Pesquisadores descobrem nova espécie de anfíbio exclusivo do Ceará
O Pristimantis relictus é o 5º anfíbio endêmico do Estado, e vive nas regiões úmidas das serras
Uma nova espécie de anfíbio endêmico do Ceará foi descrita oficialmente esta semana por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Rio Grande e Universidade Estadual Paulista (Unesp). Nomeado de Pristimantis relictus, o anfíbio é natural dos chamados “Brejos de Altitude” do estado, ou seja, as regiões de serras.
Igor Joventino Roberto, biólogo e pesquisador colaborador da UFC e da Universidade Federal do Cariri (UFCA), explica que a descoberta, publicada na última terça-feira (22) em artigo na revista científica Zootaxa, se deu após análise genética e de vocalização do sapo.
"A gente já faz pesquisa há bastante tempo sobre os anfíbios e répteis do Ceará e tínhamos evidências que essa população das serras se tratava de uma espécie nova. A partir da análise genética e comparando o canto dessa espécie com outras já identificadas vimos ser uma ainda não descrita na ciência", disse.
Segundo ele, trata-se da 5ª espécie endêmica do Ceará, já comum nas florestas úmidas das serras do Estado, com biodiversidade similar aos da Amazônia e Mata Atlântica.
"Essas especies são mais adaptadas as florestas úmidas, precisam dessa umidade, temperatura e vegetação específicos para conseguirem sobreviver, por isso estão restritas a essas regiões florestais", esclarece.
Ainda segundo o pesquisador, a espécie é considerada abundante nas serras de Maranguape, Aratanha, Meruoca, Baturité e em toda a região da Ibiapaba. A existência do Pristimantis relictus, no entanto, depende da conservação do bioma ao redor. "Como é uma espécie que precisa desse tipo de clima, se você tem um desmatamento, uma derrubada de árvores, e a área começa a ficar quente e seca, a tendência é que ela não ocorra mais", diz.
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Características
Classificada como de pequeno porte, o Pristimantis relictus pode chegar a 33 milímetros as fêmeas, com os machos em tamanho um pouco menor, até 29 milímetros.
Possuem uma grande variedade de cores, com indivíduos em tons de cinzas, alaranjados, marrons, e são geralmente encontrados na vegetação, vocalizando nas folhas, nos galhos e troncos de árvores.
A espécie tem reprodução prolongada durante toda a estação chuvosa de dezembro a abril, e acontece no modo de desenvolvimento direto, segundo Igor Joventino Roberto. "As fêmeas colocam os ovos em ambientes úmidos e eles se desenvolvem diretamente em pequenos sapinhos, já formados, não passam pela etapa de girino. Ela não precisa do corpo d'água para colocar os ovos", explica o biólogo.