Após identificar potencial de hidrogênio verde no Ceará, Alemanha reabre consulado em Fortaleza

A repartição consular, que havia fechado após a pandemia, retoma o suporte em novembro, sobretudo para atender investidores do Hidrogênio Verde

Escrito por Bruna Damasceno , bruna.damasceno@svm.com.br
Repositório de hidrogênio Verde
Legenda: Para a Fiec, a missão da Alemanha deve gerar bons resultados, "especialmente no desdobramento da cadeia do H2V"
Foto: Kid Junior

A ambiência local para atração de investimentos estrangeiros ligados à cadeia produtiva do Hidrogênio Verde (H2V) motivou a reabertura do Consulado Honorário da Alemanha em Fortaleza. Com previsão de iniciar os atendimentos no fim de novembro próximo, a sede ficará no prédio da Faculdade Ari de Sá, no Centro. 

Segundo a cônsul honorária, Marlene Pinheiro, a repartição cearense fechou há três anos em razão da pandemia de Covid-19. Alguns serviços de assessoria e de representação permaneceram nesse período, mas a parte burocrática foi repassada para a unidade de Recife. 

“Por conta desse interesse da Alemanha, vendo todo esse potencial da parte energética, marítima, aérea e digital do Ceará, vamos reabrir o consulado e estaremos mais ativos”, afirmou.
Marlene Pinheiro
Cônsul honorária da Alemanha no Ceará, Piauí e Maranhão

Ela participou de encontro com empresários e representantes do governo alemão, nessa terça-feira (17), na Federação das Indústrias do Estado (Fiec). Na ocasião, foram discutidas as vantagens do mercado cearense e o interesse em acordos futuros.

A representante da NRW.Energy4Climate, agência de fomento de energias renováveis do estado da Renânia Vestfália, Inga Soellner, destacou a possibilidade de negociações para comprar Hidrogênio Verde. 

Encontro com empresários e representantes do governo alemão, nessa terça-feira (17), na Federação das Indústrias do Estado (Fiec)
Legenda: O encontro com empresários e representantes do governo alemão ocorreu na terça-feira (17), na Federação das Indústrias do Estado (Fiec)
Foto: Divulgação/Fiec

“O Ceará é muito importante em relação à infraestrutura. Temos uma demanda grande de H2V e não teremos capacidade para a nossa indústria. Por isso, estamos vendo com quais países estabeleceremos parcerias no futuro”, observou.  

A delegação foi organizada pela Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, integrante da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável. Os representes das seguintes instituições também estiveram presentes: 

  • Campfire, um consórcio para pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias de conversão e armazenamento de energia baseadas em amônia verde;
  • RWE TI, empresa subsidiária da RWE, quinta maior geradora de energia da Europa;
  • Hydrogen Hamburg, cluster de hidrogênio verde da região Hamburgo;
  • Ministério da Economia, Transporte, Construção e Digitalização da Baixa Saxônia, estado do Norte da Alemanha.

Indústria cearense também mira no aço verde e outros produtos da cadeia do H2V

Legenda: Localizada no Pecém, CSP é uma das principais produtoras de placas de aço no País
Foto: Divulgação

Para o coordenador do Núcleo de Energia da Fiec, Constantino Frate, a missão da Alemanha deve gerar bons resultados. “Especialmente no desdobramento da cadeia do H2V, pois é uma realidade a possibilidade de produzirmos aço verde para também exportamos um produto com mais valor agregado, além de fertilizantes e combustíveis sintéticos”, listou. 

Veja também

O consultor de energia da instituição, Jurandir Picanço, acrescentou que a ArcelorMittal S/A já comprou a Companhia Siderúrgica do Pecém com o objetivo de produzir matéria-prima verde. 

“Essa siderúrgica é voltada totalmente para exportação e foi comprada por um grupo mundialmente importante com o propósito de ter essa produção de aço, substituindo o carvão pelo Hidrogênio Verde. Com certeza, em alguns anos, teremos aço verde no Ceará”, destacou. 

O secretário executivo da Indústria na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado, Joaquim Rolim, frisou que o Ceará possui benefícios fiscais para indústrias que se instalarem aqui, como a área incentivada da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) e o Fundo de Desenvolvimento Industrial.

“Entendemos que, além da própria molécula do H2V, precisamos ter um olhar para a cadeia produtiva composta pelas indústrias para agregar valor ao Produto Interno Bruto”, frisou. 
Joaquim Rolim
Secretário executivo da Indústria na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado

 

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados