Comércio na Av. Bezerra de Menezes se retrai até 60%

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Redação producaodiario@svm.com.br
Com a implantação da faixa de ônibus e queda nas vendas, comerciantes cogitam fechar as portas

Desde a implantação das faixas preferenciais para ônibus na Avenida Bezerra de Menezes, no dia 13 de agosto, os comerciantes vêm percebendo menor fluxo de carros e queda progressiva de clientes. O faturamento sofreu retração entre 15% e 60%, de acordo com empresários entrevistados ontem pela reportagem. Devido ao baixo lucro das últimas semanas, alguns já se preparam para fechar as portas.


Proprietário de uma loja de roupas para festas lamenta a queda no fluxo de clientes e diminuição de 30% no faturamento. Caso a situação não mude, ele pretende fechar o estabelecimento em janeiro fotos: Fabiane de Paula

Segundo o presidente da Associação dos Empresários da Bezerra de Menezes (Assebem), Udilson Castelo Leite, por conta da diminuição nas vendas, a maioria das empresas cogita a possibilidade de diminuir o quadro de funcionários. "O reflexo não é só para as lojas do corredor comercial, mas também para os pais de família empregados nas lojas".

Com o objetivo de solucionar os problemas, os comerciantes têm se reunido e discutido formas de diminuir os impactos. "Nos encontramos hoje (ontem)com o presidente da Etufor (Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza), Ademar Gondim, pois nos sentimos prejudicados. As lojas ficam exatamente no lado das faixas preferenciais de ônibus. Muitos clientes ficam assustados com a pressão de não poderem trafegar pela direita, por conta da fiscalização intensa e o risco de receberem multas", afirma Castelo Leite.

Reflexos

Por conta dos problemas, o empresário Eudásio Paulo, que há 40 anos trabalha no local, já comunicou aos três funcionários do seu mercadinho que irá fechá-lo no dia 31 de dezembro. "Meus lucros caíram 60% com as mudanças. A maior parte da clientela, cerca de 30%, era de quem pegava ônibus. Com a nova localização das paradas, fui muito atingido", lamenta.


Empresários afirmam que o novo sistema preferencial para ônibus afasta clientes devido à intensa fiscalização. Eles pretendem ampliar de 100 para 200 metros o percurso, no lado direito da via, para carros menores

As alterações no trânsito também foram sentidas por Francisco Holanda, proprietário de uma loja de traje para festas, com queda de 30% nos negócios. Segundo ele, dos 11 anos no ponto comercial, esse é o pior momento. "Caso a situação não mude, teremos que demitir os funcionários e fechar a loja em janeiro do próximo ano".

Limitações

A partir da implantação das novas faixas preferenciais, os carros de passeio podem trafegar nela por 100 metros caso precisem ir a um estabelecimento ou para entrar em uma rua. A ideia dos comerciantes é que o percurso seja ampliado para 200 metros. A justificativa deles é que os clientes não encontram a loja de forma rápida, precisando transitar por um percurso maior.

Foi discutida a possibilidade de abrir horário para circulação de caminhões, com o intuito de descarregar mercadorias - durante a manhã de 8h30 às 10h30 e entre 14h e 16h. Também foi sugerida a reorganização dos pontos de ônibus, que foram realocados em frente da fachada de algumas lojas, incomodando os proprietários.

Reunião

Ontem, reuniram-se com o presidente da Etufor representantes da Assebem, do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), da Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio) e do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos). Após análise pela Etufor, haverá novo encontro no próximo dia 14.

Segundo a Etufor, o Serviço de Ônibus Rápido de Fortaleza (BRS-FOR), que ocupa duas faixa, tem como objetivo tornar o fluxo mais rápido para usuários de transporte público. Desde a implantação do sistema, pode ser observado redução, até pela metade, do tempo de viagem na maioria dos horários.

OPINIÃO
Lojistas não foram ouvidos sobre mudanças

Funcionário e filho do proprietário de uma farmácia na Avenida Bezerra de Menezes, Otávio Augusto diz perceber uma queda de 40% nas vendas. Segundo ele, a insatisfação com a nova faixa preferencial para ônibus é decorrente, principalmente, da falta de diálogo durante a implantação. "Não houve uma reunião com os comerciantes. Ficamos sabendo das alterações a partir da data que começou a valer. Já conversei com vários colegas e eles também estão se sentindo prejudicados", destaca Otávio. Além de lamentar o menor número de clientes, Otávio afirma que a mudança de alguns pontos de ônibus também desagrada.

"A parada agora fica na frente da empresa, logo na fachada. Caso se queira fazer alguma mudança estrutural no ponto comercial, será muito mais difícil". Para Otávio Augusto, a solução seria implantar o corredor preferencial nas faixas do centro da avenida, com paradas centrais que não interferissem no fluxo de carros do lado direito.

"Esse corredor central tinha sido pensado. Não sei porque acabaram fazendo logo no lado direito, em que ficam as lojas. Várias cidades brasileiras têm esse sistema central, que é bem mais interessante e eficiente".

Otávio Augusto
Comerciante

GABRIELA RAMOS
REPÓRTER

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