Com pandemia e desemprego, inadimplência em Fortaleza dobra em 2020
Em dezembro do ano passado, 13,7% dos consumidores da Capital estavam inadimplentes
Ao longo de 2020, a parcela de consumidores inadimplentes em Fortaleza mais do que dobrou, enquanto o percentual de consumidores endividados na Capital avançou 24,1 pontos percentuais.
Em dezembro de 2019, 6,6% dos consumidores de Fortaleza estavam inadimplentes, percentual que saltou para 13,7% em dezembro de 2020. Já a taxa de consumidores endividados passou de 60,9% para 75,6%, no mesmo período.
Obtidos em primeira mão pelo Diário do Nordeste, os dados são de um levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento do Comércio (IPDC) da Federação do Comércio do Ceará (Fecomércio-CE).
Fatores para o aumento do endividamento
Entre os fatores que contribuíram para esse avanço, a entidade cita a alta do desemprego, da inflação e o cenário econômico de incertezas por conta da pandemia.
“Ao longo dos últimos 13 meses, o patamar de 75,6% de endividados no último mês do ano passado só não é maior que o verificado em abril de 2020, quando a pandemia impactou com mais força os vários segmentos da economia em Fortaleza. (...) Em meio ao aperto financeiro e ao apelo pelo consumo do fim do ano, o consumidor fez mais dívidas”, diz a Fecomércio-CE.
Quanto à inadimplência, maio foi o pior mês dos últimos 13 meses, quando 14,6% dos consumidores da Capital estavam nesta condição. A taxa caiu junho (13,9%) e julho (9,3%), mas voltou a subir nos meses seguintes.
Comprometimento da renda menor
Apesar do aperto financeiro, o grau de comprometimento da renda do consumidor fortalezense fechou 2020 em um nível levemente inferior ao fechamento de 2019. Em dezembro de 2019, o indicador era de 38,7% e cedeu para 36,0% em dezembro de 2020.
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Qual é o perfil dos endividados
De acordo com o levantamento, entre os consumidores endividados, as mulheres apresentam a maior taxa (72,0%). E a faixa de idade com o maior percentual de endividados é a de 25 a 34 anos, correspondendo a 74,4% do total. Quanto à inadimplência, as mulheres também apresentam a maior taxa (11,6%) e a faixa de idade com maior percentual de inadimplência é de 35 anos ou mais (12,7%).
Alimentação pesa no bolso
O estudo aponta ainda que o que levou o fortalezense a fazer mais dívidas comprando a prazo foram as compras com alimentação, com uma participação de 48,2%. “(Esse item) tem conduzido ao financiamento nos gastos da população na Capital cearense, que tiveram ainda maior reflexo diante da elevação significativa nos preços dos alimentos”, diz a Fecomércio-CE. Em seguida, os maiores impactos foram registrados nos segmentos de “aluguel residencial” (23,3%), “despesas com vestuário” (20,8%), “eletrodomésticos” (19,0%) e “tratamento de saúde” (19,0%).
Motivos de endividamento
Conforme o levantamento, os principais motivos que levaram os consumidores a se encontrarem com dívidas em atraso foram o desequilíbrio financeiro (50,2%) e o adiamento do pagamento do débito, com a destinação dos recursos para outros fins (43,3%). Considerando o tempo para saldar a dívida, um percentual expressivo de fortalezenses (49,6%) levam mais de 90 dias para quitar seus débitos. Enquanto 21,7% levam de 31 a 60 dias e 17,0%, levam um prazo de 30 dias.
O valor aproximado das dívidas dos consumidores fortalezenses fica entre R$ 501 a R$ 1.000 para a maioria (20,6%); de R$ 1.001 a R$ 1.500 para 18,2% e 15,6% devem uma quantia acima de R$ 5 mil.