Plano contra o câncer no Ceará deve custar R$270 milhões e promete sanar ‘vazios assistenciais’

O Diário do Nordeste já revelou que, com déficit de vagas, metade dos pacientes inicia tratamento oncológico fora do prazo legal no Estado

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Legenda: Unidades de saúde devem oferecer assistência geral e especializada ao paciente oncológico, atuando no diagnóstico e tratamento
Foto: Thiago Gadelha

Um plano estruturado para criar uma rede de assistência contra o câncer em todo o Ceará está em discussão no Governo do Estado. Ao todo, devem ser investidos R$270 milhões no planejamento, de acordo com o governador Elmano de Freitas.

Diário do Nordeste já revelou que, com déficit de vagas, metade dos pacientes inicia tratamento de câncer fora do prazo legal no Ceará. Além disso, a doença está entre as principais causas de mortes no Sertão Central e no Litoral Leste/Jaguaribe.

A informação sobre o novo plano foi compartilhada pelo gestor durante visita às obras do Hospital Universitário do Ceará (Huce), na última segunda-feira (9). Segundo ele, foi solicitada à bancada de deputados federais um “investimento elevado” para “implantar e custear o primeiro ano” do Plano Estadual de Oncologia do Ceará.

“São em torno de R$270 milhões para toda uma rede de tratamento do câncer, além dos hospitais regionais. Na campanha [eleitoral], prometi que levaria o tratamento do câncer para os hospitais regionais. Já implantamos no Hospital do Vale do Jaguaribe, mas queremos fazer isso nos demais e em microrregiões do Estado”, explica Elmano.

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Em entrevista ao Diário do Nordeste, a secretária estadual da Saúde, Tânia Mara Coelho, detalhou que a proposta foi baseada nos planos regionais de saúde elaborados pelas Superintendências Regionais da Pasta.

“De acordo com os vazios assistenciais, foram pontuados os locais onde a gente acha que tem necessidade de colocar unidades oncológicas”, explica. A partir dessa visão geral, foram estabelecidos os municípios onde devem ser instalados: 

  • Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon)
  • Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon)
  • Mais serviços de radioterapia

Crescimento do câncer

O governador Elmano de Freitas garante que o enfrentamento ao câncer é “uma pauta do Estado”. Ele lembrou que, só em 2023, o Ceará deve contabilizar 21 mil novos casos diagnosticados da doença, segundo estimativas atualizadas do Instituto Nacional de Câncer (Inca). “Fora o acumulado que tivemos durante a Covid, e isso deve permanecer nos anos seguintes”, reforça.

Conforme o Inca, as mulheres serão as mais atingidas, com 11.170 casos prováveis. Já os homens devem responder por 9.850 diagnósticos. Os tipos mais comuns serão:

  • Homens: próstata, estômago, traqueia, brônquio e pulmão, cólon e reto
  • Mulheres: mama, colo do útero, glândula tireoide, traqueia, brônquio e pulmão e estômago

A estimativa é a principal ferramenta de planejamento e gestão na área oncológica no Brasil, fornecendo informações fundamentais para a definição de políticas públicas.

A secretária Tânia Mara afirma que o Plano Estadual ainda deve passar por discussão na Comissão Intergestores Bipartite do Estado do Ceará (CIB), onde será apresentado a gestores municipais, e em seguida ter apreciação junto ao Conselho Estadual de Saúde (Cesau).

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