Em 5 anos, Siderúrgica do Pecém já exportou mais de 13 milhões de toneladas de placas de aço

Perspectivas para os próximos cinco anos são positivas a partir do reaquecimento da economia e crescimento na demanda pelo produto

Escrito por Ingrid Coelho , ingrid.coelho@svm.com.br
Legenda: Estados Unidos, Turquia e Canadá são países que se destacam no recebimento do produto, que sai do Complexo do Pecém

Considerado um marco na história do comércio exterior cearense, o primeiro envio ao exterior de placas de aço produzidas pela Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) completa nesta quinta-feira (12) cinco anos. Nesse período foram exportadas, via Complexo do Pecém, 13,2 milhões de toneladas.

E para os próximos cinco anos as expectativas são positivas, na avaliação do presidente do Complexo do Pecém, Danilo Serpa.

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"A economia está voltando a ficar aquecida. Somente no Brasil, o setor estima um crescimento de 15% no consumo de aço no País em 2021. E quando se fala de exportações, acreditamos que a economia seguirá nessa tendência de recuperação do consumo pós-pandemia".
Danilo Serpa
Presidente do Complexo do Pecém

Ele destaca, porém, que essa recuperação dependerá da dinâmica da economia de cada País e lembra que os Estados Unidos representam o maior mercado consumidor das placas de aço cearense.

De acordo com dados levantados pelo Complexo, o país norte-americano recebeu 42,6% das mais de 13 milhões de toneladas de aço exportadas em cinco anos.

Considerando apenas o ano de 2021, 64,4% das placas de aço exportadas foram destinadas aos EUA, enquanto 31,2% foram enviadas para portos do Brasil e 4,2% foram para o Canadá.

Divisor de águas

O presidente da CSP considera que a chegada da Companhia à Zona de Processamento de Exportação (ZPE Ceará) pode ser considerada um divisor de águas nas operações do terminal portuário do Pecém e acrescenta que o aço está entre as principais commodities brasileiras. "Nos preparamos muito para atender plenamente essa operação".

Legenda: No alto-forno é aquecido o carvão mineral em forma de coque, que posteriormente será adicionado a outros materiais e resultará nas placas de aço
Foto: Divulgação

Essa preparação inclui a implementação das correias transportadoras, por onde passam o carvão mineral e o minério de ferro que chegam ao terminal portuário e são insumos para a produção das placas de aço. Após ficarem prontas, elas são embarcadas pelo Terminal de Múltiplas Utilizações para pelo menos 24 países.

Ciclo do aço

Produzido na CSP, ele é utilizado para fazer desde telefones até navios

  • Porto do Pecém

Recebe as matérias-primas utilizadas na produção

  • Minério de ferro

É transformado em sínter na sinterização

  • Alto-forno

Aquece o carvão mineral em forma de coque produzido na coqueria

  • Ferro gusa

O ferro gusa em estado líquido é produto do materiais acima quando aquecidos

  • Aciaria

É onde o ferro gusa, com adição de calcário e outros fundentes, é transformado em aço líquido.

  • Lingotamento contínuo

É onde são formadas as placas de aço exportadas para vários países.

Entre agosto de 2016 e julho de 2021, além dos Estados Unidos, outros países que tiveram destaque no recebimento do produto foram Turquia (10,3%); Coreia do Sul (7,6%); China (4,64%) e Canadá (3,9%).

Mudança de perfil

De acordo com dados da plataforma de comércio exterior do Ministério da Economia, esses produtos correspondem hoje a mais da metade das exportações cearenses. As placas também representam 63% das movimentações de cargas no Porto do Pecém.

Em 2016, ano de início das operações de envio das placas ao exterior, o aço encerrou os 12 meses como o terceiro principal produto exportado e, em 2017, passou a desbancar os calçados, alcançando a primeira posição, ainda de acordo com os dados do Ministério da Economia.

Legenda: As placas de aço são responsáveis por cerca de metade das exportações do Ceará
Foto: Divulgação

A gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Ana Karina Frota, também visualiza o início das exportações das placas produzidas pela CSP como um importante marco na balança comercial do Estado.

"O Ceará saiu de uma série histórica que oscilava entre US$ 1,05 milhão FOB (Free on Board) e US$ 1,4 milhão FOB para ultrapassar os US$ 2 milhões FOB. No primeiro ano de operações da CSP, o incremento na pauta foi de 62,5%", lembra Karina.

Evolução das exportações*

  • 2016 (ano de envio das primeiras placas): US$ 179,2 milhões
  • 2017: US$ 1,034 bilhão
  • 2018: US$ 1,298 bilhão
  • 2019: US$ 1,095 bilhão
  • 2020: US$ 915,6 milhões
  • 2021**: US$ 776,4 milhões

*Dados das exportações de produtos semimanufaturados de ferro ou aço não ligado
**Dados de janeiro a julho

Fonte: Comexstat/Ministério da Economia

Transformações

Karina Frota também destaca o quão relevante foi o início dessas operações para a cidade de São Gonçalo do Amarante, onde está a CSP. "O município começou a aparecer como o principal exportador do Ceará, sendo responsável por mais de 50% das vendas internacionais do Estado".

"A castanha de caju, couros e peles e melões e calçados 'cederam' o protagonismo na pauta de exportação para os produtos semimanufaturados de ferro e aço ocuparem a primeira posição no ranking"
Ana Karina Frota
Gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Fiec

Sendo responsável por mais de 50% das vendas internacionais do Estado, São Gonçalo do Amarante também viu uma transformação no mercado de trabalho da região a partir do início das operações da CSP e da forte demanda pelas placas de aço produzidas.

De acordo com a Companhia Siderúrgica do Pecém, hoje, entre empregos diretos, indiretos e terceirizados, a empresa contabiliza 22 mil pessoas.

Ao avaliar desde o início das operações de exportação das placas até o presente momento, a CSP destaca, em nota, que o grande desafio é a sustentabilidade financeira do negócio e que a empresa passou "relativamente bem pelos processos de construção, início da produção, entendimento do mercado, busca pela ocupação de espaços e fortalecimento do quadro técnico e de lideranças".

"Alguns desses desafios são permanentes, mas o momento é de trazer uma competitividade que sustente a empresa a médio e longo prazos", diz a empresa.

Pandemia

Ao longo desse período, o ano de 2020 foi o que apontou como o maior desafiador diante dos efeitos do coronavírus, segundo a CSP.

"O ano de 2020 foi um ano desafiador em todo o mundo e 2021 segue nesse ritmo de adaptações. Durante todo esse período de pandemia, a CSP não parou e foi autorizada a seguir operando por gerar energia ao Sistema Interligado Nacional (SIN), ter alto-forno e produzir oxigênio hospitalar para hospitais do Norte e Nordeste, por meio da White Martins, fornecedora da CSP que funciona dentro da siderúrgica".

Números da CSP

  • 22 mil empregos diretos e indiretos;
  • 13 anos de constituída;
  • Mais de 12 milhões de placas de aço produzidas;
  • Responsável por 28% da produção das placas no Brasil;
  • Cerca de metade das exportações cearenses;
  • 63% das movimentações de cargas, entre matérias-primas, equipamentos e produtos exportados;
  • Aço já foi exportado para pelo menos 24 países.
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