Com 737 Max de volta, Gol ainda não prevê retorno de rota Fortaleza-EUA

Companhia estima retorno das operações internacionais a partir de março, mas sem definição de rotas ou destinos, segundo o CEO Paulo Kakinoff. Ele também disse que hub em Salvador não muda os planos para Fortaleza

Escrito por Samuel Quintela , samuel.quintela@svm.com.br
Legenda: Companhia apresentou ontem modificações realizadas para garantir a segurança da aeronave
Foto: Samuel Quintela

Depois de quase 20 meses fora de circulação, o Boeing 737 Max 8 voltará a ser operado pela Gol no Brasil. No próximo dia 9, o modelo que foi recertificado após diversas revisões que seguiram dois acidentes pelo mundo, voltará a integrar a malha aérea da empresa, incluindo as rotas que passam por Fortaleza. Contudo, mesmo com o retorno do Max, Paulo Kakinoff, CEO da Gol, afirmou em entrevista exclusiva ao Sistema Verdes Mares que não há previsão para o retorno da operação que liga o Aeroporto Internacional de Fortaleza aos Estados Unidos. A rota era operada pela aeronave desde a inauguração, em novembro de 2018. 

De acordo com o executivo, a imprevisibilidade não tem relação com a reutilização do Max, que será integrado para atender, inicialmente, a demanda doméstica da companhia, mas sim com o cenário internacional do mercado aéreo durante a pandemia da Covid-19. Kakinoff comentou que a Gol não está planejando nenhum voo internacional no País, pelo menos até o mês de março, quando o cenário global da pandemia do coronavírus será reavaliado, considerando também a demanda local por destinos externos.

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“Todo o processo de planejamento que estamos acostumados no setor se tornou exponencialmente mais difícil, porque tem menos a ver com demanda e mais a ver com políticas governamentais sobre abertura e fechamento de fronteiras. É completamente imprevisível. Então, a gente diz que até março não há possibilidade de realizar voos internacionais e acreditamos que depois poderá voltar essa operação, mas não sabemos para que país, que rota, e isso para todo o País, não só para o Ceará”, disse Kakinoff. “A volta, de fato, da malha aérea internacional deve ficar para um segundo semestre”.

Mercado nordestino

Contudo, apesar da incerteza, o hub operado no Aeroporto de Fortaleza continua sendo um ponto estratégico para o desenvolvimento da companhia no Nordeste segundo Kakinoff, mesmo depois da confirmação de uma nova operação de hub em Salvador. O CEO da Gol explicou que a nova operação na Bahia deverá se focar no mercado interno baiano e na demanda para outros países da América do Sul. Já o hub no Ceará, que funciona em parceria com o grupo Air France/KLM, seguirá como um ponto de conexão entre o Brasil, a Europa e os Estados Unidos, mesmo que não haja, ainda, previsão para voos internacionais.

“Esses dois hubs no Nordeste fazem parte do desenvolvimento da nossa presença no Nordeste, visto que temos operações em Congonhas e Guarulhos, em São Paulo, por exemplo. O Nordeste, proporcionalmente, foi a região que mais rápido se recuperou e devemos voar em um patamar quase igual ao do ano passado, mas a questão da Covid é que todos os estados estão em momentos diferentes e isso é um fator que dificulta. O hub no Ceará nos permite ligar à malha na Europa e isso continuará assim. Os hubs em Salvador e Fortaleza são complementares e têm missões diferentes”, afirmou o CEO.

Paulo Kakinoff ainda comentou que a demanda para voos para o Ceará se manteve aquecida durante a retomada das atividades econômicas. Segundo ele, o Estado conta com uma malha maior de voos domésticos em dezembro deste ano. “Nós temos uma oferta de malha maior do que tínhamos no ano passado, considerando os voos domésticos. Para nós, é difícil precisar o que move a demanda, mas contra fatos não há argumentos, então o trabalho no Ceará tem sido assertivo no combate à covid-19”, explicou ele.

Segurança

A entrevista do CEO da Gol foi concedida durante um evento de teste do Boeing 737 Max 8, em voo de Congonhas a Confins (MG). A reportagem não registrou nenhum problema durante o voos de teste do Max. Atualmente, a Gol conta com sete aviões desse modelo na frota de 130 aeronaves, e o Max 8 deverá operar em todas as rotas da empresa a partir desta quarta-feira.

Segundo Kakinoff, o modelo passou por uma série de reavaliações e testes nos últimos 20 meses e, hoje, a aeronave é uma das mais seguras do mercado mundial. Contudo, para atender às preferências dos clientes, a companhia afirmou que os passageiros poderão pedir a remarcação de voos, até o último momento, caso não se sintam confortáveis de viajar na aeronave.

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