Entenda por que temperaturas máximas aumentam pelo 3º mês seguido no Ceará

Registros elevados com baixa umidade do ar pioram sensação térmica em várias cidades

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Vários lugares do mundo estão mais quente
Legenda: Reforço da hidratação é recomendado para evitar problemas de saúde durante períodos mais quentes
Foto: Pexels

Cearenses de diversas regiões do Estado têm percebido um aumento da sensação de calor nos últimos meses, especialmente desde o fim da quadra chuvosa, em maio. Não à toa, os termômetros oficiais marcaram em julho o terceiro mês de crescimento das temperaturas máximas.

Dados levantados pelo Diário do Nordeste na Plataforma de Coleta de Dados (PCD) da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) comprovam a impressão.

Após o mês de abril com 35ºC de máxima, maio registrou temperaturas de até 36.6ºC em Jaguaribe e Amontada. Em junho, o valor mais elevado ocorreu em Sobral, com 37.1ºC. A mesma cidade foi recordista de julho, com 38.1ºC.

A cidade de Jaguaribe é a que aparece mais vezes nas listas de cada mês.

Na capital Fortaleza, embora maio tenha registrado até 34ºC, houve um aumento entre junho e julho, passando de 32,2ºC para 32,9ºC.

Julho deste ano também marcou aumento em relação a julho de 2022, quando as temperaturas máximas no Ceará oscilaram entre 35.9ºC e 36.2ºC.

De acordo com a Fundação, os primeiros dias de agosto devem se manter sob predomínio de condições estáveis, ou seja, de céu com poucas ou nenhuma nuvem em todo o Ceará. Essa estabilidade atmosférica reforça a ausência de chuvas do pós-quadra, segundo Vinícius Oliveira, meteorologista da Funceme.

“Por isso temos temperaturas, durante o dia, mais elevadas quando comparamos com o primeiro semestre, que tem mais nebulosidade. Em contrapartida, as madrugadas e início da manhã podem ter temperaturas menores do que no primeiro semestre, justamente pela ausência da nebulosidade, então há perda maior de radiação”, explica.

O especialista pontua que este não é um efeito do El Niño, fenômeno atmosférico de aquecimento das águas do Oceano Pacífico que tende a reduzir a ocorrência de chuvas no Nordeste brasileiro, mas que ainda não está “completamente estabelecido”. Na verdade, conforme Vinícius, este é um “ciclo anual quando as temperaturas ficam mais elevadas”.

Historicamente, já se espera que, com o fim da quadra chuvosa (fevereiro a maio), o Ceará registre predomínio de céu claro, com poucas nuvens, aumento da temperatura máxima e da velocidade dos ventos.

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Umidade em baixa

O “tempo seco” também tem influência da baixa umidade relativa do ar - basicamente, a quantidade vapor d’água presente na atmosfera. Nos horários com maiores temperaturas, principalmente no início da tarde, registra-se menor umidade.

Na região Centro-Norte, são previstos valores superiores a 70%, principalmente perto da faixa litorânea. Por outro lado, o Centro-Sul, os Sertões e o Cariri têm condições para umidade relativa variando entre 25% e 35%, no período da tarde. 

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As condições de baixa umidade relativa do ar devem ser monitoradas porque podem causar impactos negativos na saúde da população. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem as seguintes classificações para os níveis de umidade relativa do ar: 

  • Estado de observação: 31% a 40%
  • Estado de atenção: 21% a 30%
  • Estado de alerta: 12% a 20%
  • Estado de emergência: abaixo de 12%

A OMS recomenda reduzir a exposição ao sol e a realização de atividades físicas quando a umidade relativa estiver abaixo de 30%. Neste caso, é recomendado aumentar a hidratação, ingerindo mais água ou sucos naturais.

“Quando temos umidade mais baixa, combinada com aumento de temperatura, podemos ter sensação térmica um pouco maior. Em contrapartida, a partir de agosto é ocorre o aumento da velocidade média dos ventos, que podem amenizar essa sensação”, observa o meteorologista Vinícius Oliveira.

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