População católica cresce em 60 cidades do CE; veja dados de religiões do seu município

Censo do IBGE revela que a proporção católicos reduziu em 181 cidades entre 2010 e 2022, enquanto apenas uma registrou queda na parcela de evangélicos

Escrito por
Gabriela Custódio gabriela.custodio@svm.com.br
(Atualizado às 16:19, em 07 de Junho de 2025)
Fachada de igreja católica do ceará
Legenda: O avanço da proporção de evangélicos foi registrado em quase todas as cidades do Ceará. A única que teve redução desses fieis foi Poranga, na microrregião de Ipu, a 349,67 km da Capital.
Foto: Kid Jr

Apesar de a proporção de católicos ter reduzido no Ceará, a mudança não ocorreu na mesma intensidade em todos os municípios. Em todas as 184 cidades, mais da metade da população com 10 anos ou mais declarou seguir a religião Católica Apostólica Romana. Em quatro delas — Granjeiro, MarcoJardim e Caririaçu —, esses fiéis correspondem a mais de 90% das pessoas nessa faixa etária.

Em números absolutos, houve aumento de pessoas católicas em 60 municípios cearenses, com destaque para Juazeiro do Norte, onde o total de fiéis passou de 182,2 mil em 2010 para 199,3 mil em 2022 — mais de 17 mil novos adeptos, correspondendo a um aumento de 9,37% entre as duas pesquisas.

Outras cidades que registraram aumento de pessoas católicas foram:

  • Barbalha: de 42.744 em 2010 para 55.194 em 2022 (+ 29,13%) 
  • Eusébio: de 25.344 em 2010 para 37.769 em 2022 (+ 49,03%)
  • Itaitinga: de 22.128 em 2010 para 31.467 em 2022 (+ 42,20%)
  • Tianguá: de 48.045 em 2010 para 53.842 em 2022 (+ 12,07%)

O avanço da proporção de evangélicos entre 2010 e 2022, porém, foi registrado em quase todas as cidades. A única que teve redução foi Poranga, localizada na microrregião de Ipu, a 349,67 km da Capital.

No município, 1.760 habitantes de 10 anos ou mais (17,7%) afirmaram ser evangélicos em 2010 — o correspondente a um em cada seis. No Censo seguinte, essa proporção passou para 12,7%, com a redução de fieis para 1.321 em 2022 — uma queda de 24,94%, com 439 a menos.

As cidades do Ceará com maior crescimento de evangélicos em números absolutos são:

  • Fortaleza: de 434925 em 2010 para 561214 em 2022 (+ 29,04%)
  • Caucaia: de 64589 em 2010 para 98982 em 2022 (+ 53,25%)
  • Maracanaú: de 42096 em 2010 para 65871 em 2022 (+ 56,48%)
  • Itapipoca: de 13118 em 2010 para 26031 em 2022 (+ 98,44%)
  • Itaitinga: de 5068 em 2010 para 17433 em 2022 (+ 243,98%)

Os dados relacionados ao perfil religioso da população de 10 anos ou mais residente no País foram investigados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no questionário da amostra do Censo Demográfico 2022 e divulgados na manhã desta sexta-feira (6).

De acordo com o levantamento, mais de 5,3 milhões de pessoas do Ceará são católicas, enquanto outras 1,5 milhão são evangélicas. Os espíritas correspondem a 43,1 mil pessoas, enquanto praticantes de umbanda e candomblé somam mais de 27,8 mil pessoas no Estado.

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O Ceará ainda tem mais de 2,1 mil adeptos de tradições indígenas e quase 189 mil pessoas que seguem outras religiões. O grupo que afirma não ter religião é o terceiro, em proporção, no Estado, com 401,1 mil pessoas na faixa etária investigada.

Veja como a população do Ceará se identifica, de acordo com a religião:

  • Católica Apostólica Romana: 5.357.610 (70,40%)
  • Evangélicas: 1.579.300 (20,75%)
  • Espírita: 43.194 (0,57%)
  • Umbanda e Candomblé: 27.861 (0,37%)
  • Tradições indígenas: 2.113 (0,03%)
  • Outras religiosidades: 188.935 (2,48%)
  • Sem religião: 401.128 (5,27%)
  • Não sabe: 3.018 (0,04%)
  • Sem declaração: 6.572 (0,09%)

Fachada de igreja evangélica em Fortaleza
Legenda: De acordo com o levantamento, mais de 5,3 milhões de pessoas do Ceará são católicas, enquanto outras 1,5 milhão são evangélicas.
Foto: Kid Jr

O perfil religioso das cidades do Ceará

A maioria das cidades do Ceará é predominantemente católica. Porém, há cidades que se destacam pela proporção de adeptos de outras religiões. Em Barreira, na microrregião de Chorozinho, por exemplo, é o município com maior proporção de evangélicos, com 6.891 praticantes, o que corresponde a mais de 35% das 19.160 pessoas com 10 anos ou mais.

A cidade que tem maior proporção de espíritas é Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Das 63.273 pessoas com pelo menos 10 anos de idade, 1.081 declararam seguir essa religião, o equivalente a 1,71%.

Já em Aquiraz, também na RMF, 701 pessoas disseram ser praticantes de umbanda ou candomblé, o que representa 1% dos 70,1 mil na faixa etária investigada. As tradições indígenas, por sua vez, são seguidas por 729 pessoas de Itarema, 2% dos 36,3 mil habitantes de 10 anos ou mais.

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Em Granja, na microrregião do Litoral de Camocim e Acaraú, 3.580 pessoas seguem outras religiosidades, representando 7,86% das 45,5 mil pessoas na faixa etária dessa investigação.

As pessoas sem religião, por sua vez, destacam-se no município de Horizonte, também localizado na RMF, a 43,45 km de Fortaleza. São 8.176 pessoas, 12,88% das mais de 63,4 mil consideradas neste levantamento.

Veja, no mapa abaixo, como é o perfil religioso da sua cidade.

Religião no Censo Demográfico de 2022

O perfil religioso das pessoas de 10 anos ou mais de idade residentes no País foi investigado pelo IBGE no questionário da amostra do Censo Demográfico 2022, em que pessoas dessa faixa etária responderam à pergunta “qual é sua religião ou culto?”. Em Terras Indígenas e nos Setores Censitários de agrupamentos indígenas, a redação do quesito foi alterada para “qual a sua crença, ritual indígena ou religião?”, com o objetivo de captar melhor as informações desse grupo populacional.

Os resultados apresentados também mostram informações relacionadas a religião segundo as características como sexo, cor ou raça, grupos de idade e nível de instrução. Também existe a desagregação por características dos domicílios, como o acesso domiciliar à internet e a condição de ocupação da residência.

A religião da população é investigada desde o primeiro Censo Demográfico brasileiro, realizado em 1872. Porém, a forma de coleta e divulgação dessa informação passou por transformações relevantes ao longo do tempo. 

Naquele primeiro ano, por exemplo, o recenseador assinalava se cada morador recenseado era “cathólico” ou “acathólico”, segundo informações do IBGE. Além disso, toda a população escravizada foi recenseada como católica, sem possibilidade de declarar outra religiosidade. As religiões afro-brasileiras só apareceram como uma categoria em 1980.

Em 150 anos de levantamento censitário da declaração de religião (1872-2022) no Brasil, são muitas as mudanças registradas. Nesse um século e meio, o catolicismo apostólico romano, antes a religião do Império, religião da quase totalidade da população brasileira e religião oficial do Estado até a Constituição da República de 1891, vem perdendo espaço hegemônico para diversas outras religiosidades, compondo assim, um quadro multirreligioso da população residente no Brasil.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

O IBGE conduziu o censo demográfico pela primeira vez em 1940 e, naquele ano, 94,7% da população com 10 anos ou mais de idade se declarou de religião católica apostólica romana. Os evangélicos representavam 2,7% e os espíritas, 1,2%. “Outras religiões” foram declaradas por 1,1% da população nessa faixa etária, enquanto 0,2% afirmou não ter religião.

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