Com reabertura e vacinação, ocupação de hotéis e pousadas no Ceará pode chegar a 60%

Hóspedes começam a se sentir mais seguros para viajar, segundo representantes do setor

Escrito por Carolina Mesquita ,
Legenda: Hotéis têm oferecido diárias de 15% a 20% mais baratas na pandemia.
Foto: Thiago Gadelha

A chegada do mês de julho, tradicionalmente de alta estação, e a continuidade da liberação das atividades econômicas, embora ainda com restrições, tem impulsionado as reservas em hotéis do Ceará. A expectativa é que a ocupação chegue a 60% ao fim do mês.

A estimativa é revelada por Vera Lucia, presidente da Associação dos Meios de Hospedagem e Turismo (AMHT), entidade que representa hotéis e pousadas de médio e pequeno porte. Apesar da projeção, os primeiros 15 dias do mês ainda estão com média girando em torno de 39% a 43%.

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"A partir de sexta (2), já sentimos muitas consultas sobre como está a cidade, sobre os casos de covid-19, se as atividades estão funcionando. As pessoas começam a se animar, com a vacinação avançando. Tudo isso está ajudando com a procura".
Vera Lucia
Presidente da Associação dos Meios de Hospedagem e Turismo (AMHT)

Lucia ainda ressalta que a concretização da expectativa irá depender do desenrolar dos fatores que ainda geram incertezas, como uma possível terceira onda de contaminação.

Grandes hotéis

Já a ocupação das hospedagens de grande porte, representadas pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Ceará (ABIH-CE), deve ficar em 50% neste mês.

O presidente da entidade, Régis Medeiros, pontua que, apesar da leve melhora após o fim do último lockdown, o cenário ainda é bem aquém de uma situação normal.

Ele lembra que as reservas ficaram em 18% em março e abril, quando as medidas restritivas ficaram intensas novamente, número que passou para 33% em maio e para 43% em junho. "Mas está longe de ser bom demais, da média de 70% que tínhamos em julho e com tarifas bem mais baratas" pontua.

Ele estima que, para atrair mais clientes, o preço das diárias está de 15% a 20% mais baixo do que deveria.

"Um colega me dizia esses dias: quem diria que a gente estaria ficando feliz em achar que a ocupação vai chegar a 50% em julho quando a ocupação média anual era superior a isso".
Régis Medeiros
Presidente da Abih

Perfil do hóspede

Lucia também aponta que os pequenos hotéis e pousadas foram obrigados a reduzir o preço das diárias. Ele explica que, com o maior comprometimento do orçamento durante a pandemia, os hóspedes têm procurado opções mais baratas.

"Os grandes hotéis também estão fazendo isso e dificultando a nossa competitividade, porque precisamos manter um valor que cubra nossos custos", afirma.

Ela também revela que a maior parte do público atendido permanece sendo de cearenses, especialmente aos fins de semana. "As pessoas vêm do interior ver o mar. Agora que estamos começando a ver pessoas de outros estados", acrescenta a presidente da AMHT.

Sobre os destinos mais procurados, ela indica que as praias mais famosas, como Jericoacoara, e o litoral em geral, estão trabalhando em ritmo maior. A Capital, por outro lado, segue um pouco mais prejudicada e deve alcançar uma reação neste segundo semestre com os estabelecimentos de alimentação fora do lar funcionando até mais tarde e o retorno dos eventos.

Medeiros reforça que o turista interno prefere as praias e serras, enquanto o turista que vem até Fortaleza costuma ser de outros estados, especialmente do Sudeste, mas também de locais vizinhos, como Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Piauí e Maranhão.

"Mas nosso grande público da Capital sempre foi do Sudeste e, para isso, precisamos de voos. Temos agora uma tendência de melhora na oferta de voos em julho em todas as regiões do País. Estavam muito escassos, mas as companhias estão retomando", afirma.

Legenda: Canoa Quebrada, Jericoacoara e demais destinos no litoral cearense estão trabalhando com demanda mais aquecida.
Foto: Shutterstock

Demanda retraída

O presidente da ABIH-CE ainda ressalta que há uma demanda reprimida significativa ávida para ser suprida conforme a pandemia vai sendo controlada e as famílias conseguem aproveitar melhor os destinos.

"Vontade, a gente sabe que existe na grande maioria da população que tem condições de viajar, porque algumas pessoas têm que pensar só em sobreviver, mas quem já viajava de férias e está recluso há um ano e meio, existe essa demanda retraída", detalha.

Segundo semestre

Para todos os portes de estabelecimentos de hospedagem, a expectativa é que a movimentação de clientes aumente mês a mês neste segundo semestre à medida que a vacinação avance e os hóspedes se sintam mais seguros.

O retorno dos eventos é outro fator importante para a recuperação do turismo no Estado, tendo em vista que a atividade pode corresponder de 30% a 40% das reservas em alguns hotéis, segundo Medeiros.

"O turismo de eventos é muito amplo, pode ser desde uma reunião de 50 pessoas no salão de um hotel a um congresso, feira, além de shows e festivais. Hotéis que têm espaços para eventos mais robustos são mais impactados", explica.

Ele também reforça que, mesmo com a melhora em ritmo lento, o importante é que não haja mais retrocessos no processo de reabertura.

"Nós temos muito otimismo, mas temos conscientização que tem que ser passo a passo, porque se houver retorocesso é pior. Esperamos chegar ao fim do ano com números bem mais positivos, embora normalidade mesmo, só deve ser observada no segundo semestre de 2022", estima.

A presidente da AMHT reitera a importância dos eventos e avalia que, mesmo com a recuperação que vem sendo ensaia, o setor ainda deve encerrar o ano abaixo do registrado antes da pandemia.

"Em termos de demissões, já conseguimos estabilizar. Agora, as contratações ainda estão sendo feitas muito pontualmente, para funções específicas, como na área comercial e administrativa".

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