Abertura parcial dá fôlego ao comércio, mas recuperação ainda é distante
Com perdas acumuladas desde março, estabelecimentos comerciais de 43 cidades voltaram a abrir as portas. Retomada será gradual e dependerá de desempenho da economia e da capacidade financeira de cada lojista
A reabertura do comércio em 43 dos 44 municípios da chamada "Região de Saúde de Fortaleza", que ontem (22) passou para a fase 1 do plano estadual de retomada das atividades econômicas, deu um ânimo ao setor que vinha acumulando perdas desde o mês de março, após o início da quarentena. A expectativa, no entanto, é que a recuperação se dê de forma gradativa dependendo, sobretudo, do desempenho da economia nos próximos meses e da capacidade financeira de cada lojista.
"A economia é a grande incógnita. Acredito que nós ainda estamos anestesiados com esses recursos federais (como o auxílio emergencial). A minha preocupação é sobre o que acontecerá quando esses recursos minguarem. Quando acabarem os benefícios, vai aparecer a fratura", avalia Freitas Cordeiro, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL-CE).
Nesta primeira fase, os estabelecimentos podem funcionar com até 40% da força de trabalho de forma presencial. Em Fortaleza, que avançou para a fase 2, alguns setores já podem funcionar com até 100% da equipe - os que são ligados às cadeias produtivas indústria química e correlatos, couros e calçados, metalmecâni-ca, saneamento e reciclagem, energia elétrica e construção.
Quanto ao ritmo de recuperação dos comerciantes, Cordeiro avalia que dependerá mais da capacidade financeira dos negócios do que do setor de atuação. "Isso vai depender mais das reservas que as empresas tinham antes da crise. Algumas vão desaparecer, outras vão sobreviver e concentrar mais clientes. É uma seleção natural. Hoje, temos que procurar uma maneira de sobrevivência, aumentando o acesso ao crédito para capital de giro, porque não se sabe o que vem pela frente", ele diz.
Material de construção
Mesmo diante das dificuldades, um dos segmentos que vem se sobressaindo, desde que a fase 1 foi iniciada somente em Fortaleza, é o de material de construção devido à demanda reprimida causada pela quarentena. E a expectativa é que o mesmo ocorra nos demais municípios da "Região de Saúde de Fortaleza".
"O setor de material de construção está tendo bons resultados e já há dificuldade de reabastecimento em algumas lojas, que deverá ser normalizado em breve", diz Maurício Filizola, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio).
Por outro lado, há uma preocupação quanto aos diversos segmentos cujas atividades estão relacionadas aos setores de turismo e eventos, que irão reabrir na última fase do plano de retomada. Para Freitas Cordeiro, o peso do turismo para o Estado como um todo é motivo de preocupação, principalmente no momento em que o Ceará vinha expandindo a malha aérea doméstica e internacional. "Muitos empreendimentos voltados para essa indústria ainda vão sofrer muito. Isso nos preocupa".
De acordo com Flávio Ataliba, secretário executivo de orçamento e planejamento da Seplag, quando as medidas de isolamento foram impostas em março, foram suspensos cerca de 600 mil empregos formais no Estado, de um total de 1,5 milhão. "Agora, na Fase 2, nós liberamos 200 mil. Então ainda temos 400 mil empregos a serem buscados até a Fase 4".
Estabelecimentos comerciais de 43 municípios cearenses foram autorizados a reabrir as portas pela primeira vez desde o início do isolamento social, em março. Alívio ainda está longe de recuperação do setor
Municípios que avançam para a fase I do plano
Aquiraz, Eusébio, Itaitinga, Apuiarés, Caucaia, General Sampaio, Itapajé, Paracuru, Paraipaba, Pentecoste, São Gonçalo do Amarante, São Luís do Curu, Tejuçuoca, Acarape, Barreira, Guaiuba, Maracanaú, Maranguape, Pacatuba, Palmácia, Redenção, Aracoiaba, Aratuba, Baturité, Capistrano, Guaramiranga, Itapiúna, Mulungu, Pacoti, Amontada, Itapipoca, Miraíma, Trairi, Tururu, Umirim, Uruburetama, Beberibe, Cascavel, Chorozinho, Horizonte, Ocara, Pacajus e Pindoretama.