O que é a certificação do hidrogênio verde e por que ela vai gerar mais valor ao produto

Documento irá monitorar o processo de produção e atestar o quão renovável e limpo é o hidrogênio

Escrito por Redação ,
Legenda: Certificação deve fornecer informações como o percentual de energia renovável utilizada e o teor de carbono associado
Foto: Shutterstock

Os preparativos para o desenvolvimento da cadeia de hidrogênio verde no Brasil mobilizam os poderes públicos e órgãos regularizadores para construção da estrutura e regras necessárias ao deslanche do segmento.

Nesse sentido, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) começa a preparar uma certificação que irá garantir que o hidrogênio verde foi produzido com energias renováveis e o teor de carbono associado ao processo.

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O gerente de Análise e Informações ao Mercado da CCEE, Ricardo Gedra, ressalta que, tendo em vista que o objetivo do hidrogênio verde é a descarbonização de alguns processos, é necessário garantir que o combustível, de fato, tenha origem renovável e seja o mais limpo possível.

"Se o objetivo do hidrogênio é descarbonizar, trocar um combustível que emite gases do efeito estufa por outro que não emite, quem está fazendo a ação quer ter certeza que o hidrogênio foi produzido sem nenhuma pegada de carbono", destaca.

Ele aponta que a certificação deve gerar valor agregado às empresas que receberem o selo, a exemplo do selo do Procel nos eletrodomésticos.

Geralmente, as pessoas gostam de comprar o (produto de categoria) A, é possível que seja mais cara por ter mais tecnologia, ser mais eficiente. Então hoje, como consumidor, a gente já está acostumado a pagar um preço um pouquinho maior por um produto mais eficiente, com um atributo ambiental melhor. Nesse caso (hidrogênio) é a mesma coisa".
Rodrigo Gedra
Gerente de análise e informações ao mercado da CCEE

Possível metodologia

As regras e a formatação do selo ainda estão sendo desenvolvidos, mas Gedra revela que a ideia é que a certificação forneça informações como o percentual de energia renovável utilizada e o teor de carbono associado.

Mesmo sem padrões estabelecidos ainda, o gerente da CCEE garante que a certificação seguirá regras internacionais. Essa padronização é importante e necessária tendo em vista que o hidrogênio verde e seus derivados possam ser exportados.

"Aqui no Ceará a gente tem a siderúrgica que fabrica aço. A fábrica está aqui, mas o aço é exportado. É muito comum o cliente final exigir a certificação de toda a cadeia. E mesmo se não for exportado, outra coisa muito comum são empresas multinacionais, cuja matriz pode pedir que toda a rastreabilidade de certificação atenda os padrões da matriz", detalha.

Sobre limites para a emissão do certificado, o executivo explica que, de início, enquanto a cadeia ainda se estrutura, o mercado deve aceitar um hidrogênio verde que não seja totalmente renovável ainda.

"Todas as pessoas querem o hidrogênio renovável. Com a tecnologia atual ele é muito caro. O foco final é o 100% limpo, mas como ele é caro e como ainda não tem infraestrutura física construída, provavelmente haverá um período de transição", afirma.

Sendo o operador do mercado de energia elétrica no Brasil, a CCEE controla todas as usinas de eletricidade do País e os grandes consumidores. Ela já possui o cadastro dessas empresas, a medição da energia elétrica que essas usinas geram e o quanto esses grandes consumidores consomem, além dos contratos e outros dados.

Em posse dessas informações, a instituição irá fazer uma análise dos vínculos para atestar se os parâmetros exigidos foram seguidos.

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