Influencer cearense Carol Zacarias diz ter sido impedida de doar medula devido ao peso: 'Revolta'

Doadora desde 2020, Carol alega que foi barrada do banco de dados do Redome por conta do seu Índice de Massa Corporal (IMC)

Escrito por Raísa Azevedo , raisa.azevedo@svm.com.br
influenciadora digital cearense Carol Zacarias
Legenda: Segundo influenciadora, a maior motivação para a doação é honrar a memória a mãe, que morreu de câncer
Foto: Arquivo Pessoal

Cadastrada como doadora de medula óssea há mais de 3 anos, a influenciadora digital cearense Carol Zacarias viu o desejo de, finalmente, concretizar a doação chegar muito próximo. No entanto, foi impedida de avançar no processo por conta do seu peso. Segundo o relato da influencer nesta segunda-feira (10), ela foi contactada pelo Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), informando que havia surgido uma possível compatibilidade entre ela e um paciente, mas que, antes de qualquer exame, foi barrada devido ao seu Índice de Massa Corporal (IMC).

Em entrevista ao Diário do Nordeste, Carol relatou o sentimento de "tristeza e revolta" por ter sido "cortada" do processo de doação ao saberem de seu peso. "É um sentimento de revolta principalmente por ter sido cortada ao saber o peso. Sem nenhuma pergunta sobre exames, doenças existentes, alergias, nada. Estou frustrada e triste, muito triste. Principalmente pensando na pessoa que receberia minha medula e torcendo pra que encontre outra pessoa e que ela se recupere", afirmou.

 
Procurado pela reportagem, o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) informou que, dentre os critérios, o doador será "submetido a uma avaliação clínica com informações de saúde, incluindo doenças prévias, uso de medicações e hábitos de vida e exames laboratoriais como hemograma", esclareceu.

'Não vou poder salvar uma vida porque eu sou gorda'

Conforme o relato da influenciadora, ela fez exames recentemente que constatam o seu bom estado de saúde. "Fiz exames há pouco tempo e todas as minhas taxas são impecáveis. Mas meu IMC é maior do que eles querem, então nada mais importa. A pessoa que teve compatibilidade comigo não receberá minha medula e eu não vou poder salvar uma vida porque eu sou gorda", disse.

Carol deu detalhes do contato com o Redome. Segundo ela, uma funcionária do órgão perguntou se ela praticava alguma atividade física e ofereceu um tempo para que ela emagrecesse para conseguir retornar ao banco de dados de doadores.

"Pediram meu peso, quando eu informei, ela ficou em silêncio e disse para esperar um minutinho. E aí ela voltou com a informação de que o meu IMC era maior do que o permitido e que com isso não ia dar prosseguimento. E aí ela perguntou se eu fazia algum exercício. Eu disse que sim, que todos os dias eu faço musculação ou crossfit. E aí ela falou que ia tirar a minha inscrição por dois anos para que desse tempo eu emagrecesse e depois retornava ao banco de dados deles", relatou.

prints Carol Zacarias
Legenda: Carol Zacarias deu detalhes do contato com o Redame
Foto: Reprodução/Instagram

A cearense disse que rebateu e questionou se o IMC era realmente um critério relevante para a doação. "E aí eu disse, mas gente, o IMC é algo tão ultrapassado, tão antigo e sem exame nenhum, por causa disso vocês vão me retirar? Aí ela, sim, por causa disso. Aí desligou a ligação", relembra a influencer.

Carol Zacarias aproveitou para fazer uma reflexão sobre questões sociais e diz que sente muito por não conseguir doar e ser motivo de esperança para um paciente e sua família.

"Tomara que a pessoa que está precisando da minha medula seja compatível com alguém magro e consiga se recuperar. Sinto muito por ela e toda a família que tem pressa e receberia essa esperança sem importar com corpo, cor, gênero", comentou.

Doadora desde 2020

Carol afirmou que sempre foi doadora de sangue e, em novembro de 2020, resolveu se cadastrar também como doadora de medula. Para ela, a maior motivação para a doação é honrar a memória a mãe, que morreu de câncer. A vontade dela é poder ajudar pessoas que estão enfrentando a doença. 

"Minha mãe faleceu de câncer, e eu tenho alguns amigos também que se foram, alguns familiares. E aí, no que eu puder fazer para ajudar, nem que seja me cadastrando como doadora, já vale a pena, já conseguiria fazer alguma coisa. E aí eu sempre tive muita vontade de doar, né? Então sempre fui doadora de sangue, mesmo com medo de agulha, enfrentei esse medo para sempre ser doadora, e sempre ficava naquela de esperar ser compatível com alguém para, enfim, doar, sabe? E salvar a vida de alguém", contou.

O que diz o Hemoce

No Ceará, o Hemoce é a instituição responsável pelo cadastro dos voluntários. Segundo o centro, cerca de 230 mil pessoas se candidataram à doação de medula por meio do hemocentro cearense.

O Hemoce informou que, para doar medula óssea, é necessário que o candidato atenda critérios que são definidos em portarias ministeriais e resoluções da Anvisa para proteção de doadores e receptores para garantir a segurança do procedimento.

Dentre os critérios, o doador será "submetido a uma avaliação clínica com informações de saúde, incluindo doenças prévias, uso de medicações e hábitos de vida. Exames laboratoriais como hemograma, bioquímica com função hepática e renal e pesquisa de marcadores de doenças infecciosas (HIV, Hepatite B, Hepatite C, HTLV, Sífilis, Citomegalovirus, Epstein Barr, Toxoplasmose, Sífilis, Doença de Chagas) também serão realizados", afirmou o centro.

A instituição esclareceu que a definição dos critérios de seleção para a coleta de medula óssea não é de responsabilidade dos hemocentros e centros coletadores que recebem os doadores encaminhados pelo Redome.

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