Praticantes de umbanda e candomblé aumentam quase 7 vezes no Ceará, mostra Censo

Mudança ocorreu principalmente entre as mulheres, que passaram de 42% dos umbandistas e candomblecistas do Ceará em 2010 para 49,6% em 2022

Escrito por
Gabriela Custódio gabriela.custodio@svm.com.br
Caminhada pelo fim do preconceito e intolerância religiosa realizada em Juazeiro do Norte
Legenda: A quantidade de mulheres praticantes de religiões afro-brasileiras, no Ceará, aumentou quase 8 vezes entre 2010 e 2022, segundo Censo Demográfico
Foto: Elizângela Santos

A quantidade de umbandistas e candomblecistas aumentou quase 7 vezes no Ceará e chegou a mais de 27,8 mil pessoas. O crescimento foi mais acentuado entre as mulheres. Na manhã desta sexta-feira (6), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou novas informações do Censo Demográfico de 2022 que mostram a mudança no perfil religioso da população nos 12 anos entre os levantamentos mais recentes.

Em 2010, o Ceará tinha 4.112 pessoas com pelo menos 10 anos de idade que se declaravam praticantes de Umbanda e Candomblé. Essa parcela representava 0,12% da população residente no Estado com essa faixa etária.

No Censo Demográfico de 2022, essa população chegou a 27.861 pessoas, passando a 0,37% dos 7,6 milhões de residentes com 10 anos de idade ou mais. Segundo o IBGE, a categoria “Umbanda e Candomblé” pesquisada no Censo inclui outras religiões afro-brasileiras.

Entre umbandistas e candomblecistas do Ceará, 76,6% se declaram pretos ou pardos, enquanto 21,9% são brancos. Indígenas representam 1,3% dos adeptos e amarelos, 0,2%.

A mudança dessa população ocorreu principalmente entre as mulheres. No Censo de 2010, elas representavam 42% dos umbandistas e candomblecistas do Ceará, um total de 1.727 pessoas. Os homens, por sua vez, somavam 2.385 — 58% dos praticantes.

Doze anos depois, essa diferença reduziu e as mulheres passaram a ser pouco menos da metade dos umbandistas e candomblecistas no Estado. Entre 2010 e 2022, o número de praticantes aumentou quase 8 vezes entre elas, que chegaram a 13.826 e passaram a representar 49,6% do total.

Entre os homens, o total de adeptos aumentou quase 6 vezes. Eles chegaram a 14.036, correspondendo a 50,4% dessa população.

Essa mudança na quantidade de praticantes de religiões afro-brasileiras ocorreu em todo o Brasil. Nacionalmente, esse grupo passou de 305,8 mil pessoas — 0,3 % da população brasileira em 2010 — para mais de 1,8 milhão em 2022 — 1% da população. O aumento foi de 0,7 pontos percentuais. Umbandistas e candomblecistas estão mais concentrados nas regiões Sul e Sudeste do País.

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Legenda: Os homens eram 58% dos praticantes de umbanda e candomblé no Ceará em 2010 e passaram a 50,4% do total em 2022
Foto: Tuno Vieira

A religião nos censos demográficos

O perfil religioso das pessoas de 10 anos ou mais de idade residentes no País foi investigado pelo IBGE no questionário da amostra do Censo Demográfico 2022, em que pessoas dessa faixa etária responderam à pergunta “qual é sua religião ou culto?”. Em Terras Indígenas e nos Setores Censitários de agrupamentos indígenas, a redação do quesito foi alterada para “qual a sua crença, ritual indígena ou religião?”, para captar melhor as informações sobre esse grupo populacional.

Os resultados apresentados também mostram informações relacionadas a religião segundo as características como sexo, cor ou raça, grupos de idade e nível de instrução. Ainda existe a desagregação por características dos domicílios, como o acesso domiciliar à internet e a condição de ocupação da residência.

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A religião da população é investigada desde o primeiro Censo Demográfico brasileiro, realizado em 1872. Porém, a forma de coleta e divulgação dessa informação passou por transformações relevantes ao longo do tempo. 

Naquele primeiro ano, por exemplo, o recenseador assinalava se cada morador recenseado era “cathólico” ou “acathólico”, segundo informações do IBGE. Além disso, toda a população escravizada foi recenseada como católica, sem possibilidade de declarar outra religiosidade. As religiões afro-brasileiras só apareceram como uma categoria em 1980.

Em 150 anos de levantamento censitário da declaração de religião (1872-2022) no Brasil, são muitas as mudanças registradas. Nesse um século e meio, o catolicismo apostólico romano, antes a religião do Império, religião da quase totalidade da população brasileira e religião oficial do Estado até a Constituição da República de 1891, vem perdendo espaço hegemônico para diversas outras religiosidades, compondo assim, um quadro multirreligioso da população residente no Brasil.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

O IBGE conduziu o censo demográfico pela primeira vez em 1940 e, naquele ano, 94,7% da população com 10 anos ou mais de idade se declararam de religião católica apostólica romana. Os evangélicos representavam 2,7% e os espíritas, 1,2%. “Outras religiões” foram declaradas por 1,1% da população nessa faixa etária, enquanto 0,2% afirmou não ter religião.

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