Fusão Arezzo e Soma: marcas passam a deter 29 lojas no Ceará e novas indústrias no interior

Essa é a maior fusão do varejo desde 2011, segundo ranking da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC)

Escrito por Bruna Damasceno , bruna.damasceno@svm.com.br
Arezzo
Legenda: Com a fusão, novo negócio passará a responder por 22 marcas
Foto: Divulgação

O Ceará pode ser beneficiado com a fusão da Arezzo&Co e do Grupo Soma, conforme avaliação de fontes especializadas em varejo e mercado. No Estado, há pelo menos 29 lojas das marcas de ambas as companhias (ver quadro), além da chegada de novas fábricas de calçados da Arezzo para assumir as operações da Paquetá. 

Nesse contexto, a relação das empresas com a região facilitaria um processo de expansão no mercado cearense. A junção das companhias criará uma gigante da moda no Brasil, setor o qual o Ceará já tem vocação, apesar das recentes quedas da indústria de confecção no Produto Interno Bruto estadual (PIB)

Não há, contudo, impacto local direto da formação do conglomerado, segundo as divulgações oficiais do processo, até o momento.

Qual o impacto da fusão no Ceará?

O professor de Trade Marketing Omnichannel da Universidade de Fortaleza (Unifor), Antonio Gomes Vidal, pondera, no entanto, ainda haver poucas repercussões no Estado.

“Considero positivo para o varejo porque não há possibilidade de perda de postos ou sobreposição de empregos e marcas, pois são marcas muito bem definidas com seus públicos, verdadeiros símbolos para os consumidores-alvo”, analisa. 

“Devem otimizar mais a cadeia de suprimento, mas isso afetará muito pouco o Ceará. Inclusive, temos a ganhar com a Arezzo assumindo as fábricas da Paquetá, é um bom momento para isso”, completa. 

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O professor de MBAs e de varejo da Strong Business School (SBS), conveniada à Fundação Getulio Vargas (FGV), Ulysses Reis, acrescenta que as mudanças após a fusão levam um tempo para serem implementadas. 

“O processo formal busca uma otimização em todas as áreas: distribuição, produção, marketing e merchandising. Isso porque as empresas começam a se adequar para aproveitar melhor o que já possuem”, enumera. Para ele, no caso do Estado, esse processo pode ser um fator positivo por haver uma ambiência para começar a produzir no Estado. 

O Ceará tem um parque industrial formado e não deve se preocupar com essa fusão, pelo contrário, está em uma posição estratégica para alcançar o Norte e Nordeste do País, enquanto as outras regiões vão trabalhar melhor o Sul, Sudeste e Centro-Oeste”, destaca. 
Ulysses Reis
Professor de MBAs e de varejo da Strong Business School (SBS)

O presidente do Conselho de Economia, Finanças e Tributação da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Emilio Moraes, também considera a formação do conglomerado positiva para a economia local, sobretudo pela continuação das atividades nas fábricas da Paquetá, mantendo “empregos, renda, geração de impostos, mas também o Estado como o segundo maior produtor de calçados do País”. 

“A continuidade na produção tem impacto direto na fabricação de calçados, mas também pelo efeito multiplicador na cadeia produtiva estadual que fornece insumos para estes estabelecimentos, no Ceará”, aponta. 

Questionadas sobre os planos para o Ceará, as empresas não se pronunciaram sobre o assunto. 

Como será a fusão 

A Arezzo ficará com 54% da nova empresa, enquanto o grupo Soma terá 46% da nova companhia. O faturamento combinado da gigante da moda brasileira será de R$ 12 bilhões, totalizando 22 mil funcionários, cerca de 2 mil lojas, entre próprias e franqueadas, e 34 marcas.

Arezzo&Co é dono da marca de calçados de luxo homônima da Reserva e outras marcas, enquanto o grupo Soma detém a Animale, Farm e Hering, entre outras. Essa é a maior fusão do varejo desde a união de Raia e Drogasil, em 2011, segundo ranking da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), entidade do segmento.

Com o acordo, Alexandre Birman, da Arezzo&Co, assumirá a cadeira de CEO do conglomerado, enquanto Roberto Jatahy, do Grupo Soma, será CEO da business unit de vestuário feminino, e Rony Meisler, CEO da unidade AR&Co, lidera a business unit de vestuário masculino.

O modelo da associação acordada prevê a junção de suas operações e bases acionárias, envolvendo as ações das respectivas companhias, e a governança compartilhada do negócio combinado.

"Este é um movimento histórico e um dos maiores da década, que ampliará as nossas plataformas de marcas, nos levando a um patamar de oportunidades mundiais. Este novo capítulo nos trará uma chance única de integração de negócios e portfólios de marcas complementares, potencializando o cross-selling (venda cruzada) e garantindo um aumento na eficiência da operação", afirma Alexandre Birman, atual CEO e CCO da Arezzo&Co.

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