Número de clínicas estéticas cresce até 91% fora da área nobre de Fortaleza

Vila Velha, Jangurussu e Prefeito José Walter registram as maiores variações percentuais de unidades ativas.

Escrito por
Maria Clarice Sousa* producaodiario@svm.com.br
Foto de uma profissional da área da saúde ou estética, vestindo jaleco branco e luvas descartáveis, realiza uma avaliação facial em uma mulher que está sentada, usando um roupão branco. A profissional sorri enquanto toca delicadamente a testa e o queixo da paciente, que também sorri de forma tranquila. O ambiente é claro, com aparência de consultório ou clínica estética.
Legenda: O crescimento de clínicas ativas foi superior a 87% em bairros como Vila Velha e Jangurussu entre 2019 e 2025.
Foto: Shutterstock/Bernardo Emanuelle

O mercado de estética cresceu exponencialmente nos últimos anos em Fortaleza, descentralizando-se das áreas consideradas nobres, onde estão as maiores concentrações de clínicas. O aumento no número de unidades varia de 51% a 85% entre os bairros com maior presença desses estabalecimentos, de acordo com dados da Junta Comercial do Ceará (Jucec) referentes ao primeiro semestre de 2019 e ao de 2025.

Embora bairros como Aldeota, Meireles e Centro continuem liderando em número absoluto de clínicas de estética, Vila Velha (92%), Jangurussu (87%) e José Walter (83%) registraram os maiores crescimentos e número de novas unidades.

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Bairros como Cidade dos Funcionários, Edson Queiroz, Passaré, Bom Jardim, Messejana e Conjunto Ceará tiveram também aumentos expressivos na quantidade de estabelecimentos.

Confira a lista completa de clínicas por bairros:

Dados da Jucec referentes aos primeiros semestres de 2019 e 2025
Posição no ranking Bairros Quantidade ativa em 2019 Quantidade ativa em 2025 Variação %
Aldeota 511 947 85.32%
Centro 284 507 78.52%
Meireles 258 397 53.88%
Mondubim 189 326 72.49%
Messejana 182 323 77.47%
Jangurussu 153 287 87.58%
Passaré 142 259 82.39%
Joaquim Távora 144 242 68.06%
José Walter 130 239 83.85%
10° Barra do Ceará 119 220 84.87%
11° Vila Velha 104 200 92.31%
12° Papicu 118 199 68.64%
13° Edson Queiroz 131 194 48.09%
14º Parangaba 118 192 62.71%
15° Fátima 122 185 51.64%
 

Em franca expansão, o segmento prevê faturar R$ 8,8 bilhões este ano, um crescimento de 10% em relação ao ano passado, quando registrou cerca de R$ 8 bilhões, conforme publicado pelo Diário do Nordeste

O que explica o crescimento em diferentes bairros?

Mesmo diante dessa expansão, o eixo tradicional da zona Leste mantém a liderança. Em 2019, esses bairros já dominavam o ranking, com 511, 284 e 258 clínicas, respectivamente. A diferença, agora, está no ritmo.

A Aldeota, o Centro e o Meireles continuam com os maiores volumes, mas já não são os bairros que mais crescem proporcionalmente. A expansão acelerada migrou para regiões até então fora do circuito premium.

De acordo com Lisk Lobo, professora e especialista em negócios, a Aldeota ainda mantém uma forte “marca territorial”, associada ao atendimento premium, tradição e credibilidade, o que continua atraindo clínicas de alto padrão e clientes de toda a cidade.

O Centro, por sua vez, segue impulsionado pelo intenso fluxo comercial e pela variedade de serviços. Já o Meireles acompanha esse movimento por ser área de alto poder aquisitivo e alta demanda. 

O cenário contrasta com a dinâmica dos bairros fora desse circuito, onde o crescimento é rápido, marcado pela popularização dos procedimentos de baixo e médio custo e pela atuação de microempreendedoras do segmento. 

Comportamento pós-pandemia impulsionou o setor

Segundo a professora, a pandemia funcionou como catalisadora de uma busca crescente por autocuidado e procedimentos acessíveis, o que redesenhou a geografia do setor. O aumento das videochamadas fez com que as pessoas passassem a observar mais a própria aparência. Segundo Lobo, o fenômeno gerou impactos distintos.

“Houve tanto o desejo de refinar mais o rosto quanto o lado negativo de não gostar do que vê no espelho. São duas faces da mesma moeda”, explica.

O período também marcou a popularização do skin care e o fortalecimento do e-commerce, que ampliou o acesso a produtos de beleza. 

Expansão e protagonismo das zonas periféricas

Segundo Lobo, o aumento de clínicas nos bairros reflete um mercado mais diversificado e distribuído geograficamente. Ela destaca que Fortaleza reúne públicos muito distintos, distribuídos entre bairros nobres, áreas de classe média e regiões periféricas, o que amplia oportunidades e modelos de negócio.

As periferias, embora com menor poder aquisitivo individual, representam grande potencial pelo volume populacional.
Lisk Lobo
Especialista na área de estética

Lisk afirma que o perfil do consumidor também está mais definido. Predominam mulheres de 26 a 40 anos, de classe C e com ensino superior, que veem o salão como um espaço essencial de autocuidado. O público masculino cresce rapidamente e já representa mais de 25% do mercado. 

Para a especialista, a profissionalização das empreendedoras também tem papel decisivo nesse cenário. Ela destaca que muitas profissionais dos bairros periféricos e intermediários têm buscado formação técnica, estratégias de posicionamento e melhorias na gestão financeira. Esse movimento contribui para a manutenção dos negócios a longo prazo e para o fortalecimento da economia local. 

*Estagiária sob supervisão da jornalista Bruna Damasceno.

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