Mãe de menino de três anos picado por escorpião processa hospital por erro médico
Caso aconteceu em Barbalha, deixando Raimundo Neto com sequelas motoras e neurológicas
A mãe do pequeno Raimundo Neto, picado por um escorpião, em fevereiro, abriu um processo contra o Hospital São Vicente de Paulo, localizado em Barbalha. A ação foi protocolada na última quinta-feira (25), alegando erro médico no atendimento da criança de três anos, e foi encaminhado à 2ª Vara Cível da Comarca do Município.
Conforme Nageane de Souza, 34 anos, o filho ficou com sequelas motoras e neurológicas depois de ser picado pelo animal. No dia 21 de fevereiro, levou a criança ao hospital em cerca de 30 minutos, mas afirmou que o soro contra o veneno só foi aplicado quase um dia depois.
Ao Diário do Nordeste, a assessoria de comunicação do hospital declarou que não vai emitir nota oficial sobre o caso e responderá sobre a situação na Justiça.
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Em meio ao processo, a mãe de Raimundo reforçou haver indícios de negligência. "Me sinto triste por ter confiado meu filho aos cuidados de profissionais da saúde e saber que tudo isso, provavelmente, poderia ter sido evitado se ele tivesse tido mais assistência", disse.
Em qualquer outra área profissional, pode haver erros. Na saúde, não. Na saúde, destrói os sonhos de uma criança.
Processo contra hospital
A advogada Karol Muniz detalhou que o processo foi ajuizado apontando três principais erros que poderiam ter sido evitados.
- Prescrição do soro em tempo considerado hábil pelos manuais informados nos autos;
- Observação dos sintomas poderiam ter sido indicativos do agravamento do caso;
- A não realização de cautelas necessárias para evitar lesão por pressão, quando do internamento.
A defensora ainda destacou que há pedido para o caso correr em segredo de Justiça, o que deverá ser analisado em breve pelo juiz.
"Foi solicitado prioridade de tramitação por se tratar de infante com patologias gravosas e, pedido de pensão, em caráter liminar, que deverão ser apreciados pelo magistrado encarregado, em breve", detalhou Karol.
Entenda o caso
O caso aconteceu por volta das 11h30 do dia 21 de fevereiro, enquanto o pequeno Raimundo Neto fazia uma visita para a tia dele. O animal estava no piso de cerâmica e logo foi morto pelos familiares da criança. Nageane levou o filho ao Hospital São Vicente de Paulo.
Dentro da bolsa, levava também o escorpião morto em um plástico para mostrar aos profissionais de saúde. Raimundo ficou 33 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A criança recebeu alta no dia 15 de abril.
Por conta do veneno do escorpião, teve um edema agudo de pulmão e sofreu quatro paradas cardiorrespiratórias. Foi somente na manhã do dia 22 de fevereiro que o soro contra o veneno foi aplicado.
"Ele não está andando, não está enxergando e está com dificuldade para falar. Por enquanto, não há previsão dele voltar a andar ou ver", acrescentou Nageane, que atua como professora. Devido às sequelas, Raimundo passou a tomar remédios controlados para o coração e para crises convulsivas.
Na época, o Hospital São Vicente de Paulo informou que o soro foi administrado em momento oportuno, de acordo com a avaliação da pediatra. Além disso, a unidade alega que as complicações ocorreram devido ao veneno do escorpião, raro no Ceará, e não por conta da hora em que o soro foi aplicado.