Nova economia exige das empresas responsabilidade sustentável e social
Reunião do Lide desta quinta colocou em foco negócios de impacto, trazendo como as empresas cearenses podem se adaptar aos princípios ESG
A pandemia impôs muitas mudanças aos negócios e acelerou modificações na forma de trabalho e princípios das empresas. Nesse contexto de uma economia nova e dinâmica, se faz cada vez mais importante pensar negócios de impacto social e ambiental.
É sobre isso que tratou a reunião do Grupo de Líderes Empresariais do Ceará (Lide Ceará) nesta quinta-feira. A ocasião contou com palestras da CEO global da Yunus Social Business, Saskia Bruysten, e da presidente do Conselho de Administração Fundação Tide Setúbal, Neca Setúbal.
Veja também
A pauta foi “a mudança na percepção de valor na nova economia”. Nesse novo contexto, a adequação das empresas aos valores ESG (meio ambiente, social e governança) se torna uma exigência tanto por parte dos consumidores como dos investidores.
Um dos principais nomes de negócios de impacto no Ceará, a fundadora do Somos Um, Ticiana Rolim, destaca que a mudança para modelos de negócios sustentáveis é questão de sobrevivência para as empresas.
Vai ser o grande diferencial da nova economia e, quem não fizer com consciência, vai precisar fazer por sobrevivência, sobrevivência dos negócios e da espécie, na minha opinião. Minha sugestão é que você faça o quanto antes e saia na frente
Mudanças no mundo
Para a presidente do Lide Ceará, Emília Buarque, tratar do tema com as empresas cearenses é uma forma de acordar os empresários para a importância de dar o primeiro passo na mudança dos modelos de negócio.
“O mundo mudou. Nós estamos passando por diversas transformações e não cabe mais aos gestores empresariais somente ter essa visão de que há um novo capitalismo. Temos que entender essa mudança na percepção de valor dessa nova economia”, coloca.
Ticiana Rolim destaca que a pandemia escancarou desigualdades sociais e alertou para a necessidade de repensar a forma de empreender. Segundo ela, os próprios consumidores não querem mais consumir de empresas que não tenham preocupação social e ambiental.
“Porque o que as pessoas estão cada dia mais querendo comprar não é mais o que você faz, é como e por que você faz, os clientes estão exigindo isso dos negócios. Você não vai conseguir reter talentos, porque os talentos, os jovens talentos, só querem trabalhar por propósito, eles não vão trabalhar numa empresa que não está mudando o mundo e que não está gerando. No mundo, se você precisa de investidores externos, investidores também estão pedindo relatório de impacto”, exemplifica.
Três Zeros
Saskia Bruysten defende que as empresas devem buscar por um mundo com 3 zeros: 0 pobreza, 0 desemprego e zero emissões de carbono. Ela considera que o segundo setor tem um papel fundamental para conseguir resolver problemas sociais de forma contínua.
Ela explica que as empresas podem ajudar tanto de baixo para cima, financiando pequenos negócios, como de cima para baixo, utilizando ferramentas próprias para amenizar desigualdades, com criação de novos produtos e tecnologias.
Com um pouco de dinheiro e um pouco de esforço podemos fazer tanto por tantas vidas
Neca Setúbal aponta que o caminho para que mais empresas possam se tornar negócios de impacto é longo, mas que já está começando a ser percorrido. A adequação aos princípios ESG é algo mais fácil para empresas de grande porte, mas também deve ser um ideal a ser perseguido mesmo pelos negócios menores.
“O mundo de hoje não aceita mais que as empresas pensem só no lucro. Então, aí de novo, os fundos de investimentos pressionam, os consumidores pressionam, as políticas públicas pressionam. Então, as empresas no mundo hoje é o mundo onde o lucro não pode ser o único objetivo das empresas”, defende.