'Novo Crediário': forma de pagamento digital deve permitir compras parceladas em até 60 vezes
Implantação da nova modalidade é negociada com o Banco Central
Reconhecido principalmente no passado pela emissão de carnês, o crediário deve voltar a ganhar força entre as modalidades de pagamento e entrar de vez nos meios digitais. Chamado de "Novo Crediário", a ideia é que a forma de pagamento seja 100% digital e permita parcelamentos em até 60 parcelas com juros menores que os das compras parceladas no cartão de crédito.
O assunto foi destaque na coletiva do primeiro dia do 17º Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamento (CMEP), realizada nesta terça-feira (12) no Teatro Santander, em São Paulo.
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Segundo Giancarlo Greco, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), testes realizados em algumas cidades do Brasil no ano de 2021 mostraram que o Novo Crediário, "principalmente para alguns tíquetes mais altos, se mostra muito eficiente".
"O lojista pode parcelar com um número muito maior de parcelas, pode chegar até cinco anos. É um crediário não como o que se conhece. Tem um custo mais baixo e um prazo muito mais longo. É uma excelente opção para que não seja preciso recorrer ao limite dos juros rotativos", afirma.
Greco revelou que a Abecs negocia com o Banco Central (BC) a implantação da nova modalidade.
O crediário tradicional, embora tenha perdido força no mercado frente ao crescimento do cartão de crédito parcelado sem juros no início dos anos 2000, ainda é oferecido por diversas empresas que definem, por meio de regras próprias, como será efetuado o pagamento e qual o número de parcelas, pendente de aprovação de crédito.
Expansão padronizada
A tendência é que o surgimento do Novo Crediário padronize a modalidade de pagamento para todas as lojas que já aceitam atualmente o cartão de crédito e demais meios eletrônicos de pagamento, como o débito, pré-pago e Pix.
"É como uma NFC, vai encostar o cartão, sempre quase no mesmo lugar da máquina, a divulgação e a transação ficam iguais. Tem uma experiência idêntica, e mensagem e experiências tão fáceis como as que existem hoje. Um modelo simples que está sendo chamado de novo apenas internamente para qualificar que a gente aperfeiçoou. É um crediário que já existe, só que padrão para todo o mercado, com o apoio de todas as bandeiras", classifica Ricardo Vieira, vice-presidente executivo da Abecs.
Ainda de acordo com Ricardo Vieira, ficará a cargo dos bancos e instituições financeiras definir as taxas de juros, e pondera ainda que o novo crediário "é como se fosse uma espécie de crédito pessoal".
"Quem concede o crédito é o banco. Ele conhece totalmente o cliente que faz em 12 vezes, em 60, por exemplo, concede-se de acordo com o cliente, que só vai chegar na máquina (de cartão) e fazer em tantas parcelas. Se for possível, autoriza-se", explica.
O parcelamento do novo crediário é estimulado com juros e em prazos maiores, em detrimento das atuais regras de parcelas, prioritariamente feita sem juros.
O vice-presidente da Abecs ressalta que o lojista recebe integralmente "em três a quatro dias" do banco o valor consumido pelo cliente.
Para ele, o novo crediário democratiza um mercado hoje dominado por grandes empresas e abre espaço para fornecer dinheiro para investimentos de pequenos negócios.
"Os pequenos estabelecimentos têm dificuldade de capital de giro, principalmente para competir com os parcelados das grandes empresas. Quando você tem a excelente oportunidade de utilizar o capital de giro dos bancos, para se financiar, ele tem condições de competir com os parcelados de dignidade. É uma alternativa de ampliar o espaço para todos", arremata.
A expectativa é de que os novos anúncios aconteçam com novas regras, que estão sendo discutidas, sobre os juros rotativos do cartão de crédito.
*O repórter viajou a São Paulo a convite da Abecs.