Mercado pet cresce até 40% durante a pandemia no Ceará

Aproximação de tutores e animais de estimação durante período de isolamento contribuiu para aumentar o consumo de produtos e serviços do segmento pet

Escrito por Cinthia Freitas ,
Legenda: Efeitos da pandemia geraram aumento no faturamento de pet shops no Ceará
Foto: Divulgação

Com o aumento da demanda por produtos para animais de estimação na pandemia, lojas do mercado pet tiveram alta de 12% a 40% do faturamento entre março de 2020 e de 2021, segundo apontam grandes varejistas do segmento em Fortaleza.

Os empresários destacam que o isolamento social aproximou mais tutores e pets, o que contribuiu para aumentar o consumo de artigos desse segmento, que é considerado atividade essencial e permanece aberto mesmo em meio ao isolamento rígido.

Na avaliação do setor, o maior tempo de interação entre milhares de pessoas que passaram mais tempo em casa e os pets levou tutores a observar melhor as necessidades dos animais, refletindo em compra de brinquedos e acessórios novos, por exemplo.

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Importância dos pets no cotidiano

“Essa proximidade com certeza tem feito do pet ainda mais importante. Acelerou o que já vinha ocorrendo, que é a saída do quintal. O pet saiu do quintal e foi para dentro de casa e, de lá, foi para a cama. Cada vez mais ele ocupou um espaço mais relevante na vida dos tutores. Quanto maior a importância de algo para alguém, mais esse alguém se dispõe a oferecer o melhor”, observa Luís André Bastos, CEO da Mundo Pet.

A empresa teve um crescimento em torno de 12% no faturamento na Capital no período, um dos maiores entre as lojas da rede no País, segundo Bastos. A marca atua há quatro anos no Nordeste, com duas lojas em Fortaleza.  

Nos primeiros meses da pandemia, em 2020, o consumo foi mais acentuado pela inexperiência das pessoas diante do cenário e o medo de que as lojas não pudessem funcionar, segundo o CEO. 

Foto: Mundo Pet/ Divulgação

“As lojas de shopping sofrem um pouco mais, mas para quem está em lojas de rua, tem gerado algum crescimento. No segundo (lockdown), apesar de ser um momento ainda mais duro, acredito que as pessoas já têm essa segurança de que as lojas não vão fechar, porque somos essenciais. Então não afetou muito o nosso faturamento. Mudança clara que houve é que hoje você tem um número maior de clientes comprando em ambiente digital”, conta. 

Vendas pela internet 

Já a Cobasi, que atua nos ramos pet e jardim, percebeu um aumento de 40% do faturamento na passagem de março de 2020 para igual mês de 2021 no Estado. "O crescimento também é devido à loja ser nova em 2019 e ter amadurecido em 2020, fazendo com que a marca vá conquistando espaço na cidade", justifica a empresa.

O avanço reflete ainda a expansão dos meios digitais como plataforma para vendas em época de distanciamento social, estratégia que foi também a principal saída para subsistência dos negócios do comércio em geral. A empresa investiu nas vendas online como parte de um planejamento que já vinha sendo feito desde 2018, afirma a gerente de marketing Daniela Bochi. 

Foto: Divulgação/ Cobasi

“Se a Cobasi não tivesse entrado nesse processo de digitalização de 2018, acho que a pandemia seria um pouco mais complicada. A gente teve um impulso muito grande nos serviços de delivery, até por WhatsApp, que foi um serviço que a gente colocou na pandemia. Mas o serviço de retirar em loja e até o retirar no seu carro, a gente aprimorou. Isso tem nos ajudado a passar muito bem pela pandemia”, reitera. 

Do ano passado para cá, toda a rede Cobasi cresceu 25%, segundo Bochi. 

Consumo impulsivo 

Foto: Cobasi/ Divulgação

Por outro lado, na pandemia também foi notada redução no ticket médio de compras em lojas do setor, segundo a gerente de Marketing Daniela Bochi. Ela explica que a presença do consumidor nas lojas acaba gerando compras por impulso, o que foi diretamente afetado com o lockdown. 

“A Cobasi não é só um local de consumo, é também como o Iguatemi (onde uma das lojas está localizada) se posiciona, como local de lazer e entretenimento. Quando você vai lá passear com seu animal de estimação para comprar o básico para ele, que é, principalmente, alimento e itens de higiene e farmácia, no impulso, você acaba comprando um brinquedo novo, uma caminha nova, um ossinho, um snack diferente. A gente acabou passando nesse início de pandemia mais pela cesta básica do animal de estimação, sem ter a venda por impulso”, detalha. 

Mas o bom desempenho do setor ainda resultou na inauguração, há duas semanas, de uma segunda loja da marca em Fortaleza, no bairro Aldeota. 

Impactos psicológicos 

O impacto da pandemia e do isolamento social sobre a saúde mental das pessoas também contribuiu para o avanço do consumo desse setor, já que a interação com animais e com natureza é, comprovadamente, benéfica à saúde, destaca o médico Mauro Sampaio, sócio diretor da Animale Petshop, cujo faturamento cresceu 30% no período. 

“Um dos principais impactos (da pandemia) nas vidas humanas foi a parte psicológica. Os estudos das mais diversas universidades mostram, a literatura sobre isso é muito vasta, que a interação com os animais combate muitas doenças psiquiátricas, como ansiedade, depressão”, explica. 

“A gente tem o exemplo dos idosos, que ficaram em casa sem poder receber visita nem dos filhos, porque os filhos algumas vezes com a vida ativa ficavam com medo de levar a doença para os pais. Então muitas pessoas foram adquirir (pets), independentemente do poder econômico, porque pode fazer uma adoção”, complementa. 

Legenda: Filhote de Yorkshire
Foto: Animale Pet Shop/ Divulgação

Mauro Sampaio ressalta que o pilar do mercado pet é o público infantil e lembra que, com o fechamento das escolas, as crianças passaram a ficar integralmente dentro de casa e, portanto, alguns pais optaram por ter animais de estimação para distrair os filhos. 

“Na ausência das escolas, muitos pais recorreram a adquirir um animal para poder tentar dar uma responsabilização para criança, ser um aprendizado, de cuidado com o animal, ter uma interação”, comenta. 

 

 

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