Estudo aponta que economia do CE poderá crescer até 6,1% em 2021

De acordo com documento do Núcleo de Pesquisas Econômicas (Nupe) da Unifor, equilíbrio fiscal do Estado e setores de serviços e comércio devem puxar alta. Para este ano, cenário mais pessimista é de queda de 7,3% no PIB

Escrito por Redação ,
Legenda: Os shoppings também poderão receber mais pessoas - até então restritos a 30%, os empreendimentos poderão funcionar a partir de amanhã com até 50% da capacidade

A economia cearense deve crescer entre 2,4% (cenário mais pessimista) e 6,1% (cenário mais otimista) em 2021. A conclusão é de um estudo do Núcleo de Pesquisas Econômicas (Nupe) da Universidade de Fortaleza (unifor.Br/nupe). De acordo com os pesquisadores, o equilíbrio fiscal do Estado e a tendência de recuperação do comércio e dos serviços devem ser responsáveis pelos resultados positivos.

Para Allisson Martins, economista e coordenador do curso de Economia da Unifor, a construção dos cenários levou em conta as possibilidades estatísticas de controle da pandemia do novo coronavírus, a capacidade de resposta da economia e a efetividade das estratégias dos governos federal e estaduais. "Sem dúvida, a variável chave é o controle robusto da pandemia, em que implicará no aumento do nível de confiança das empresas e consumidores, fazendo com que a dinâmica econômica seja acelerada".

Segundo ele, para o próximo ano, há uma previsão de retomada do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará. "Comportamento explicado, em parte, pelo equilíbrio fiscal das contas públicas do Estado, no qual irá permitir o aumento dos investimentos públicos estruturantes. Adicionalmente, para o próximo ano, acredito que as atividades de comércio e serviços, que representam o maior peso no PIB, e que apresentam tendência de recuperação mais rápida, devem ser os catalisadores da recuperação econômica", avalia.

Para Ricardo Eleutério, economista e conselheiro regional do Corecon, a tendência é que a economia cearense, assim como a brasileira, cresça em V. Isso significa forte retração neste ano seguido por crescimento em 2021. "Nós teremos para o ano que vem um crescimento da economia cearense acima da economia brasileira. Temos algumas previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de organismos internos de que a recuperação será em V. Então a economia mundial desacelera rapidamente neste ano e cresce mais aceleradamente ano que vem. A economia nacional do mesmo jeito, e a economia cearense também".

Setores

Além dos cenários pessimistas e otimistas, o Nupe também propôs um cenário provável para a economia, cujo crescimento em 2021 no Ceará seria da ordem de 4,2%. Conforme o professor Francisco Alberto Oliveira, coordenador do Nupe, a agropecuária, embora seja o setor menos afetado pela pandemia, tem menos participação no PIB do Estado, logo o impacto no resultado é menos relevante que outros setores como indústria e serviços.

Portanto, a agropecuária é "incapaz de evitar a queda prevista para 2020, que é influenciada fortemente pelo setor serviços, que tem uma participação em torno de 78% no PIB do Estado, e sofreu bastante com a queda de consumo provocada pela Covid-19".

"Como os setores serviços e indústria terão retração forte em 2020, o que explica a previsão de queda provável de 4,9% no PIB do Estado, seriam justamente a indústria e os serviços que liderariam a retomada do crescimento da economia cearense a partir de 2021, justamente pela expansão do consumo, que ficou reprimido durante o período da pandemia", completa Oliveira.

Eleutério também diz que o setor de serviços terá um destaque especial na recuperação da economia cearense, tendo o subsetor comércio forte importância. "Comércio, educação, turismo, eventos, desde que se encontre a vacina para a Covid-19, esses setores podem gerar uma dinâmica positiva para a economia do Ceará. Também se deposita uma expectativa positiva na construção civil, que faz parte da indústria. A construção é um setor gerador de emprego, que via de regra cresce a uma taxa superior a do PIB nacional e estadual. Foi bastante impactado nas recessões, mas há uma sinalização que esse setor deve se recuperar e então pode produzir uma boa dinâmica no ano que vem".

Já Martins afirma que, caso a vacina seja anunciada em breve, turismo e entretenimento podem ganhar destaque. "Os setores de turismo e entretenimento devem ainda sentir dificuldades nos próximos meses, sobretudo pelo receio das famílias em viajar, além, da queda de renda muito abrupta, principalmente das pessoas que atuam no setor informal e dos desempregados. Mas a possibilidade de uma vacina pode reverter totalmente esta situação, fazendo inclusive com que estes segmentos possam ser a mola-mestra do crescimento econômico do Ceará".

Desaceleração

Para este ano, o estudo do Nupe aponta que a economia cearense deve registrar quedas que variam de 7,3% (cenário mais pessimista) a 2,5% (cenário mais otimista). Segundo Martins, não há setor que possa salvar o PIB do Estado em 2020. "Infelizmente, neste ano não há setor que 'salve' a economia cearense, pois o impacto da pandemia no sistema econômico foi de grande magnitude. Contudo, o que se estima, a partir de dados de mercado, é que algumas atividades de comércio varejista, como supermercados e hipermercados, não encerrarão o ano de 2020 no terreno negativo, de maneira que pode somente amenizar a queda no PIB do Estado", avalia.

Eleutério aponta ainda que a economia cearense deve terminar 2020 com muitas dificuldades, apesar da retomada gradual. "Devemos ter uma queda da renda considerável, uma taxa de desemprego elevada, empresas fragilizadas. Devemos fechar o ano com indicadores de endividamento para pessoas físicas e jurídicas mais elevados. Todavia, esse cenário de algumas vacinas pode fazer essa recessão ser em V".

Mercado de trabalho

O professor Oliveira destaca que, mesmo antes da pandemia, a taxa de desemprego já era elevada no Estado, que avançou em 2020 devido à doença. "As expectativas para 2020 são que ela se eleve mais um pouco, atingindo um percentual em torno de 13% e comece a declinar já a partir do último trimestre desse ano.

A recuperação do mercado de trabalho é mais lenta. Primeiro porque as empresas precisam recuperar a estabilidade financeira; e os novos investimentos dependem, além da estabilidade política, das reformas administrativa, tributária, dentre outras".

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