Provas do 1º dia do Enem 2023 exigiram leitura e conhecimentos gerais; confira análise
Especialistas apontam que Exame trouxe temas atualmente muito discutidos pela sociedade brasileira
O primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 exigiu uma alta carga de leitura e conhecimentos gerais dos candidatos, avaliam professores ouvidos pelo Diário do Nordeste.
Segundo eles, tanto a Redação, quanto as provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e a de Ciências Humanas e suas Tecnologias trouxeram temas atualmente muito discutidos pela sociedade brasileira.
Para Vinícius Beltrão, coordenador de Ensino e Inovações no SAS Plataforma de Educação, a prova de Linguagens e Códigos deu protagonismo a “assuntos necessários à nossa sociedade”.
“Havia muitas questões sobre racismo, sobre a condição das pessoas negras no Brasil, sobre equidade de gênero, falando do papel da mulher na sociedade, da invisibilidade da mulher historicamente, tivemos ainda questões sobre a cultura indígena”, aponta.
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Ele destaca que mesmo as questões de língua estrangeira trouxeram “mais que a exploração linguística, mas questões para discutir acerca das mazelas sociais.
“Tivemos questões envolvendo as artes, mas exigindo um pensamento crítico sobre a função da arte, sobre pessoas envolvidas com a arte que não tiveram seu reconhecimento como grandes celebridades pelo simples fato de serem mulheres ou de serem negras”
Beltrão aponta ainda que identificou poucos autores modernistas, com uma presença maior da literatura contemporânea, “sempre com um engajamento social muito forte".
Conforme o professor, a prova de Linguagens e Códigos estava cansativa e trazia textos complexos e que exigiam a comparação entres eles, com uma presença menor de imagens no caderno de questões.
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“Havia muitos textos falando sobre preconceito linguístico, estava bem forte, mas ele trazia um preconceito linguístico também atrelado às questões de desigualdade social, atrelado à questão racial no Brasil", conclui.
“Aluno pensante”
“Uma prova com temas bem progressistas” é como o professor Caê Lavor, diretor de Ensino Médio e Avaliações do SAS Plataforma de Educação, define esta edição do Enem.
“Abordou principalmente temas de engajamento social, como o papel da mulher na sociedade, então vários temas associados à equidade de gênero serviram como contexto na prova. E um destaque muito interessante nessa prova foi que vários enunciados usaram como contexto fontes bem atuais, como jornais, foram mais de 20 questões associadas a isso, o que tornou a linguagem de alguns enunciados muito mais acessível”
“Porém, isso exigiu desse aluno habilidades diferentes, ele precisou ter muito mais senso crítico e muito mais consciência social para conseguir, a partir dessas percepções, entender os impactos da transformação da sociedade como um todo”, afirma o professor.
Segundo ele, o grau de dificuldade do Exame foi semelhante ao de anos anteriores, mas, desta vez, foi “exigido muito mais um aluno pensante e muito menos um aluno que memoriza informações e tem um conhecimento enciclopédico".