O que explica os bons resultados da produção industrial do Ceará no acumulado do ano?
Setor acumula salto de 8,7%, segundo maior do Brasil
A indústria do Ceará registrou o segundo maior crescimento no acumulado de 2024, considerando os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal. Segundo especialistas, o resultado é fruto do desempenho de setores tradicionais.
O setor acumula salto de 8,7% de janeiro a setembro, segundo a Pesquisa Industrial Mensal, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No acumulado dos últimos doze meses, o crescimento registrado foi de 7,3%. O resultado cearense é mais que o dobro do nacional. A indústria brasileira cresceu 3,1% de janeiro a setembro e 2,6% no acumulado dos últimos doze meses.
Nos dois rankings, o Ceará é superado apenas pelo Rio Grande do Norte, que teve crescimento de 9,3% no acumulado do ano e acumulado de 7,7% nos últimos doze meses.
SETORES TRADICIONAIS SE DESTACAM
O setor de couro e calçados foi o maior contribuidor para o aumento da produção industrial cearense. Outras áreas industriais que se destacaram foram a de vestuário, têxtil e produtos de metal.
Por outro lado, os setores de produtos químicos e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos tiveram queda na produção.
David Coelho, pesquisador e economista do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), destaca o comportamento positivo dos setores mais tradicionais da indústria da transformação cearense.
Esse comportamento está correlacionado ao especial aquecimento do mercado de trabalho, com resposta na capacidade de consumo da população e relativo controle do endividamento dos consumidores e das empresas mediante uma baixa da taxa de juros real"
O economista aposta que os setores clássicos também se destacaram no crescimento do PIB do Estado. O PIB da indústria cearense fechou em 9,92% no segundo trimestre do ano.
COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA CEARENSE
O resultado da indústria do Ceará mostra o avanço do setor em processos produtivos e estratégias de inserção em novos mercados, aponta o economista Alex Araújo.
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Ele comenta que o Estado reforçou a competitividade e mostrou a capacidade de liderar um crescimento industrial.
“Entre os principais fatores, está a retomada da manufatura cearense em segmentos historicamente fortes, como têxteis, confecções, couro e fabricação de produtos de metais”, reitera.
David Coelho pondera que a continuidade desse ritmo de crescimento esbarra numa conjuntura econômica desafiadora. O aumento da taxa de juros pode diminuir novamente o consumo das famílias, uma das variáveis-chave para o crescimento observado.
O economista lembra que o atual crescimento da produção cearense é motivado por uma baixa base de comparação em 2023 - considerando a queda de 6,28% do PIB do setor.