Pioneiro e líder nacional em potência instalada de geração de energia eólica até 2014, o Ceará foi ultrapassado definitivamente, em dezembro daquele ano, pelo Rio Grande do Norte. Nos meses seguintes, foi superado também pelo Rio Grande do Sul e pela Bahia. Hoje, o Ceará é o quarto do País em potência instalada, com 1,3 gigawatts (GW), e também em número de parques eólicos em operação, que somam 48, menos da metade de empreendimentos que o Rio Grande do Norte possui (102).
O atual líder nacional nesse tipo de energia ultrapassou a marca dos 100 empreendimentos no último sábado (21), com o início das operações dos parques eólicos Baixa do Feijão I, II, III e IV. As novas eólicas adicionaram 120 megawatts (MW) em potência instalada ao Rio Grande do Norte, que passou a totalizar 2,8 gigawatts (GW).
Considerando a potência instalada, a Bahia é a segunda colocado do ranking nacional, com 1,6 GW distribuídos em 65 parques. Na terceira posição, está o Rio Grande do Sul, com 1,5 GW e 67 parques. Em seguida, estão o Ceará (1,3 GW e 48 parques) e o Piauí (705 MW e 25 empreendimentos em operação).
Embora o Ceará esteja hoje na quarta colocação, se forem considerados os parques em construção, os projetos já contratados e os últimos leilões de energia realizados, o Estado soma 2,5 GW, atrás apenas da Bahia e do Rio Grande do Norte. "O Ceará e o Rio Grande do Norte são sócios na mesma bacia de ventos. O ambiente operacional é muito parecido, e as empresas são praticamente as mesmas", diz Jean-Paul Prates, diretor-presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais & Energia (Cerne) sobre o potencial cearense.
Parceiros
"Hoje, vejo os estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí como parceiros, em vez de competir, eu, quando fui secretário, busquei me juntar aos secretários vizinhos", diz Prates, ex-secretário de energia do Rio Grande do Norte. Com seus atuais 2,8 GW em potência instalada, o estado do Rio Grande do Norte é, atualmente, responsável por mais de 30% de toda a potência eólica instalada do Brasil.
Plano Estadual
Em outubro do ano passado, o Governo do Ceará anunciou o Plano Estadual de Energia, pensado para os próximos 20 anos, com ênfase na cadeia produtiva de energias renováveis. Um dos objetivos do plano é alavancar o setor energético, fazendo com que o Estado passe a gerar 22 GW em 2035, ante os cerca de 3,5 GW atuais, podendo recuperar a liderança no setor eólico.
Expectativa
Com a desaceleração da economia, e o menor consumo de energia per capita, Jean-Paul Prates acredita que os próximos leilões o governo adotará uma postura mais conservadora. "Hoje, nós temos mais energia contratada do que se poderia consumir", observa. "Caso o quadro não seja revertido, é inevitável que haja menos contratação. E o mercado vai ter que se contentar com o que já está contratado".
A expectativa é de que os próximos leilões sejam direcionados mais às linhas de transmissão do que à geração. "Hoje, você não tem mais o gargalo das linhas atrasadas como era antes. Certamente o governo direcionará sua atenção para linha de transmissão, porque a geração está sobrecontratada. Então, acredito que em 2018, com a volta do crescimento, poderemos retomar os leilões como nos anos anteriores", afirma Prates.