Aplicativos para economizar na feira: veja prós, contras e mais alternativas

Ferramenta promete reduzir o preço em até 70%, mas demora para entregar

Escrito por Redação ,
App sobre o teclado
Legenda: Os interessados podem criar um grupo para comprar determinado produto ou participar de um já existente
Foto: Shutterstock

A inflação, o desemprego e a corrosão da renda da população brasileira obrigaram os consumidores a substituir e/ou eliminar itens da feira. Algumas famílias, contudo, observaram em aplicativos uma alternativa para evitar desfalques na cesta de consumo. Dentre os mais importantes estritamente no aspecto de preços baixos em Fortaleza, está a plataforma Facily

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A empresa promete baratear os produtos em até 70% devido à possibilidade de compras em grupos de amigos ou familiares, além da derrubada de etapas logísticas. Esse recurso foi a saída que a diarista Fabiana Araújo, de 36 anos, encontrou para driblar a alta de alguns alimentos e produtos de limpeza. 

“Eu cheguei a comprar café de marcas boas de R$ 0,49 e R$ 0,99, além de feijão, arroz, óleo e até amaciantes bem baratos mesmo”, lista. Na prática, a empresa surfa no ‘boom’ do ‘atacarejo e o readapta para o ambiente virtual, conforme explica o gerente de Varejo da Strong Business School, Ulysses Reis. 

"No mundo, as áreas de varejo que mais aumentam suas vendas são aquelas com que adotaram esse modelox, diz, exemplificando que o Grupo do Pão de Açúcar vendeu lojas do Extra para o Assaí. 

Ulysses acrescenta que, no caso da Facily, une-se a competência da internet, a falta de necessidade de estoque, de pontos de vendas, mão de obra reduzida, previsibilidade e formação de grupos. Juntos, esses fatores permitem a queda dos preços para o consumidor final.  
 

Os preços são realmente mais baratos?

 

Em alguns casos, sim. Basta fazer uma pesquisa comparativa nos aplicativos para encontrar alguns valores abaixo do mercado. Mas como eles fazem para fornecer alimentos mais baratos? No site, a empresa informa cortar intermediários ao longo do processo de venda, como o frete, formas de pagamento e a malha de entrega.

O aplicativo funciona assim: novas ofertas são inseridas diariamente. Os interessados podem criar um grupo para comprar determinado produto ou entrarem em um já existente. Após concluir a aquisição, deve-se acompanhar o andamento do pedido no próprio 'app' para obter a data de recolhimento da mercadoria em algum ponto da Facily. 

O professor Ulysses explica que a etapa final de entrega, chamada de “last-mile" ou “última milha”, é cara no Brasil. Isso porque a cada parada de um veículo de cargas para retirada de produtos, estoque e redistribuição, sobe o valor do processo logístico. 

“Sem pensar em lucro e impostos, já tem aumento de 25%. Na hora em que o produto sai, mais 25%. Se houver mais dois intermediários, sobe para 100% o custo logístico”, calcula. Outro fator importante para reduzir o repasse para o consumidor, aponta, é o impacto da internet.

“A venda no comércio eletrônico tira custos de armazenagem, Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), aluguel de lojas e manutenção de equipes”, enumera. As compras coletivas também permitem a aquisição de grandes lotes para reduzir ainda amais o valor.

Ulysses avalia que esse modelo de negócio tende a crescer no Brasil. 

“Desde o início da pandemia, criaram-se necessidades e novas formas de se viver, trabalhar e comprar. Uma coisa muito importante: as empresas precisam se tornar, cada vez mais, produtivas e reduzir os custos porque o dinheiro disponível na mão do consumidor é escasso, as pessoas estão mais pobres”, analisa. 

 

Quando compensa comprar no aplicativo?

 

Devido à demora para o recebimento das compras, é complicado garantir a manutenção da feira, a depender da realidade de cada família. No entanto, pode compensar para aquelas que conseguem se planejar. Há, inclusive, milhares denúncias de clientes em relação ao atraso e não entrega de mercadorias.

Para a diarista Fabiana, citada no início desta reportagem, o aplicativo deixou de valer a pena. Ela começou utilizá-lo em agosto de 2021, mas não conseguia fazer as aquisições mensais em razão desta espera.

"Eu não me confiava, né? Ia comprando de acordo com as promoções e esperava chegar. Demorava entre 30 e 45 dias. Só que deixei comprar desde o fim de janeiro, quando começou a subir tudo e ficar parecido com o preço do mercantil", relata. "Eu ainda olho para ver se algo compensa muito, mas nunca mais comprei", acrescenta. 

Juliana Barbosa, economista e educadora financeira, orienta aquisições em quantidades maiores. "Neste caso, você dilui os custos e compra mais barato, tendo em vista a grande alta nos preços dos alimentos, puxada pela inflação nos últimos meses", analisa.

Juliana lembra que a tecnologia é uma grande aliada das finanças. Se utiliza da forma correta, pode trazer inúmeros benefícios.

"Além do Facily, há aplicativos que ajudam a pesquisar preço na região onde você vive, como o 'Menor Preço Brasil'. Esse app usa a sua localização para te ajudar a encontrar e escolher o supermercado mais em conta para os itens que você deseja comprar", sugere.

O gerente de Varejo da Strong Business School, Ulysses Reis, pondera, entretanto, que a Facily tem diferenciais competitivos, mas possui pontos frágeis: o atendimento e as respostas aos clientes."É preciso melhorar esses aspectos. Não comprometem o negócio, mas devem ser melhorados", observa. 

 

Quem está por trás deste negócio?

 

A startup Facily entrou no mercado em 2018. As cabeças por trás desse negócio são os fundadores Diego Dzodan, ex-vice-presidente do Facebook no Brasil; Luciano Freitas, ex-Airbnb e ex-Uber; e Vitor Zaninotto, ex-SAP. 

Até então, só se via esse modelo para serviços e outros, em sites como Barato Coletivo, Groupon e Peixe Urbano. 

No Brasil, a Facily é a única que possui a vantagem das compras coletivas para produtos de feira, apesar de haver programas de descontos em plataformas de algumas redes e cupons em aplicativos de delivery. 

O Diário do Nordeste não conseguiu contato com a empresa até a publicação desta matéria para dados regionais e questionamentos sobre as reclamações dos serviços.

No site, eles informam receber mais de 400 mil pedidos por dia, entregando mais de 7 milhões de mercadorias diariamente. 

 

Quais as alternativas para conseguir produtos mais baratos?

 

Com a proposta de compras coletivas, não há ainda. Mas tem outras formas de economizar. Veja abaixo.

 

Rastrear promoções no seu bairro

 

plataforma "Supermercado Now" mostra onde há promoção a partir do seu endereço. Basta inserir o CEP e localizar os descontos no estabelecimento mais próximo. 

 

Aplicativos de delivery 

 

 iFood, Rappi e outros aplicativos de delivery liberam cupons para compras em farmácias e supermercados, além dos restaurantes. Vale ficar de olho nesses descontos para economizar. 

Aplicativos próprios das redes de supermercados

Algumas redes de supermercados possuem aplicativos próprios, com programas de fidelidade e promoções diárias, como Pão de Açúcar e Extra. 

 

Pão de Açúcar e Extra

 

Segundo a empresa, os aplicativos dos programas de fidelidade das redes oferecem ofertas exclusivas e personalizadas para cada cliente, na funcionalidade 'Meu Desconto'. No caso de novos usuários, são mostrados produtos relevantes no momento. As ofertas são atualizadas semanalmente. 

Como funciona: o cliente deve ativar ofertas que o interessam. A validação é imediata e o desconto aplicado automaticamente, aparecendo no ato da compra em qualquer loja das bandeiras Pão de Açúcar, Mercado Extra, Minuto Pão de Açúcar e Mini Extra. Basta informar o CPF. Os descontos também são aplicados ao finalizar a compra nos e-commerces.

Como participar: realizando o cadastro gratuitamente nos aplicativos do Clube Extra e/ou do Pão de Açúcar Mais (IOS e Android). Caso o cliente já seja cadastrado, basta identificar-se com o CPF, e as ofertas disponíveis vão aparecer no aplicativo.

 

 

 

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