Indústrias viverão 'angústias' no período de transição da Reforma Tributária, diz presidente do CNI

Ricardo Alban está em Fortaleza para participar de reunião da Confederação Nacional da Indústria

Escrito por Luciano Rodrigues , luciano.rodrigues@svm.com.br
Ricardo Alban presidente CNI
Legenda: Ricardo Alban, presidente do CNI
Foto: Gilberto Sousa/CNI

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, classifica que o período de transição da Reforma Tributária, aprovada no primeiro semestre no Congresso Nacional e ainda pendente de leis de regulamentação, deve causar "angústia" no cenário brasileiro.

Segundo o dirigente, a transição entre o regime atual, com cobranças de pelo menos cinco impostos sobre consumo (IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS), para a nova realidade, com a vigência do chamado Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual, com somente duas alíquotas, pode causar confusões no dia a dia tributário, mas aponta para um horizonte mais simplificado após 2033 - quando a nova taxa passa a ser a principal do País.

Vamos conviver com dois regimes que certamente vão gerar muitas angústias e precisamos administrar, é por isso que a indústria tem que estar muito atenta. Representamos 34% da arrecadação tributária do País. É uma responsabilidade grande e um ônus enorme. Isso vai gerar em um primeiro momento uma demanda adicional porque são dois regimes, mas é uma vitória porque é uma parafernalha a legislação tributária desse País, vai continuar sendo na transição, mas depois temos um norte.
Ricardo Alban
Presidente do CNI

O presidente do CNI ainda defende que a preocupação em torno da alíquota do IVA dual do Brasil, que se aproxima dos 28%, é bastante artificial. Ricardo Alban expõe que ainda faltam maiores regulamentações junto ao Congresso Nacional, e como as mudanças tributárias ainda não estão em prática, traz maior incerteza sobre quanto de fato será a alíquota.

"Estamos vendo alguns declarações de o IVA chegar a 27,97%. Acho que é preciosismo demais porque são métricas que estão sendo feitas que na prática ainda não puderam ser testadas, tanto é que tem uma máxima de que não pode ser ultrapassada a carga tributária de hoje. Mas de fato o Senado deverá estar revisitando algumas coisas, não sei se o suficiente para reduzir essa expectativa de IVA", argumenta.

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Na análise dele, as discussões sobre a Reforma Tributária no Senado Federal ainda devem ser feitas em 2024, mas somente após as eleições municipais de outubro. O presidente da CNI reforça que, desde o início, a preocupação da confederação "era preservar o menor IVA possível". 

Outro ponto observado por Ricardo Alban é de que "não dá mais para ajustar as contas públicas pela arrecadação", e de que a lógica tributária do Governo Federal tem de seguir certa consonância com o que já é praticado pelo setor produtivo, de racionalização de gastos e investimentos.

"Se essa arrecadação tem que ser mais ou menos socializada, isso é uma outra discussão, mas efetivamente não pode ser mais aumentada. O Brasil tem condições de racionalizar seu nível de despesas. Nós do setor produtivo temos que racionalizar e somos cobrados por despesas. Temos alguns órgãos que são fundamentais para melhorar a nossa taxa de investimento, onde temos disponibilizado contribuições para a maior geração de empregos e de mais arrecadação", diz.

Reunião da CNI em Fortaleza

As declarações do dirigente foram dadas na noite desta segunda-feira (26) durante coletiva de imprensa na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). Alban está em Fortaleza para a 7ª reunião de diretoria do CNI, que será realizada na capital cearense com a presença dos demais presidentes de federações estaduais.

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Legenda: Casa da Indústria, em Fortaleza
Foto: José Sobrinho/Divulgação

O encontro ocorre a portas fechadas nesta terça-feira (27) na Casa da Indústria em reunião ordinária interna da confederação. Presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante celebra a vinda da comitiva da CNI no Ceará, e comenta o que será discutido.

"Agradeço por ter escolhido o Ceará para começar pelo Nordeste. É uma honra a gente estar aqui para fazer uma reunião da CNI, que está vindo para cá única e exclusivamente para montar essa reunião para se discutir todos os assuntos que são as pautas normais, como também algumas pautas nossas. A gente está recebendo os 27 presidentes de federações. A indústria é quem tem o maior trabalho na área de inovação e tecnologia. Mais de 80% do que é investido no País, a indústria é quem investe, temos os melhores salários. Receber a CNI é uma honra", avalia Cavalcante.

Na reunião desta terça-feira, é esperado que o CNI discuta temas como a transição energética, cuja Política Nacional (PNTE) foi aprovada nesta segunda-feira, além de temas relativos à política industrial, reforma tributária e infraestrutura nacional.

 

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