Prova de Matemática do Enem 2025 usou Usain Bolt, corrida e livrarias em questões; veja

Professores comentaram os principais temas e formatos da prova do Enem 2025.

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 18:15)
Cartaz do ENEM com parte do texto visível ao lado esquerdo, exibindo o nome do exame em letras azuis. Ao fundo, pessoas caminhando em direção ao local de prova, com movimento intenso em área externa, próximo a uma estrutura com cobertura e vegetação.
Legenda: Prova de Matemática do Enem 2025 ocorreu neste domingo, 16 de novembro.
Foto: Agência Brasil.

No 2º dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, realizado neste domingo (16), as questões de Matemática chamaram a atenção pelo uso de recursos de imagens, por explorar assuntos menos usuais e por apostar na interdisciplinaridade.

As análises foram feitas por profissionais da educação ouvidos pela reportagem do Diário do Nordeste. A prova deste domingo 90 questões no total, sendo 45 delas de Matemática e as 45 restantes de Ciências da Natureza (Física, Química e Biologia)

Conforme Fernanda Abreu, Editora de Matemática no SAS Educação, a prova de Matemática estava “bem balanceada. “25 questões — ou seja, mais da metade da prova — tinham algum tipo de recurso imagético, sendo tabela, gráfico ou imagem”, destacou.

O apontamento foi ecoado por Carolina Costrino, professora do Curso Anglo. "Teve bastante imagem, gráfico. Teve algumas análises de gráfico que era pra ser feita visualmente", destacou.

"Esse ano teve duas questões desse tipo que era analisar gráfico, mas seguindo as instruções que ele dava no enunciado. Era mais ler o texto, interpretar e seguir as informações do gráfico. Teve umas duas ou três (questões) assim", pontuou Carolina.

“Outra coisa que me chamou a atenção foi que algumas questões tinham comandos mais longos do que o normal. Mesmo em página aberta, a questão tinha um comando de duas linhas, algo que é pouco usual”, ressaltou Fernanda.

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Em relação a conteúdos, a especialista destacou que as questões de geometria, por exemplo, “estavam condizentes com o que a gente via nos anos anteriores”. “Tinha uma questão de projeção ortogonal, que é algo que sempre cai”, ilustrou. 

No entanto, um tema pode ter surpreendido os alunos, conforme avaliação de Fernanda. “Diferentemente dos anos anteriores, esse ano caiu uma questão de função tangente”, afirmou.

A questão citada apresentava um gráfico da função tangente e a imagem de um recipiente. O pedido, conforme a especialista, era para o aluno interpretar o gráfico, os parâmetros e a função dele. 

“Presumo que essa questão não vá ser fácil para a grande maioria dos alunos por conta de que em nenhum outro ano caiu sobre função tangente”, avaliou.

Textos datados

Fernanda ainda destacou que a prova de Matemática usou poucos textos referenciados. Os que foram utilizados, inclusive, eram mais antigos. Um, que falava sobre meditação e contava com um gráfico, era de 2015. 

Outro era da revista “Galileu” e foi publicado em 2018. Como resumiu Vinicius Beltrão, Gerente de Ensino e Inovações Educacionais no SAS Educação, “o repertório de textos da prova estava bem restrito”. 

“Textos retirados de revistas, artigos, eram poucos. Em sua esmagadora maioria, eram textos datados”, ressaltou ele.

Diálogo da matemática com outras áreas

Um ponto positivo ressaltado pelo gerente, no entanto, foi a construção de questões em diálogo com outras áreas. “A Matemática trazia muitas questões de análise de gráficos e raciocínio lógico envolvendo outras áreas do conhecimento, mas num caráter bem interpretativo”, explicou.

Duas questões, por exemplo, envolviam esporte. Uma delas usava o tempo de corrida do atleta jamaicano Usain Bolt para basear um problema. 

Já a outra pedia para o aluno descobrir qual seria o pace de um corredor. O termo é comum no universo das corridas de rua e mede o tempo que alguém toma para correr uma distância específica. 

“Tinha uma questão, por exemplo, que falava de uma livraria e (a partir do) estoque que ela tinha de obras de autores brasileiros e estrangeiros, o que valeria a pena fazer reposição porque estava vendendo mais”, seguiu.

Um exemplo final foi a de uma questão que apresentava o número de pessoas interessadas em fazer curso de idiomas em diferentes línguas. A partir de percentuais de interessados e de vagas, o aluno precisava estimar a quantidade de alunos que faria o curso de francês em determinado ano.

“As análises de gráfico na Matemática repetiram o conto de serem questões mais fáceis em sua grande maioria e aproveitavam para trazer situações-problema envolvendo situações do cotidiano”, resumiu Vinicius.

Temas que ficaram de fora 

Segundo Domingos Cereja, professor e autor de Matemática do Colégio e Sistema pH, levaram falta na prova de 2025 questões de geometria plana, que costumavam aparecer em boa quantidade, e também as Progressão Aritmética e Progressão Geométrica. 

Para o docente, cerca de quatro questões de nível "bem difícil" podem ter causado dor de cabeça aos alunos.

"[...] uma de probabilidade, uma de trigonometria e uma de geometria espacial — todas em nível bem difícil. O TRI dessas deve ser bem baixo. No total, foram três questões de probabilidade e duas de análise combinatória, somando cinco questões envolvendo esses conteúdos. As de análise combinatória e as duas outras de probabilidade estavam em nível médio e fácil", explica. 

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