Após sequência de altas da picanha e alcatra, o que esperar dos preços das carnes até o fim do ano?

O custo do produto teve declínio, mas continua pesando no orçamento das famílias

Escrito por Bruna Damasceno , bruna.damasceno@svm.com
Carnes expostas
Legenda: A alcatra, por exemplo, ficou 10,17% mais cara em julho deste ano
Foto: Kid Júnior / SVM

A alta do custo da carne bovina obrigou consumidores a retirá-la da dieta diária ou reduzir o consumo nos últimos anos. Em 2021, por exemplo, o valor do alimento subiu mais de 32% no acumulado dos últimos 12 meses até julho. Já em igual período deste ano, recuou 0,31%. 

Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da queda do indicador geral de carnes, alguns cortes permaneceram aumentando no mês passado, como a alcatra (10,17%), a picanha (9,07%) e o fígado (7,24%). Entretanto, economistas e o setor projetam não haver novas elevações até o fim do ano.

 

Tendência é de estabilidade dos preços até o fim do ano 

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes de Fortaleza (Sindicarnes), Everton Silva, informa que os meses de agosto a dezembro abrangem a entressafra do gado. Por isso, neste período, o mercado demanda o boi confinado, segurando os preços.

“Dois fatores podem mudar esse cenário: o aquecimento da procura ou alguma mudança no mercado internacional, mas, a princípio, se manterá estável”, explica. “Contudo, é natural ocorrer pequenas oscilações nos 10 primeiros dias de cada mês, considerando haver uma busca maior pelo produto”, pondera.  

O professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e conselheiro Regional de Economia (Corecon), Ricardo Coimbra, acrescenta que as condições climáticas e os insumos (rações) para a criação do gado também devem manter os valores. 

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“O início da produção de grãos, principalmente na Ucrânia, começou a ocorrer em função dos acordos internacionais para escoamento do país, começando a diminuir o preço médio do trigo, milho e do girassol, por exemplo”, reforça.

O economista aponta como outro fator de baixa o redirecionamento do consumo de outras proteínas, como aquelas à base de soja e linguiças.  

Por que o preço ainda está alto?

Ricardo Coimbra observa que os produtos nobres, como a picanha, são exportados para o mercado internacional, pressionando a precificação elevada.

Além disso, enfatiza, houve o encarecimento da produção da carne em razão da alta das rações e dos fertilizantes para pastagem dos animais devido à guerra da Rússia contra a Ucrânia. 

“Então, o custo efetivo produção de engorda do animal teve uma elevada significativa e, consequentemente, ocorre o repasse para o consumidor nacional”, frisa.  

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Queda ainda não aliviou o bolso do consumidor 

O professor e pesquisador em Finanças Pessoais e Comportamentais da Universidade Federal do Ceará (UFC), Érico Veras Marques, pondera sobre a redução ainda não ter influenciado o bolso do consumidor.

“A inflação da carne tem diminuído, mas o problema é que outros itens alimentícios da cesta de consumo das famílias continuam subindo”, avalia. 

Para aliviar o impacto no orçamento familiar, orienta, deve-se pesquisar os melhores preços antes de comprar e evitar desperdícios. Quando não houver viabilidade financeira para o consumo da carne, o jeito é tentar substituí-la.

“O consumidor também pode tentar trocar por uma carne mais barata, a bovina pela suína, pelo frango, fazendo uma acomodação sem comprometer a ingestão de proteínas”, exemplifica.

Conforme o “Guia alimentar para a população brasileira”, uma alternativa é incluir as preparações grelhadas, assadas ou ensopados de frango ou peixe, ovos (omelete) ou legumes (abóbora com quiabo).  

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