Herpes também pode levar a casos graves e à hospitalização; Ceará teve 165 internados em quatro anos

Doença tem alta capacidade de contágio, por isso é necessário evitar contato com as lesões labiais e genitais.

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Legenda: Doença pode atingir o sistema nervoso em casos mais graves.
Foto: Wikimedia Commons

Embora apresente maioria de casos leves, as infecções provocadas pelo vírus do herpes podem se desenvolver para maior gravidade e exigir até mesmo a hospitalização dos pacientes. No Ceará, nos últimos quatro anos, 165 pessoas precisaram ser internadas por essa causa no sistema público de saúde.

De acordo com o Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH), do Ministério da Saúde, foram 49 internações em 2018; 63 em 2019; 23 em 2020 e, no ano passado, 30.

Ainda de acordo com os registros oficiais, crianças foram as principais atingidas: foram 79 com até quatro anos de idade e mais 20 de cinco a 14 anos. Depois, vêm os adultos de 20 a 39 anos, com 23 casos, e idosos com mais de 60 anos, com 22

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dias foi a média de dias de internação de pacientes com herpes no Estado, no período analisado. O tempo variou de dois a 16 dias.

O chamado herpes simplex pode ser causado pelos herpesvírus tipo 1, que costuma ocorrer mais nos lábios, e tipo 2, mais comum na região genital. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), 99% da população adulta já adquiriu imunidade na infância e na adolescência, tendo resistência ao vírus para toda a vida.

Porém, a reativação do vírus pode ocorrer devido à diminuição da imunidade provocada por diversos fatores, como exposição à luz solar intensa, fadiga física e mental, estresse emocional, febre ou outras infecções, conforme o Ministério da Saúde.

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Grupos mais vulneráveis

O médico dermatologista Guilherme Holanda explica que, embora a imensa maioria dos quadros de herpes simples sejam leves, podem evoluir para um quadro mais grave em pacientes imunocomprometidos, ou seja, que tenham algum problema ou deficiência no sistema imunológico. 

“Casos graves podem necessitar de internamento hospitalar pelo risco de evoluir para um quadro mais grave e também pela necessidade de tratamento com medicações intravenosas”, detalha.

Hercília Queiroz, também dermatologista, complementa que pacientes em tratamento de quimioterapia, que portam o vírus do HIV ou fazem radioterapia precisam ter cuidado ainda maior com a doença. 

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“Esse perfil de paciente pode ter uma consequência da infecção que acaba atingindo o sistema nervoso central, o que é mais perigoso. Eles podem ter infecções disseminadas, como encefalite (inflamação do cérebro), por exemplo”, alerta.

Além disso, “se o paciente tem muitas ocorrências da doença, o médico pode acompanhar de perto e receitar um antiviral”.

Sinais de alerta e prevenção

Os dois especialistas ressaltam que o herpes tem alta capacidade de contágio, por isso é necessário evitar contato com as lesões, seja através do beijo, do sexo ou de objetos contaminados, como toalhas ou copos.
 
Segundo Guilherme Holanda, após a primeira infecção, o vírus fica latente nos neurônios e, ao ser reativado, causa lesões de pele próximo ao ponto de entrada inicial do corpo. “Isso explica a recorrência dos vírus em pessoas que já tiveram infecção prévia”, esclarece.

Hercília Queiroz recomenda atenção a sintomas como indisposição, febre e dor de cabeça antes do surgimento das lesões. Depois, surgem sinais como dor, formigamento e coceira na região afetada.

As infecções herpéticas em indivíduos com imunidade normal, de acordo com a SBD, duram de sete a 14 dias, mas é indicado a certificação do diagnóstico por um médico que possa indicar o melhor tratamento para aquela forma de apresentação da doença.

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