Alta de pedidos de seguro-desemprego indica freio no mercado de trabalho formal
Apesar da redução na taxa de desemprego divulgada pelo IBGE na última sexta-feira (28), já foram quase 7 milhões de pedidos do auxílio nos últimos 12 meses
A queda na taxa de desemprego do País de 14,9% no primeiro trimestre para 8% neste segundo trimestre de 2023, divulgada na última sexta-feira (28) pelo IBGE é uma boa notícia, mas a alta nos pedidos de seguro-desemprego é um ponto de atenção para o mercado de trabalho brasileiro.
Um levantamento realizado pela LCA Consultores revelou que os pedidos de seguro-desemprego nos últimos 12 meses, encerrados em junho, atingiram quase 7 milhões, o maior número desde o auge da pandemia de Covid-19, ultrapassando a média observada entre 2018 e 2019.
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"É uma mostra de que as empresas estão sofrendo para criar vagas de qualidade. Isso passa pela redução de demanda e pelo crédito apertado por conta dos juros altos. O empresário repensa investimentos e o quadro de funcionários", avaliou o economista da LCA Consultores Bruno Imaizumi, em entrevista ao g1.
Desaquecimento do mercado formal
Segundo Bruno, o mercado de trabalho formal é bastante resiliente e segue criando vagas, mas em desaceleração. Ele considera que seria necessária uma estabilização nos pedidos de seguro-desemprego em vagas de patamares mais alto para conseguir mudar essa trajetória.
Contudo, alguns números do mercado de trabalho são desanimadores. Nos últimos anos, apesar da melhoria na ocupação, a informalidade bateu recordes, superando os 40% em diversos trimestres desde então.
Quando se trata do mercado de trabalho formal, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontam para uma menor criação de vagas com carteira assinada no país. Em junho deste ano, a economia brasileira gerou 157,19 mil empregos formais.
De acordo com o Ministério do Trabalho, nos primeiros seis meses deste ano, foram criadas 1,02 milhão de vagas com carteira assinada, representando uma queda de 26,3% em comparação com o mesmo período de 2022, quando foram criados 1,38 milhão de empregos formais.
Além disso, as perspectivas de crescimento econômico, que são fundamentais para os investimentos, não são as melhores. Embora o PIB brasileiro tenha apresentado um primeiro trimestre surpreendente, os economistas não esperam que o agronegócio repita a performance da supersafra do início de 2023, e os demais setores também não têm motores para um crescimento robusto.
O governo federal tem a esperança de reverter esse sentimento cauteloso dos empresários por meio de melhorias no ambiente econômico. Entre as medidas em pauta estão a aprovação definitiva do arcabouço fiscal, o encaminhamento da reforma tributária e, eventualmente, a redução da taxa básica de juros.
Na próxima semana, com o fim do recesso parlamentar e a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que deve reduzir a taxa Selic pela primeira vez em dois anos, os tomadores de decisão estarão atentos aos acontecimentos.