'Ondas de leste' e noites frias: saiba como deve ficar o tempo no Ceará em julho, agosto e setembro

Com fim da quadra oficial, eventos chuvosos deverão ser mais irregulares e sem intensidade

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Legenda: Maior probabilidade é de céu estável na maior parte dos dias
Foto: Marcelino Júnior

Os próximos meses devem ser de tempo estável no Ceará, marcado por um baixo regime de chuvas e possibilidade de temperaturas mais amenas à noite, como apontam as análises de entidades meteorológicas ouvidas pelo Diário do Nordeste.

Uma delas foi a previsão probabilística de precipitação para o trimestre julho, agosto e setembro de 2024, produzida entre o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). 

Conforme o mapa elaborado pelas três entidades, a maior parte do Estado tem probabilidade igual para as três categorias de chuva: abaixo, acima ou dentro da média histórica. Isso vale para a regiões da Ibiapaba, Sertões, Centro-Sul e Jaguaribana. 

Grande parte do litoral, incluindo Fortaleza, e a Região Metropolitana têm maior possibilidade (entre 40% e 70%) de precipitações abaixo da média. Somente a parte oeste do Cariri apresenta maior probabilidade (de 40% a 50%) de chuvas acima da normal.

O documento descreve que, “apesar da Região Nordeste ter apresentado probabilidade maior para chuvas abaixo da média, podem ocorrer episódios de chuvas intensas no litoral da região devido à atuação dos distúrbios ondulatórios de leste (DOLs) e a condição de águas anomalamente aquecidas no Atlântico tropical”.

Legenda: Modelo de precipitações para o trimestre; em áreas em laranja e vermelho, chuvas devem ficar abaixo da média
Foto: CPTEC/Inpe

Francisco Vasconcelos Júnior, pesquisador da Funceme, explica que o Hemisfério Sul entrou no inverno em junho. A estação segue até setembro e, para o Ceará, representa um período chuvoso mais irregular e esparso. 

Nesse período, o principal componente das possíveis chuvas são realmente as chamadas Ondas de Leste, áreas de instabilidade que vêm do oceano Atlântico equatorial propagadas pelos ventos alísios (de leste para oeste) e adentram o continente. 

“Esse cenário tende, nas próximas semanas, a uma atenuação. Geralmente, ocorrem algumas chuvas, porém sem muita intensidade, que seguem o ciclo diurno ou madrugada, e são mais comuns na costa pela proximidade com o oceano”, afirma. 

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Noites mais frias

O cenário é propício até o mês de agosto não só para o Ceará, mas vários Estados do Nordeste, como Paraíba e Pernambuco. No entanto, nas últimas semanas, as condições favoráveis diminuíram. 

O céu claro, inclusive, tem permitido temperaturas mais baixas durante a noite. Quando há muitas nuvens, a radiação acumulada durante o dia não se dissipa com tanta facilidade, contribuindo para uma sensação de “abafado”. Contudo, com o céu livre, o calor diminui.

Essas noites mais frias podem perdurar por semanas e até meses, se houver consolidação do fenômeno La Niña, causado pelo resfriamento das águas do oceano Pacífico. Atualmente, segundo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (Noaa) dos Estados Unidos, ela deve se formar até o mês de outubro.

Ainda assim, ele tende a ser curto e rápido e não chegar até a tradicional quadra chuvosa de 2025, entre fevereiro e maio. Assim, pode não impactar em chuvas positivas.

“Ela teria um impacto mais expressivo na temperatura, com um vento mais fraco. Existe um ciclo muito bem definido: a água do mar concentra calor de dia, e o continente elimina e esfria. Sem vento trazendo calor pro continente, tem um esfriamento noturno. A temperatura ao longo do dia pode ser mais expressiva, mas eventos de mínima à noite podem ocorrer”, detalha Francisco.

A nota técnica confirma que o atual padrão observado no oceano Pacífico representa condições de neutralidade e término do fenômeno El Niño que, “embora não tenha sido o mais intenso já registrado, seus impactos foram marcantes devido à sua duração e amplitude das anomalias climáticas provocadas”.

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