Agências de viagem no Ceará já veem reação na demanda
Procura por viagens nacionais para o fim do ano começa a crescer, avaliam agências. Região Sul e Nordeste devem ser as mais procuradas pelos viajantes. Demanda em maio cresceu consideravelmente em relação a abril
A retomada do turismo no Ceará deverá ocorrer de forma lenta e gradual, podendo ser um dos últimos setores a se recuperar da crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus. Apesar das perspectivas, a Associação Brasileira de Agências de Viagem do Ceará aponta a existência de uma tendência de crescimento pela procura por pacotes turísticos nos próximos meses, movimento que pode crescer dependendo da redução dos índices de contágio pela Covid-19.
Essa demanda de consumo já tem sido percebida pela Agência Casablanca, a qual verificou que o interesse de clientes por viagens para destinos nacionais em maio dobrou em relação a abril. Os pacotes turísticos adquiridos nesse período na empresa são datados para o fim de 2020, a partir de outubro, e Carnaval 2021.
A estratégia adotada pela agência para minimizar os impactos econômicos provocados pela pandemia foi a manutenção do desejo do cliente em viajar. Além de oferecer o adiamento de pacotes sem pagamento de taxas extras, a empresa apostou em atividades que promovessem o contato dos futuros viajantes com o destino escolhido.
"Nós desenvolvemos algumas atividades para que os nossos clientes pudessem ter contato com o destino, como a visitação de museus de forma online. Fizemos também a indicação de filmes, livros e receitas que tinham a conexão com a cidade que o cliente estava planejando viajar", explica Paulo Neto, gerente de Lazer da Casablanca.
A retomada das atividades relacionadas ao turismo deve acontecer de forma local para global, de acordo com ele. "As pessoas devem inicialmente viajar para locais mais próximos em viagens mais curtas. Posteriormente, o cliente deve se sentir mais à vontade para fazer isso dentro do seu país, e um pouco mais adiante, a viajar para o exterior", aponta.
Essa tendência está atrelada aos impactos econômicos do novo coronavírus nos outros setores, explica Paulo. "Uma viagem está linkada a alguns fatores que a pandemia também mexeu. Ela mexeu com a renda, com as férias das pessoas, muitos anteciparam férias. O período escolar também mudou. Todos esses fatores vão interferir no interesse do cliente em viajar", esclarece.
Sul e Nordeste
A preferência dos viajantes por destinos domésticos no segundo semestre de 2020 e em 2021 também é observada pela Agência CVC. A companhia aponta que o Nordeste e o Sul do País serão as regiões mais procuradas pelos clientes. "Acreditamos que até terem tranquilidade para viajarem novamente, os viajantes darão prioridade, em um primeiro momento, às viagens mais curtas, para locais onde elas se sintam mais seguras, próximos as suas cidades de origem", projeta a empresa.
Segundo a CVC, cidades das regiões Sul e Nordeste já são, tradicionalmente, os destinos mais procurados pelos brasileiros. A agência de viagens acredita que os viajantes devem retornar a locais já visitados no período pós-pandemia, deixando para explorar novos lugares posteriormente.
"Além dos destinos nacionais, lugares de praia ou natureza, próximos à cidade de origem. Outra tendência de comportamento que acreditamos que os viajantes passarão a adotar pós-Covid é a busca por destinos que já tenham familiaridade, locais que trazem bem-estar e garantia de bons momentos. Isto significa que o brasileiro vai acabar viajando para destinos que já conhecem e vão deixar para explorar novas opções mais para frente", explica a agência.
O efeito da pandemia no turismo do Ceará deve promover o fechamento de 30% a 40% das agências de viagem do Estado, segundo Murilo Santa Cruz, presidente da Abav. "A gente acredita que 30% a 40% da cadeia de agências não retomarão suas atividades. Outro percentual é em relação à redução do número de lojas, empresas que tinham filiais já reduziram em 50% a quantidade de lojas na cidade", aponta.
No Ceará, de 600 a 800 funcionários de agências de viagem tiveram os contratos de trabalho suspensos ou carga horária reduzida nos meses de abril, maio e junho.