Afinal, 2025 será um ano de boas chuvas ou de baixa pluviometria? A pergunta será respondida hoje, sábado, 23, por três dos mais conhecidos e respeitados especialistas brasileiros no estudo do clima – são eles: Luiz Carlos Molion, meteorologista, pesquisador e professor aposentado da Universidade Federal de Alagoas; Ronaldo Coutinho, meteorologista, fundador da empresa de previsão meteorológica Climaterra e do Canal do Tempo; e Antoniane Arantes, engenheiro agrícola e especialista em análise de dados climáticos, responsável pelo boletim de hidrometeorologia do Estado de São Paulo (CATI-SAA/SP).
Esse trio falará na cidade de Tauá, onde o sol costuma passar as férias de verão, como agora, e o cenário para essa exposição técnico-científica será o FestBerro, feira da ovinocaprinocultura sempre citada como a maior e mais importante do Ceará.
Tauá é, digamos assim, a capital da região dos Inhamuns, onde, conforme as estatísticas, registram-se alguns dos piores índices de chuvas deste Ceará, cuja geografia ocupa 90% ou um pouco mais do semiárido, com solo cristalino, mas com algumas manchas agricultáveis já sabiamente aproveitadas por agropecuaristas modernos, como os da fruticultura, da carcinicultura, da apicultura, da pecuária leiteira e de corte, da bubalinocultura, da floricultura, da horticultura e da ovinocaprinocultura.
Aconteceu o seguinte no agro do Ceará: havia 30 anos, o que parecia impossível, o que parecia não ter saída é hoje um milagre, graças a um pequeno grupo de empresários – entre eles dois paulistas, Carlos Prado e Luiz Roberto Barcelos – que corajosa e visionariamente decidiram aqui investir... e onde? Na agricultura cearense (Prado começou pela indústria, fabricando implementos agrícolas; depois, fundou a Itaueira; Barcelos criopu a Agrícola Famosa, que é hoje a maior produtora e exportador mundial de melão)..
Se, naquela época, alguém jogasse no computador todas as informações objetivas a respeito da capacidade de resposta da agricultura e da pecuária do Ceará, teria como resposta um “inviável” ou um “impossível”.
Juntando-se àqueles dois, outro visionário, Luiz Girão, um apaixonado por bois e vacas, foi além com a ideia de transformar este estado num importante polo produtor de leite bovino. Foi Girão quem fundou a Betânia, gigante da indústria de lácteos do Nordeste, que há três anos se fundiu com a Embaré e hoje é a Alvoar, a quinta maior do país e a primeira do mercado nordestino.
Hoje, 30 anos depois de muito trabalho, muita pesquisa, muitos milhões de reais investidos na compra de terras, na melhoria do solo e da biogenética, na importação de tecnologias de ponta e na presença constante nas grandes feiras mundiais, como a Fruit Logística, na Alemanha, os agropecuaristas do Ceará constituem uma força econômica, social e, principalmente, política que ajuda, e muito, o desenvolvimento da economia estadual.
O Governo do Estado, ciente dessa importância que alcançou o agro, tem, na medida do possível – e esse possível tem de ser alargado porque assim o exige o rápido e visível crescimento do setor – aportado sua colaboração, de que são prova os programas que se desenrolam em estreita parceria da liderança do agro, a Faec, com a Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE), dirigida pelo deputado Salmito Filho.
O evento de hoje em Tauá precisa de ser entendido como mais uma exigência do agropecuarista cearense.
Suas aspirações, que eram muito simples e limitadas 30 anos atrás, sofisticaram-se ao longo do tempo. Hoje, quem pratica no Ceará a agricultura e a pecuária empresariais – algo de que já tomaram posse os médios e pequenos produtores rurais, incluindo os do programa Agricultura Familiar – quer mais, muito mais. E uma das novas exigências é a relacionada à oferta hídrica para a próxima safra.
“Em 2025, teremos chuvas na média, abaixo da média, acima da média história, ou teremos estio?” – eles perguntam.
Para dar a resposta científica correta aos produtores rurais cearenses, a Federação da Agricultura e Pecuária (Faec) apressou-se a convidar os especialistas que lhes podem esclarecer dúvidas e orientar-lhes com suas informações e previsões a respeito de quando plantar e que área plantar, o que, obviamente, dependerá da pluviometria do próximo ano.
O que deseja a Faec com as palestras de hoje é evitar que seu público-alvo – o produtor rural de todos os portes – tenham prejuízo, como tiveram no ano passado, quando as previsões de baixa pluviometria inibiram investimentos. Resultado: em algumas fazendas, colheram-se apenas 50% do que estava previsto.
Então, aguardemos o que dirão hoje os especialistas.
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