UFC instala centro de políticas de água e secas no CE; veja pesquisas prioritárias e como funcionará

A instituição vinculada ao gabinete do reitor da UFC engloba 21 laboratórios de pesquisa incluindo as engenharias, Física, Geologia, Sociologia, Administração e Direito

Escrito por Thatiany Nascimento , thatiany.nascimento@svm.com.br
Legenda: O CEPAS será um espaço de integração de pesquisas acadêmicas e desenvolvimento de produtos e modelos práticos que auxiliem a produção de políticas públicas.
Foto: Waleska Santiago/SVM

O Centro Estratégico de Excelência em Políticas de Águas e Secas (CEPAS), criado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em novembro de 2023, foi efetivamente instalado, nesta quinta-feira (4), no prédio vizinho à Biblioteca Central no Campus do Pici, em Fortaleza. Com isso, tem início o trabalho conjunto de pesquisa do CEPAS que é composto por 21 laboratórios de incluindo os de engenharias, Física, Geologia, Sociologia, Administração e Direito. 

O CEPAS terá dentre os temas prioritários de discussão e trabalho o uso das águas no Estado, o planejamento para a ocorrência de secas e os impactos das mudanças climáticas, e, na prática, será um espaço de integração de pesquisas acadêmicas e desenvolvimento de produtos e modelos práticos que auxiliem a produção de políticas públicas. Ele é composto por laboratórios já existentes na UFC que, agora, atuarão de forma integrada. 

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O CEPAS terá como diretor o professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da UFC, Francisco de Assis de Souza Filho. Na instalação do Centro, ele destacou que um dos pontos que o Ceará precisa avançar e que o CEPAS deverá atuar é o planejamento para enfrentamento das secas, com análise das vulnerabilidades, monitoramento das necessidades e estabelecimento de ações a serem adotadas em cada cenário. 

“São ações estruturais e esse planejamento que fazemos é o planejamento que pode entrar em operação esse ano, mas também em qualquer outro ano em que tenha seca”, completa. 

Nesse ponto, uma das iniciativas já em curso fruto da parceria entre a UFC e a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), é a produção de Plano de Gestão Proativa de Seca de cada um dos 157 reservatórios de água monitorados pela Cogerh no Estado. 

Com esse trabalho que é de pesquisa e também é aplicado, cada açude do Ceará poderá ter um documento normativo no qual constará, dentre outros, as características das vazões, a relação oferta-demanda e os riscos toleráveis. 

Legenda: Reitor da UFC, Custódio Almeida na instalação do CEPAS
Foto: Thatiany Nascimento

Monitoramento das águas

Outro ponto de atuação, explica, é a utilização mais eficiente da água, “tanto na irrigação, como nas cidades”. “Temos que promover o manejo mais adequado nas áreas irrigadas, pode usar a tecnologia de ponta pra melhorar esse manejo. Temos também que melhorar a gestão de água nas redes de distribuição, no sistema de abastecimento para reduzir perdas e aumentar a eficiência”, diz o professor. 

Foto: Waleska Santiago/SVM

O professor indica que no Ceará a água é um dos pontos constantes de atenção.

“Aqui o problema da água é a água tanta na cheia, tão pouca na seca, tão suja, tão conflituosa e tão cara. Temos que gerenciar cheias urbanas e rurais. A água também não pode ser tão pouca na escassez, nem tão suja. Temos que mitigar a poluição. A gente tem que reduzir os custos da água para fazer com que tenha maior segurança, com o menor preço possível e ainda trabalhar essa questão dos conflitos. E para isso, esse processo de participação pública é essencial”.
Francisco de Assis de Souza Filho
Professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da UFC

Na instalação, o reitor da UFC, Custódio Almeida, também destacou que o CEPAS “não começou a partir do zero, ele começou identificando os laboratórios que já estão instalados em funcionamento e com trabalhos bem feitos, mas isolados”. Ao serem identificados, esses laboratórios assinaram termos de compromisso de integração para atuarem juntos no CEPAS. 

Na prática, cada laboratório segue de forma autônoma com as próprias pesquisas, mas com objetivos compartilhados e possível integração dos trabalhos. “A grande virada, a grande sacada, é saber que as inteligências individuais já estão instaladas, mas a gente agora precisa criar o que chamo de inteligência social, que integre esses grupos de individuais, pensando juntos na solução de problemas que tem a ver com gestão de água e gestão de secas no Ceará”, explica. 

Qual a estrutura do Cepas?

O CEPAS, que agora com um espaço físico, terá um Conselho Gestor, que é a instância executiva, formado por um diretor-geral, um vice-diretor e o líder de cada laboratório ou núcleo que o integra. 

Conheça os laboratórios que participam do CEPAS:

  • Laboratório de Gerenciamento de Risco Climático para a Sustentabilidade Hídrica (GRC)
  • Laboratório de Monitoramento e Alerta Precoce de Secas
  • Laboratório de Injeção de Água, Óleo, Gás e CO2 em Rochas-Reservatórios (ICARE6)
  • Laboratório de Hidrologia Isotópica
  • Laboratório de Estudos da Violência (LEV)
  • Grupo de Pesquisa em Alocação de Água, Participação Social e Democracia (ALOCAR)
  • Laboratório de Simulação Hidrológica
  • Laboratório de Hidrogeologia
  • Laboratório de Hidráulica Computacional
  • Laboratório de Recursos Hídricos (LRH)
  • Laboratório de Mecânica dos Solos e Pavimentação (LMSP)
  • Laboratório de Geotécnica e Prospecção (LAGETEC)
  • Laboratório de Qualidade e Tratamento de Água (SELAGUA)
  • Laboratório de Processos Oxidativos Avançados (LabPOA)
  • Laboratório de Eletrônica e Mecânica Agrícola (LEMA)
  • Earth Observation Labomar Laboratory (EOLLAb)
  • Signal and Information Processing for Data Analysis and Learning System (SPIRAL)
  • Laboratório de Estudos em Competitividade e Sustentabilidade (LECoS)
  • Núcleo de Estudos em Economia do Meio Ambiente (NEEMA)
  • Laboratório de Sistemas e Bancos de Dados
  • Laboratório de Cartografia Social e Geoprocessamento (LABOCART)

Os laboratórios definem a periodicidade de reuniões e como se darão os processos de pesquisa. Apenas o Conselho Gestor terá uma periodicidade de reuniões definida. 

O CEPAS também terá uma articulação com o poder público e a ideia, segundo a UFC, é estar em permanente contato com a Cogerh, Funceme, Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP), no âmbito estadual. E com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) na esfera do Governo Federal.

 

 

 

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