Professor cearense fabrica colete ortopédico artesanal para estimular aluna que sofria bullying
Sophia Melo, de 11 anos, chegou a ser chamada de "corcunda de Notre Dame" por sofrer de escoliose de grau alto
Um professor de uma escola particular de Caucaia, na Grande Fortaleza, resolveu fazer um gesto de solidariedade com uma aluna que sofre de problemas na coluna e produziu um colete ortopédico de E.V.A para incentivar a garota a se sentir incluída. A menina de 11 anos vinha sofrendo bullying de colegas de classe há semanas e não queria mais usar o equipamento corretor.
Sophia Melo tem escoliose de convexidade 35 graus. E agora tem a companhia do docente de história Deniro Machado no uso do colete, que é necessário para o tratamento.
O problema começou quando o professor percebeu Sophia desanimada e triste durante as aulas. Ele começou a se aproximar dela para descobrir o motivo e acabou sabendo colegas a chamavam de "corcunda de Notre Dame", afirmando que ela andava "toda torta".
Eu vi me na situação, pois quando era criança sofria bullying por ser gordo e eu nunca tive um professor que me ajudasse, então eu quis ser isso para ela. Fui diretamente na criança que fez o bullying e chamamos os pais dele
Bullying
Apesar de o problema pontual ter sido sanado, a criança ainda está triste, pois os ataques verbais já eram antigos. Foi então que Deniro teve a ideia de produzir um colete para "dar confiança a ela".
"Eu fiz para ela e todo mundo ver que é normal. Ela amou e chorou, os pais bateram foto e a nossa diretoria adorou a iniciativa. Sempre que eu entro em sala de aula com ela eu coloco esse colete", conta.
Para o docente, ser professor "não é só ensinar, mas participar da vida" dos alunos. O primeiro dia do colete foi na última terça-feira (5): "Ela agora está mais feliz. Sou cristão e acredito que Deus me deu essa ideia. Foi algo bem espontâneo".
"Eu costumo chamar ela de Mulher Maravilha, digo que ela não usa um colete, mas sim uma armadura, que agora ela está tendo orgulho de usar".
Veja também
Condição médica
Em entrevista ao Diário do Nordeste, a mãe de Sophia, Sonia Melo, compartilha que percebeu o problema de coluna da filha há seis anos. A escoliose começou com 11 graus e evoluiu para 35 neste ano, após os mais recentes exames.
"Minha preocupação é que se chegar em 40 graus precisa fazer cirurgia", desabafa. A menina usa um colete ortopédico chamado "cheneau", personalizável.
A mulher começou a notar Sophia "pra baixo", o que a entristeceu. "Ela só está aceitando usar o colete de novo por conta da ajuda do professor dela, que está fazendo ela não ter vergonha e não se importar com o que os outros falam", comenta.
Para Sonia, atitudes como a do professor Deniro "são difíceis hoje em dia".