3 em cada 10 jovens no Ceará nem estuda e nem trabalha, aponta IBGE

Dados mostram que o Estado é o quinto do País como a maior população desocupada na faixa etária de 15 a 29 anos

Escrito por Luciano Rodrigues , luciano.rodrigues@svm.com.br
Legenda: Mais de 30% da população cearense entre 15 e 29 anos não estuda nem está ocupada
Foto: José Leomar/Diário do Nordeste

O Ceará tem 30,6% da população de 15 a 29 anos que nem estuda, nem está ocupada, grupo denominado atualmente de NENO. Anteriormente chamada de "nem-nem" (nem estuda e nem trabalha), essa faixa etária coloca o Estado como o quinto do País com o maior percentual de pessoas fora de sala de aula e de postos de trabalho.

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Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (6) na Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022. Cerca de 672 mil cearenses se enquadram nos requisitos de NENO, o que representa três em cada dez jovens do Estado. 

Em todo o Brasil, apenas Maranhão, Alagoas, Acre e Amapá têm maior percentual de pessoas entre 15 e 29 anos que não estudam e não estão ocupadas. Do lado oposto, Santa Catarina é onde há a menor porcentagem de jovens em situação de NENO: 12,8%.

Apesar dos resultados, o Ceará teve uma redução no indicador em relação a 2021. Há dois anos, ainda sob efeitos de restrições econômicas por causa da pandemia de Covid-19, 34% da população do Estado não estudava nem estava ocupada. O número de 2022 representa uma queda de 3,6 pontos percentuais.

A queda no Ceará foi parecida com o resultado nacional. No Brasil, a porcentagem de pessoas nesta situação está em 22,3%, redução de 3,5 pontos percentuais em comparação com 2021. 

A maior diminuição foi registrada no Tocantins, de 7,2 pontos percentuais. Há dois anos, 26,6% da população do Estado era NENO, mas em 2022, o número caiu para 19,5%.

Somente cinco estados tiveram aumento da população de 15 a 29 que não estuda e nem está ocupada: Amapá, Amazonas, Piauí, Rio Grande do Norte e Santa Catarina.

Veja a lista dos estados do Brasil por jovens em NENO em 2022:

  1. Maranhão: 33,7%;
  2. Alagoas: 32,2%;
  3. Acre: 31,9%;
  4. Amapá: 31%;
  5. Ceará: 30,6%;
  6. Paraíba: 29,9%;
  7. Pernambuco: 29,7%;
  8. Rio Grande do Norte: 29%;
  9. Amazonas: 28%;
  10. Bahia: 27.9%;
  11. Piauí: 27,8%;
  12. Sergipe: 27,2%;
  13. Roraima: 25,9%;
  14. Rio de Janeiro: 25%;
  15. Pará: 24,5%;
  16. Rondônia: 20,8%;
  17. Mato Grosso: 20,3%;
  18. Minas Gerais: 19,9%;
  19. Espírito Santo: 19,5%;
  20. Tocantins: 19,5%
  21. Goiás: 18,6%;
  22. Distrito Federal: 17,6%;
  23. São Paulo: 17,1%;
  24. Paraná: 17%;
  25. Mato Grosso do Sul: 16%;
  26. Rio Grande do Sul: 15,7%;
  27. Santa Catarina: 12,8%.

EFEITOS DA PANDEMIA

O indicador da população NENO apresenta redução no Ceará por um motivo principal: o arrefecimento da pandemia de Covid-19. É o que aponta Vitor Hugo Miro, professor do departamento de Economia Agrícola e coordenador do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP), ambos na UFC.

"Essas estatísticas de 2022 é quando a gente tem uma retomada. Em 2020 e 2021, muitos dos jovens em esquema de aulas remoto acabaram abandonando o estudo, fechamento de atividades econômicas também causou uma redução de oportunidades, principalmente para pessoas que estavam iniciando uma carreira no mercado de trabalho", pondera.

Na contrapartida da melhora, está o baixo percentual de pessoas no Ceará que estão principalmente em sala de aula, contrastando com os bons indicadores na educação básica no Estado.

Para Vitor Hugo Miro, ainda há muita dificuldade, por parte de entes públicos e da própria sociedade, em manter os jovens no ensino médio, contribuindo ainda para uma evasão significativa nos anos finais da vida escolar.

"O Ceará é uma referência para o Brasil todo no ensino básico, mas a gente ainda comete alguns pecados quando esses jovens migram do ensino fundamental para o médio, não estamos conseguindo manter esses jovens no mesmo padrão de referência. A evasão é muito elevada, muitas famílias acabam não tendo condições de manter os filhos estudando, e as oportunidades do mercado de trabalho acabam não sendo muito atrativas para esses jovens", salienta o professor.

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