Após 100 dias fechados, restaurantes adentram 'terreno desconhecido'

Em meio à movimentação fraca, empresários têm impressão de estarem "inaugurando" seus estabelecimentos novamente em Fortaleza e estão cautelosos quanto à expectativas para os próximos meses

Escrito por Redação , negocios@svm.com.br
Legenda: Com mesas afastadas e medidas de segurança, restaurantes reabriram as portas ontem
Foto: Foto: helene santos

Impossibilitados de atender presencialmente desde o dia 17 de março deste ano, empresários do setor de alimentação fora do lar voltaram a abrir as portas na manhã de ontem (22), mas pisam o desconhecido quanto às expectativas em relação ao fluxo de clientes e faturamento, considerando o forte impacto da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus no Ceará. "É como se estivéssemos inaugurando a casa hoje", pontua Crica Bezerra, presidente do Grupo Geppos.

O Cabaña del Primo, uma das casas do grupo, cuja reabertura ao público ocorreu ontem, passou por uma mudança de layout para atender aos protocolos de segurança impostos pelo Governo do Estado. O espaço entre as mesas ficou maior e a entrada ganhou tapetes sanitizantes e um totem de álcool em gel.

De acordo com ele, a preparação do espaço e treinamento dos funcionários foram intensos. O grupo conta com planos para dois cenários - um otimista e um pessimista - e trabalha com expectativas cautelosas. "Esperamos voltar a ter lucro a partir de agosto. De março até junho nós não tivemos rentabilidade - e em julho com certeza não teremos", aponta.

Uma das vantagens do restaurante Cabaña del Primo, de acordo com Bezerra, é que a movimentação é equilibrada entre horário de jantar e de almoço. "Aqui é dividido: 50% de movimentação no almoço e 50% no jantar", detalha o presidente do Geppos. Em um dos estabelecimentos do grupo no qual 85% da movimentação é observada à noite, a abertura só deve ocorrer na quarta fase.

Para ele, não é possível prever como será a movimentação e o comportamento dos clientes nesta nova fase. "É uma incógnita. Mas esta semana será de muitas respostas. Estamos encarando isso como se fosse uma inauguração. Estamos um pouco mais pessimistas, mas temos um plano B, para caso a demanda surpreenda positivamente", diz.

Wellington Elias, gerente do restaurante Tio Armênio do Iguatemi Fortaleza, também entra na nova fase com o sentimento de estar estreando uma nova casa. "É como se fosse uma inauguração para os clientes e para nós. Recebemos ligações de consumidores que estão ansiosos para voltar, mas sabemos que alguns estão mais cuidadosos e estão evitando sair de casa".

Sobre as expectativas em relação às vendas e ao faturamento, ele destaca que "o período realmente ainda é de muita cautela". Welington lembra que estar localizado dentro de um shopping tem suas vantagens e desvantagens. "Temos a vantagem do apoio do shopping para que as pessoas cumpram o decreto, com a aferição de temperatura. Algumas pessoas associam o shopping à aglomeração, o que pode causar preocupação e fazer com que elas evitem esses espaços", diz.

Comportamento

Fábio Barbosa, proprietário do restaurante Nova Casa, acredita que esse período vai provocar uma mudança comportamental definitiva nos consumidores e destacou o desempenho das modalidades delivery e take away durante o período no qual o restaurante ficou fechado para atendimento presencial.

"Acredito que vai ter alguma redução. Alguns clientes já manifestaram interesse em continuar com o delivery", diz. "Outros realmente precisam de um espaço para almoçar e vão precisar voltar", pondera Barbosa.

 

 

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