Enel descarta revisão do reajuste na conta de energia, mas diz que decisão está nas mãos da Aneel
Audiência pública ocorre na manhã de hoje
O diretor institucional da Enel Ceará, Osvaldo Ferrer, informou não haver possibilidade de reconsiderar os percentuais do reajuste tarifário por parte da distribuidora, mas ponderou que essa medida depende de decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
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Ela participa de audiência pública, nesta sexta-feira (29), na sede Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-Ce), em Fortaleza.
Questionado sobre a revisão do reajuste ou parcelamento, Osvaldo disse que “não há essa possibilidade”.
Nós estamos sempre abertos a negociação, para conversarmos, debatermos, ver o que podemos melhorar. Mas com relação a esse item do nível do percentual, nesse momento, a gente não tem como fazer nenhuma alteração", afirma.
Segundo Férrer, a Enel está apenas cumprindo o que foi estabelecido pela Aneel. "Nós não temos como alterar o que está lá na resolução e na determinação da agência", declara.
O Diário do Nordeste perguntou à autarquia se uma revisão é analisada e aguarda retorno.
Busca por uma negociação
A audiência pública foi convocada pela Associação Cearense de Defesa do Consumidor (Acedecon) como uma forma de encontrar meios para minimizar o impacto do reajuste, que começou a vigorar no último dia 22 de abril, nas contas dos consumidores.
O advogado e presidente da Associação Cearense de Defesa do Consumidor (Acedecon-CE), Thiago Fujita, destaca que é necessário buscar saídas para o aumento, que impacta todos os produtos e serviços.
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"Algo tem que mudar. Só temos uma via, estamos buscando ouvir a enel para ver se há uma diminuição nesse percentual. Se não for possível, há possibilidade de ações judiciais e medidas legislativas em todas as esferas, federais, estaduais e municipais", ressalta.
Impacto nos setores produtivos
Também participam do encontro as federações da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) e das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), além da Fecomércio. As organizações apontaram os impactos da correção da conta de energia, que tem o maior percentual do Brasil.
"Para nós, é mais ou menos no primeiro mês um impacto de 2%, porque a indústria vai majorar e nós que compramos e revendemos a maioria dos produtos industrializados teremos o aumento dos custos da indústria e o nosso próprio custo, principalmente o setor de supermercado que trabalha com muita câmara frigorífica", avalia o vice-presidente da Fecomércio, Cid Alves.
Para o presidente da Faec, Amilcar Silveira, o impacto será ainda maior no setor rural, já que o reajuste será de 32,7%.
"Nós estamos em uma tendência de diminuir os nossos preços porque nós vamos ter água. E era toda uma expectativa nossa de diminuir o preço para aumentar a produção, e esse é o problema, aumentar a produção no estado do ceará. Com essa crise energética, vai encarecer o produto na mesa do consumidor, isso é questão de custos, não tem segredo. É tudo o que nós não estamos precisando nesse momento", lamenta.