Novo data center em Fortaleza será o maior do Nordeste; veja como vai funcionar

Empreendimento na Praia do Futuro terá conexão com seis países.

Escrito por
Mariana Lemos mariana.lemos@svm.com.br
Foto da fachada do data center Mega Lobster, inaugurado na Praia do Futuro, em Fortaleza.
Legenda: Data center Mega Lobster, da Tecto, tem a maior capacidade de processamento do Nordeste.
Foto: Divulgação/Tecto.

O maior data center do Nordeste, inaugurado nesta quinta-feira (23) em Fortaleza, tem potência instalada de 20 MW, com capacidade de processamento de dados de alto volume. 

Com investimento de R$ 550 milhões, o empreendimento foi construído em um ano. Já há operação em três dos 10 data halls (salas onde ficam os equipamentos) instalados.

O Big Lobster é o terceiro empreendimento da Tecto Data Centers na Capital e ocupa uma área de 13 mil m² na Praia do Futuro. O data center está ligado à estação de cabos submarinos de Fortaleza e a um ponto que concentra o segundo maior volume de tráfego de internet do país. 

Também há conexão com a rede terrestre e submarina da V.tal (detentora da maior rede neutra de fibra óptica) no Brasil e em mais seis países: Argentina, Estados Unidos, Bermudas, Chile, Colômbia e Venezuela. 

Como funcionará o maior data center do Nordeste

A operação, que é ininterrupta, será ampliada conforme a chegada de clientes. O data center foi inaugurado com 3 MW já contratados. 

Segundo a Tecto, a infraestrutura não utiliza água para as operações e o resfriamento do circuito. O método adotado é de resfriamento air cooling, por meio de uma central de água gelada.  

“Para abastecer o sistema de refrigeração foram aplicados 80 mil litros de água, que não é água de uso humano. Temos dois tanques que ficam equilibrando o ph da água, ela fica circulando dentro de tubulações metálicas, em um ciclo contínuo o tempo inteiro”, afirma Alexandre Demarchi, CTO da Tecto Data Centers.  

O Data Center tem ainda um tanque de 20 mil para captação da água das chuvas, que supre outras áreas da planta. A energia utilizada é renovável, oriunda do mercado livre de energia. 

Ocupação acelerada 

O Mega Lobster teve uma aderência no mercado maior do que o esperado, segundo CEO da empresa, José Miguel Vilela. A expectativa é que o empreendimento seja 'preenchido' com uma velocidade semelhante ao Big Lobster, primeiro data center de grande escala instalado pela empresa em Fortaleza.

“No Big Lobster, nós tínhamos a expectativa de 'encher' ele em sete anos. Ele foi completo em dois anos. Então acreditamos que vai ter mais ou menos o mesmo padrão. Com um certo prazo, a gente atende essa demanda que tem aqui. Só que é uma lógica que se retroalimenta”, aponta.

A expansão no Ceará faz parte de uma evolução natural, segundo o executivo, já que os clientes do data center anterior foram aumentando a demanda. 

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A Tecto começou sua operação em Fortaleza em 2001, com a implantação de um cabo submarino. Em 2018, instalou uma colocation - estrutura de menor porte para hospedar dados. O Big Lobster entrou em operação em 2023, com capacidade de 7 MW. 

A empresa tem quatro data centers em operação no Brasil (três em Fortaleza e um no Rio de Janeiro) e dois na Colômbia. Há um plano de expansão pelo Brasil para os próximos anos, com investimento de R$ 1 bilhão.

Os novos empreendimentos devem ser instalados em Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Santana de Paranaíba (SP). No município paulista, o data center será de hiper escala, com capacidade dez vezes maior do que o Big Lobster, inaugurado nesta quinta. 

NOVO PERFIL DE CLIENTES

Seguindo o modelo de negócio já estabelecido pela Tecto, o Mega Lobster deve atender principalmente operadoras e provedores de internet, além de transmissores de conteúdo OTT (over-the-top), como streamings.

A empresa também busca explorar um novo mercado: empresas governamentais e indústrias, que poderão hospedar seus ecossistemas no data center, aponta Tito Costa, Chief Revenue Officer - equivalente a diretor de receita - da Tecto. 

“Operadoras podem entrar no data center para levar esse tráfego para outras regiões do Brasil, como São Paulo. Se não quiser utilizar cabos submarinos para descer até São Paulo ou Rio de Janeiro, podem usar rotas terrestres de outras operadoras. Como somos um data center neutro, atraímos muitas operadoras”, comenta. 

Com o desenvolvimento da cadeia de data centers do Brasil, a Tecto espera atrair empresas nacionais que hospedam dados em outros países, segundo José Miguel Vilela. 

“Fortaleza está numa posição muito privilegiada geograficamente. Nós temos energia, estamos perto dos Estados Unidos, da Europa. A capacidade de atrair processamento dos EUA ou de outras regiões para cá é real”, afirma o CEO.

O executivo identifica que o País tem uma grande oportunidade de se qualificar e receber clientes mundiais, com possibilidades em todos os estados. 

Presente na inauguração, o ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, também destacou a importância do Brasil e do Ceará na infraestrutura digital. 

“É o Estado prioritário do governo do Brasil. Isso é parte do que vem sendo feito ao longo dos últimos anos, onde Ceará e Fortaleza se tornaram esse grande hub tecnológico, integrando redes de várias regiões do país”, disse. 

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