Fortescue avalia investir no setor de minérios no Brasil, mas sem combustíveis fósseis

Presidente da empresa australiana olha para o setor além da produção do hidrogênio verde

Escrito por Luciano Rodrigues , luciano.rodrigues@svm.com.br
Foto que contém minério de ferro
Legenda: Extração de minério de ferro no Brasil é avaliada pela Fortescue
Foto: José Cruz/Agência Brasil

A australiana Fortescue deve aumentar o portfólio de atuação no Brasil para além do hidrogênio verde (H₂V) e pode investir no minério de ferro. Foi o que afirmou Andrew Forrest AO, fundador e presidente da empresa, após a apresentação dos projetos da companhia para empresários cearenses na tarde desta sexta-feira (10) na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).

“O Brasil é um país bastante interessante, estamos trabalhando agora na perspectiva de fertilizantes também, mas outros minerais também, como o ferro também, deve ser uma das possibilidades, mas todo o tipo que operação que viermos fazer aqui no Brasil será sem combustíveis fósseis”, frisou.

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A empresa tem projetos de extração de minério de ferro, aço, ouro, cobre e lítio na Austrália, mas vem se comprometendo na descarbonização das técnicas utilizadas e focando em matrizes limpas, como o H₂V e a amônia verde, obtida através desse tipo de hidrogênio. Andrew também garantiu que a análise de investimentos inclui o Brasil “como um todo, mas primeiro o Ceará”.

O presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, ressaltou a importância da presença do empresário australiano no Ceará e voltou a reforçar a urgência da regulamentação do H₂V, cuja produção depende de regulamentação no Congresso Nacional.

“Está faltando uma regulamentação, como em qualquer lugar do planeta, ela é necessária para o empresário chegar. Fora isso, passando a regulamentação, são os processos de receber a licença de operação e a gente começar a trabalhar. A presença do Andrew aqui vai fazer com o que nós, cearenses, acreditemos no trabalho que essas empresas estão fazendo pelo mundo na descarbonização do planeta”, apontou.

Das empresas que assinaram acordos com o Governo do Ceará para a produção de hidrogênio verde no Porto do Pecém, a Fortescue é a que está com trâmites legais mais adiantados. A companhia foi a primeira — e até agora a única — a receber a licença prévia da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), a partir da aprovação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA/Rima) pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema).

A secretária de Relações Internacionais do Ceará, Roseane Medeiros, evidenciou a australiana como a empresa que “está entre os projetos mais avançados, e a nossa expectativa é de que seja anunciado até o final do ano ou no início do ano que vem a regulamentação”.

Acredito que não só a Fortescue está bastante avançada, mas temos também o projeto da Qair, AES, Casa dos Ventos associada com a empresa holandesa Transhydrogen. Todas essas estão bastante avançadas, aguardando exatamente tanto a regulamentação pelo nosso lado como também a confirmação da compra pela Europa.
Roseane Medeiros
Secretária de Relações Internacionais do Ceará

Ao contrário da Fortescue, as outras três empresas citadas por Roseane Medeiros atualmente contam somente com os pré-contratos assinados, em fases anteriores à licença ambiental.

Foto que contém reunião na Fiec
Legenda: Andrew Forrest participou de palestra na tarde desta sexta-feira na Fiec
Foto: Luciano Rodrigues/SVM

VISITA AO BRASIL

Andrew Forrest está no País desde a quinta-feira (9), quando esteve em Brasília com o presidente Lula e com o governador do Estado, Elmano de Freitas. Com o chefe do Executivo nacional, o empresário australiano revelou as cifras dos investimentos na planta de H₂V no Porto do Pecém.

O investimento total do projeto da Fortescue é US$ 5 bilhões (aproximadamente R$ 25 bilhões na cotação atual). O projeto tem potencial para produzir 837 toneladas de H₂V por dia, com o uso de 2.100 MW de energia renovável. Segundo informações do Governo Federal, a iniciativa tem estimativa de gerar cerca de cinco mil empregos na fase de construção.

Já na manhã desta sexta, o presidente da empresa esteve reunido no Palácio da Abolição com uma comitiva do Governo do Estado liderado por Elmano de Freitas, e sinalizou que a Fortescue apenas aguarda a regulamentação para iniciar as obras no Pecém.

A expectativa é de que a planta de hidrogênio verde seja construída já a partir do início de 2024, com o início da produção do composto dois anos depois: “Quero ter o meu trabalho aqui no Brasil, com amônia e fertilizantes, já funcionando bem antes do final de 2026”, declarou Andrew Forrest pela manhã.

O governador ponderou ainda que é necessário que a regulamentação tramite de forma mais rápida. Atualmente, o processo envolvendo o hidrogênio verde está tramitando no Congresso Nacional. No Senado, quem preside a Comissão Especial para Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde (CEHV) é o cearense Cid Gomes.

Além dos compromissos no Palácio da Abolição e na Fiec, Andrew Forrest participou ainda de palestra na Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC) com o tema “Umidade Letal: o maior desafio climático da humanidade”. O australiano também compareceu ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) para visita.

Com informações da Agência Brasil.

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