Subvariante da Covid ‘Eris’: conheça sintomas e riscos da nova forma do vírus confirmada no Brasil

Chegada acontece num contexto em que apenas 16% da população cearense está com a vacina bivalente

Escrito por Lucas Falconery , lucas.falconery@svm.com.br
Legenda: Imunização está disponível em postos de saúde
Foto: Thiago Gadelha

O primeiro caso de infecção pela subvariante EG.5, nomeada de “Eris”, foi confirmado nesta quinta-feira (17), em São Paulo, pelo Ministério da Saúde. Devido a baixa testagem, contudo, não é possível determinar a circulação por outros estados, como o Ceará. A certeza dos cientistas é uma: a população precisa manter o calendário vacinal em dia.

O Diário do Nordeste buscou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), mas não há identificação divulgada da mutação viral até a publicação desta reportagem. A infecção pela Eris em SP foi identificada numa mulher, de 71 anos, que possui o esquema vacinal completo e já está curada.

Os sintomas começaram no dia 30 de julho, mas o exame foi feito apenas no dia 8 de agosto. Foi descrito no caso:

  • Febre
  • Tosse
  • Fadiga
  • Dor de cabeça

O MS mantém o monitoramento dos dados relacionados ao coronavírus em diálogo com autoridades internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS). 

As atuais orientações para conter o avanço do vírus são o uso de máscaras em locais fechados, mal ventilados ou em aglomerações e o isolamento de pacientes infectados com coronavírus ou com sintomas gripais.

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Fábio Miyajima, coordenador da Rede Genômica da Fiocruz Ceará, explica que um mesmo vírus pode causar sintomas gripais simples ou pneumonia com um quadro mais delicado. As diferenças podem acontecer de acordo com a idade, relação com outras doenças e imunização, por exemplo.

“Sempre quando surge uma nova subvariante, como a Eris, todas são ligadas à grande dispersão da variante Ômicron e todas são sublinhagens dela. Em comum, priorizam a alta taxa de transmissão, o escape da vacina ou do anticorpo e causa novos repiques de causa”, detalha.

O infectologista Keny Colares explica que são necessárias mais semanas para conhecer em detalhes o impacto da EG.5.

"Boa parte das mudanças não trazem uma implicação prática para a vida da gente. Nas últimas semanas, foram descritas duas subvariantes, que ainda são Ômicron, mas mereceriam um pouco mais de atenção em relação às outras circulantes", detalha.

O especialista se refere à EG.5, notada principalmente nos Estados Unidos e Japão, e a BA.6, disseminada em Israel e na Dinamarca, que reavivou o debate sobre o uso de máscaras.

Não tem aumentado casos ou óbitos, mas sabemos que ao aparecer vírus novos e aumentar os casos são semanas que se passam
Keny Colares
Infectologistas

Quais os cuidados

O surgimento da subvariante EG.5 acontece num contexto em que 8 a cada 10 pessoas no Ceará não tomaram a vacina bivalente: apenas 1,2 milhão de doses foram aplicadas, enquanto o público apto para o imunizante é de 7,6 milhões de indivíduos, até esta quinta-feira (17).

A realidade estadual aponta que apenas 16,73% da população está protegida, conforme os dados da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Em Fortaleza, a situação é semelhante: somente 18,6% do público garantiu a bivalente.

Autoridades sanitárias apontam que uma cobertura vacinal entre 70% e 80% é o mais ideal e alertam sobre a vulnerabilidade, especialmente dos pacientes idosos ou com doenças crônicas, com a nova forma do vírus.

Fábio Miyajima frisa que não é o momento de “baixar a guarda”, mas sim de buscar a vacina e de fazer testagem e uso de máscaras, caso haja infecção.

“A pessoa doente deve evitar se expor em lugares públicos, ter o cuidado com a máscara” mais cuidados com o grupo de risco e continuar o programa de imunização serve para todos os quadros virais e temos de estar preparados para o novo repique de casos”, pontua.

A baixa testagem, inclusive, atrapalha os dados analisados pela Fiocruz, que monitora os tipos de coronavírus predominantes no Ceará. “As pessoas não procuram os testes e, mesmo num quadro leve ou moderado, isso ajuda na vigilância”, detalha.

Nós nunca paramos com o serviço de vigilância de vírus, estamos expandindo para outros vírus como influenza, dengue, zika e chikungunya, para caracterizar e identificar o patógeno
Fábio Miyajima
Coordenador da Rede Genômica da Fiocruz Ceará

O que é a subvariante Eris?

A nova subvariante é uma derivada da Ômicron, forma predominante do vírus em todo o mundo, e foi considerada como uma “variante de interesse” (quando é identificada como causadora de transmissão comunitária ou de múltiplos casos) pela OMS.

Essa mutação já foi identificada em mais de 50 países e, devido a maior capacidade de transmissão, pode se tornar a principal forma circulante no mundo, conforme a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) em nota técnica publicada nesta quinta-feira (17).

As informações foram divulgadas antes do primeiro caso confirmado da subvariantes, mas a SBI pontuou que “é possível que possa já estar circulando no país de forma silenciosa, devido ao baixo índice de coleta e análise genômica no Brasil”.

Mesmo assim, a OMS classificou a EG.5 como de baixo risco para a saúde pública em nível global. Isso significa que, mesmo com a confirmação da subvariante, não foi identificada maior gravidade dos casos de Covid.

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