Azul solicita recuperação judicial nos EUA; medida pode impactar fusão com a Gol
Mercado aguardava o pedido, já que recentemente a empresa apresentou dificuldades para levantar capital e renegociar dívidas

A companhia aérea Azul anunciou, nesta quarta-feira (28), que protocolou um pedido de Chapter 11, equivalente à recuperação judicial, na Justiça dos Estados Unidos. O mercado aguardava o pedido, já que recentemente a empresa apresentou dificuldades para levantar capital e renegociar dívidas.
Entre as três principais companhias que operam no Brasil, a Azul era a única que ainda não havia recorrido ao Chapter 11.
No início do ano passado, a Gol entrou com um pedido de recuperação e está prevista para sair do processo em junho deste ano. Antes disso, durante a pandemia, a Latam também passou por recuperação, encerrado em 2022.
No último meses, a Azul buscou várias formas para evitar solicitar o Chapter 11, mas a medida voltou a ser uma possibilidade após a piora da situação financeira da companhia. Em março, a dívida bruta do empreendimento encerrou em R$ 34,6 bilhões, representando um crescimento de 42% em 12 meses.
A empresa ainda pretende fazer uma nova oferta de ações (follow-on). Mas a avaliação é que só vai conseguir fazer quando o operacional da empresa melhorar. Em um follow-on feito em abril para a troca obrigatória de dívida em dólar por ações da companhia, do lote extra reservado ao mercado, de R$ 1,6 bilhão, só R$ 48 milhões foram colocados.
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Como funcionará a recuperação
A recuperação contempla aproximadamente US$ 1,6 bilhão (cerca de R$ 9 bilhões, na cotação de terça-feira, 27) em financiamento durante o processo, eliminando mais de US$ 2 bilhões (R$ 11,3 bilhões) em dívidas e previsão de até US$ 950 milhões (R$ 5 bilhões) em novos aportes de capital no momento da saída, segundo fato relevante divulgado há pouco pela Azul.
A aérea destaca que garantiu um financiamento DIP de aproximadamente US$ 1,6 bilhão de parceiros financeiros após celebrar "acordos de Apoio à reestruturação" com seus principais stakeholders. Isso inclui detentores de títulos da companhia, sua maior arrendadora, a AerCap — que representa a maioria das obrigações da companhia com leasing —, e os parceiros estratégicos United Airlines e American Airlines.
"Esses acordos marcam um passo significativo na transformação do nosso negócio, pois nos permitirá emergir como líderes do setor nos principais aspectos da nossa atividade", afirma o CEO da Azul, John Rodgerson.
Ao final do processo, está prevista a amortização do DIP com os recursos de uma oferta de subscrição de ações de até US$ 650 milhões (R$ 3,6 milhões), com garantia firme dos referidos investidores, além de um possível investimento adicional de até US$ 300 milhões (R$ 1,6 milhão) por parte da United Airlines e American Airlines, sujeito a determinadas condições.
A Azul informou ainda a descontinuação de todas os guidances (projeções) para 2025 diante do início do Chapter 11.
Como ficará fusão com a Gol
O cenário atual põe em xeque a potencial fusão entre Azul e Gol. A previsão era que as negociações, em andamento desde janeiro deste ano, andassem após o fim do Chapter 11 da Gol. Contudo, a expectativa é que os esforços da Azul se concentrem agora no processo de recuperação financeira.