Miss denuncia transfobia de funcionária de supermercado em Fortaleza: 'É uma mulher ou é um homem?'
Caso ocorreu no bairro Varjota, em Fortaleza
A cabeleireira, maquiadora e Top Trans Miss Brasil 2022, Alessandra Oliveira, alega ter sido vítima de transfobia no supermercado Frangolândia do bairro Varjota, em Fortaleza, na manhã de terça-feira (24). A violência teria acontecido quando uma funcionária do estabelecimento perguntou a outra pessoa qual seria a identidade de gênero de Alessandra.
Segundo a vítima, que filmou o momento no supermercado, tudo aconteceu quando ela saiu para comprar o almoço com um amigo, o dançarino Lucas Lopes. O estabelecimento fica próximo à casa onde Alessandra mora com a mãe, de 84 anos.
A miss relata que, após finalizar as compras no caixa e sair para voltar para casa, a funcionária Dayane Freitas teria perguntado se a cabeleireira era “mulher ou um homem”. Outra cliente teria ouvido a ofensa e dito que aquilo era um absurdo, segundo o relato.
Miss denuncia caso
“Quando eu estava saindo com o carrinho, meu amigo [estava] atrás de mim, a gente passa por essa mulher. Era ela e mais quatro. Eu passei e não vi. Ela, quando eu passei, perguntou: é uma mulher ou é um homem?”, diz Alessandra.
O crime de transfobia é enquadrado na Lei do Racismo (Lei nº 7.716/89). Ou seja: atos de discriminação e preconceito contra pessoas transgênero podem ser punidos com reclusão e multa, com penas que podem variar conforme a gravidade do ato e podem chegar de um a três anos de reclusão mais multa.
Já no elevador de casa, o amigo de Alessandra disse a ela que a funcionária havia feito a pergunta ofensiva. Assim, a miss voltou ao supermercado.
Ao voltar, a funcionária disse a Alessandra que a pergunta se tratava de uma curiosidade dela e ressaltou que queria saber se Alessandra era “homem ou mulher”. A vítima afirmou que Dayane não “tinha direito de perguntar” sobre isso.
Constrangida, a miss procurou a gerência e os seguranças do supermercado, e chamou a Polícia, que chegou ao local cerca de duas horas depois. A funcionária, segundo a gerente, teria cumprido a carga horária e não foi levada à Delegacia de Repressão aos Crimes por Discriminação (Decrim), onde foi registrado o Boletim de Ocorrência (BO).
Agora, a vítima planeja processar o estabelecimento.
A delegada responsável pela investigação irá solicitar, por meio de ofício, as imagens do supermercado.
Veja momento do registro da ocorrência
O Diário do Nordeste tentou contato com o supermercado Frangolâdia para comentar o caso, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria. Caso se pronunciem, essa reportagem será atualizada.