Prefeitura estuda implantar viadutos, faixas para motos e ‘universalizar ar-condicionado’ dos ônibus em Fortaleza
Em entrevista ao Diário do Nordeste, prefeito Evandro Leitão lembrou que caiu 50% o número de usuário de transporte coletivo na capital

Garantir o ir e vir confortável e seguro é um desafio que se impõe sobre uma Fortaleza que “tem crescido assustadoramente”. Com isso, o prefeito Evandro Leitão (PT) afirma que a gestão estuda construir novos viadutos, implementar faixas para motos –ainda neste semestre –, e fortalecer o transporte público, mesmo sob limitação orçamentária.
A declaração foi dada durante entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, na manhã desta terça-feira (4), na qual Evandro citou a mobilidade urbana como uma das principais preocupações para discutir e rever no Plano Diretor da cidade.
Nesse cenário de futuras mudanças, avenidas como Bezerra de Menezes e Domingos Olímpio, por exemplo, duas das mais movimentadas da capital, podem receber intervenções, embora o gestor não confirme quais áreas serão modificadas “para não criar expectativas”.
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Medida prometida em campanha, as chamadas “faixas azuis”, exclusiva para motocicletas, devem ser criadas ainda neste semestre. “Estamos estudando quais são as avenidas onde iremos implantar, que serão as mais largas. A Bezerra de Menezes é uma avenida mais larga, a própria Domingos Olímpio também não descarto. Isso está sendo estudado”, cita Evandro.
De acordo com o prefeito, os estudos estão a cargo da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), e incluem ainda “as faixas de ônibus da cidade e a criação de novos viadutos e acessos”.
‘Peguei essa batata quente’
Outro gargalo herdado pela gestão do petista foi a negociação do valor do subsídio ao transporte público coletivo, pago ao Sindiônibus, cujo aumento aprovado para 2025 foi de 62% em relação ao ano anterior – um montante de R$ 90 milhões a mais para as contas públicas.
“Quando assumi, peguei essa batata quente. A capacidade financeira da Prefeitura de Fortaleza não permite um aumento desse. Não é razoável. Tive reunião com o Sindiônibus, expliquei pra eles, e acredito que nos próximos dias chegaremos a um entendimento”, afirma Leitão.
A dificuldade de resolver o impasse aumenta diante de duas condições que, segundo o prefeito, foram colocadas ao empresariado: o congelamento do valor da passagem de ônibus em 2025 e a renovação da frota de ônibus.
“Falei para os representantes que eu não iria onerar ainda mais uma prefeitura que está extremamente fragilizada nas suas coisas. Como também disse que eu não iria fazer nenhum tipo de majoração de reajuste das passagens do transporte coletivo.”
O chefe do Executivo municipal acrescentou que “não está querendo sugar o segmento (empresas de ônibus), de forma alguma”, até porque exige “que se renove a frota” de coletivos que circulam na capital.
Segundo Evandro, a idade já avançada dos veículos “passa indubitavelmente por essa discussão” entre a prefeitura e o empresariado. “Outra pauta que conversamos com o Sindiônibus foi a renovação da frota e a universalização do ar-condicionado, pra ofertar um maior conforto para o usuário em Fortaleza”, destaca.
Redução da frota de ônibus
Questionado sobre o possível impacto da redução do subsídio às empresas de ônibus na qualidade e na quantidade do serviço, como ocorreu em Caucaia, o prefeito informou apenas que, antes da pandemia, cerca de 1.900 ônibus circulavam na capital – número que hoje é de 1.250.
“Por outro lado, o usuário de transporte coletivo caiu 50%. Você tinha aproximadamente 1 milhão de pessoas que diariamente utilizavam o transporte coletivo em Fortaleza. Hoje você tem 500 mil. Isso tudo são dados que me foram passados pelo sindicato.”
“Então, eu acredito muito na força do diálogo, na força de você estar sentando, respeitando as pessoas, pra que se chegue a um entendimento. E é isso que eu tenho buscado.”