Auxílio emergencial evita queda nas compras por cartão de débito, diz Abecs

Se não fosse pelo benefício, as compras feitas pelos brasileiros com cartão de débito teriam caído 2,3% no segundo trimestre em comparação a igual período do ano passado

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Legenda: Em junho, houve expansão de 6,8% sem o auxílio e de 10,7% com o auxílio.
Foto: FOTO: LUCAS DE MENEZES

O auxílio emergencial criado pelo governo federal durante a pandemia do novo coronavírus evitou que as compras feitas por cartão de débito sofressem queda no segundo trimestre, período apontado por economistas como o "fundo do poço" da crise econômica.

Lançado com o intuito de minimizar os efeitos da crise sobre os brasileiros mais vulneráveis, o auxílio começou a ser pago em abril, no valor de R$ 600 mensais, e tem sido depositado em contas digitais criadas na Caixa Econômica Federal.

Se não fosse pelo auxílio, as compras feitas pelos brasileiros com cartão de débito teriam caído 2,3% no segundo trimestre em comparação a igual período do ano passado, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira pela Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços).

Com o benefício, houve um ligeiro avanço de 0,3%, para R$ 150,4 bilhões, praticamente estável em relação ao segundo trimestre de 2019. A contribuição do auxílio foi de cerca de R$ 4 bilhões.

Compras com cartão crescem 3% no primeiro semestre

As transações com cartões de crédito, débito e pré-pagos somaram R$ 876,4 bilhões, segundo a Associação Brasileira de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs)

Legenda: Segundo os dados da Abecs, as compras não presenciais, principalmente pela internet, tiveram um crescimento de 18,4%
Foto: Camila Lima

As compras realizadas com cartões de crédito, débito e pré-pagos cresceram 3% no primeiro semestre do ano, somando R$ 876,4 bilhões em transações, de acordo com dados divulgados hoje (19) pela Associação Brasileira de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Ao longo do semestre os brasileiros movimentaram R$ 540,4 bilhões (+0,8%) com cartões de crédito, R$ 323,2 bilhões (+5,7%) com cartões de débito e R$ 14,7bilhões (+68,4%) com cartões pré-pagos, totalizando 10,5 bilhões de transações.

 

Segundo os dados da Abecs, as compras não presenciais, principalmente pela internet, somaram R$ 173,5 bilhões, o que corresponde a um crescimento de 18,4% na comparação com o mesmo período do ano passado. No fim de junho, as compras remotas responderam por 35,5%de todo o volume transacionado com cartão de crédito.

“Esse movimento é reflexo da mudança de hábito do consumidor e também dos setores de comércio e serviços, que precisaram se reinventar neste período de quarentena”, disse o diretor-executivo da Abecs, Ricardo de Barros Vieira.

Pesquisa
A pesquisa da Abecs indicou que o maior impacto do uso dos cartões foi no segundo trimestre do ano, com o volume transacionado caindo -7,7% e somando R$ 400,7 bilhões. Esse resultado foi responsável pela primeira queda de redução das transações com cartões em um trimestre. A maior redução foi no uso do cartão de crédito (-11,9%). O cartão de débito caiu 2,3% e o pré-pago cresceu 59,6%. "Se os valores do auxílio emergencial fossem incorporados aqui ao invés de uma queda nos teríamos queda de 6,8% e o débito teríamos até um aumento do volume de 0,3%".

Os gastos de brasileiros no exterior caíram 40% e as compras realizadas por estrangeiros no Brasil tiveram redução de 30,1%. "O impacto da pandemia no setor de viagens é visível com esses números. É uma redução extremamente significativa", afirmou o executivo.



Na análise mês a mês, o efeito do benefício do governo fica mais claro. Em maio, o primeiro mês após o início das transferências do auxílio, as compras com cartão de débito cresceram 2,6% em relação a maio de 2019, após retração de 13% em abril, o pior mês da crise.

Se não fosse o benefício, as compras teriam recuado 1,2% em maio. Em junho, houve expansão de 6,8% sem o auxílio e de 10,7% com o auxílio.

Segundo trimestre

Sem a ajuda do benefício para impulsionar os resultados, as compras com cartão de crédito caíram 11,9% no segundo trimestre ante igual período do ano passado, para R$ 242,7 bilhões. Houve retração até em junho, mês que teve expansão no débito mesmo sem o auxílio. No último mês do primeiro semestre, as aquisições feitas no crédito recuaram 7,5%.

Considerando todas as modalidades de pagamento (crédito, débito e pré-pago), houve contração de 7,7% no uso de cartões no segundo trimestre, para R$ 400,7 bilhões.

No fechamento do primeiro semestre, houve crescimento de 3%, para R$ 876,4 bilhões, ainda com a contribuição do primeiro trimestre, que só foi afetado pela pandemia na segunda quinzena de março.

Influenciado também pela pandemia, o uso da aproximação nos pagamentos por cartões cresceu 330% no primeiro semestre, para R$ 8,3 bilhões. Trata-se, no entanto, de uma pequena participação no total do valor transacionado no período. O volume representa menos de 1% do uso de cartões na primeira metade do ano.
 

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados