifestou interesse na companhia.

Idas e vindas

A disputa entre consórcio de Claro, Tim e Vivo e a Highline vem se acirrando desde que a americana obteve a preferência da compra, há cerca de um mês, ao a fazer a primeira proposta. Em seguida, as teles assumiram a dianteira na negociação e, com a proposta da última segunda-feira (8), foram levadas à categoria de "stalking horse" (cavalo perseguidor, em tradução livre), posto que detém a preferência da compra da Oi Móvel.

Assim, ao término de todos os lances, o consórcio pode optar por cobrir o último e maior, "desde que a nova oferta das proponentes seja no mínimo 1% superior ao montante equivalente à soma do valor proposto a ser pago em dinheiro e do valor presente líquido (VPL) dos contratos de longo prazo de prestação de serviços de capacidade".

Competitividade

"Nesse cenário, o mais interessante para o cliente da Oi é entrar uma nova concorrente que compre essa planta (estrutura de antenas e chips) e, a partir dela, refaça ou aumente a qualidade do serviço e dê continuidade", diz o professor Edson Almeida, do Departamento de Telemática do Instituto Federal do Ceará.

Ele aponta que o fatiamento entre as empresas que já estão no mercado de telecom não traz nenhum incentivo à competitividade e, já de agora, levanta incertezas ao usuário da Oi Móvel pela falta de definição do que será feito da conta dele no futuro.

Na conjuntura atual, mesmo que a Highline fosse a vencedora, o destino dos clientes da Oi Móvel seria a outras companhias. Isso porque a empresa americana tem foco na infraestrutura de telecom e não no serviço final. Assim, ela incorporaria antenas e redes, mas venderia os chips.

Mais interessados

Perguntado sobre a ausência de mais interessados no processo, o professor avaliou que uma é "uma questão de momento". "Porque uma carteira com 42 milhões de clientes é bem sustentável para qualquer empresa que vá entrar no mercado. Naturalmente, o que os chineses, principalmente, querem é pagar pouco e ganhar muito. Então, com certeza, eles não vão querer pagar o que a recuperação judicial da Oi está colocando no mercado", avalia.

Na audiência com credores realizada ontem, a Oi incluiu possibilidades de ajuste de endividamento para a aquisição da unidade de fibra ótica, além de da dívida extraconcursal de R$ 1,5 bilhão junto às recuperandas e "eventuais dívidas contraídas para financiamento das suas atividades operacionais".

Para Almeida, os grupos asiáticos seriam os mais competitivos na disputa pela Oi Móvel, mas também os americanos acirrariam o mercado de telecom brasileiro. Hoje, os grupos que dominam este setor no País são do México (a Claro é controlada pela mexicana America Móvil), Itália (Telecom Itália, controladora da Tim) e Espanha (a Telefónica, que controla a Vivo).

"O interessante era abrir para que outras empresas entrassem no mercado, ou chinesa, ou americanos, de forma que adquirisse plataforma, toda a infraestrutura já montada pela empresa Oi e trouxesse alguma quantidade ou qualidade a mais de serviço", defende.

Valorização

Desde a sinalização da companhia para a qual a Oi Móvel seria vendida, as ações da empresas dispararam na Bolsa. Ontem, as ações se destacaram, chegando a uma alta de mais de 7% durante o pregão, mas recuaram após os bancos Caixa Econômica, Itaú e Banco do Brasil pedirem a suspensão da Assembleia, fechando com alta de apenas 1,09%.

 

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