Entenda por que Guaramiranga é a cidade cearense com a maior taxa de incidência da Covid-19

Desde o início da pandemia, em março de 2020, a cidade serrana já acumula 1.634 infecções pelo vírus SARS-Cov-2, além de cinco mortes

Escrito por André Costa , andre.costa@svm.com.br
Legenda: Por ser uma cidade turística, especialistas avaliam que o alto fluxo de pessoas contribui para a disseminação do vírus
Foto: Thiago Gadelha

Com pouco mais de 5 mil habitantes, a cidade serrana de Guaramiranga, no Maciço do Baturité, é a que possui a maior taxa de incidência da Covid-19 dentre todos os 184 municípios cearenses.

Ela, inclusive, é a única cujo indicador rompeu a barreira dos 30 mil, bem à frente da segunda colocada, a cidade de Eusébio, cuja taxa de incidência é de 28.568,8 casos para cada 100 mil habitantes. Proporcionalmente falando, a cidade tem mais de 1 caso para cada 5 habitantes.

"É alta. Quando se fala em mais de 1.500 casos para uma população de 5 mil habitantes, é realmente uma taxa de incidência elevada", pontua o biomédico virologista Mário Oliveira.

Mas, o que explica uma taxa tão alta em Guaramiranga, município que em 2021 foi o primeiro a vacinar com a primeira dose (D1) todos os adultos cadastrados.

A taxa de incidência é importante para estimar o risco de ocorrência de casos de Covid-19 na população desses municípios. O cálculo leva em conta o número de casos confirmados, dividido pelo número de habitantes e multiplicado por 100 mil.

Na avaliação de Silvana Soares de Souza, Secretaria Municipal da Saúde de Guaramiranga, "essa alta no índice se deve a nossa população que é a segunda menor do Estado, onde qualquer caso impacta diretamente em alta".

Outro fator destacado pela titular da Pasta é o fato de a cidade receber um grande número de turistas, isso, ainda segundo Silvana, deixa a cidade exposta à "transmissão comunitária".

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"A Saúde de Guaramiranga está em constante monitoramento dos casos suspeitos, visto que Guaramiranga se encontra entre um dos principais destinos turísticos e recebemos visitantes de todo o País", destaca Silvana Soares.

O microbiologista Samuel Arruda corrobora com a análise de Silvana e também considera que o fato da cidade ter um grande apelo turístico pode contribuir para o crescimento da taxa de incidência.

1.634
Desde o início da pandemia, em março de 2020, Guaramiranga já acumula 1.634 infecções pelo vírus SARS-Cov-2, além de cinco mortes.

"Guaramiranga recebe um fluxo muito grande de pessoas o que possibilita a introdução de novas variantes o que pode explicar o grande número de infecções", pontua.

O especialista também cita que as condições climáticas, inerentes à cidade serrana, pode ocasionar cenários que sejam propícios à disseminação do vírus.

Não deixamos de realizar RT- Antígeno e RT-PCR na nossa população e nos visitantes em nenhum período, pois achamos crucial detectar os casos suspeitos e positivos e tentar bloquear a disseminação do vírus em nosso Município.
Silvana Soares de Souza
Secretaria Municipal da Saúde de Guaramiranga

Contudo, apesar do aumento da taxa de incidência, a secretária ressalta que todos os casos de infecção confirmados no Município apresentam apenas sintomas leves. "Estamos com 15 pacientes positivos, em isolamento domiciliar, apresentando sintomas leves", pontua. 

Uso de máscara é recomendado 

Diante do aumento da taxa de incidência, que rompeu a barreira dos 30 mil casos por 100 mil habitantes, a Secretaria da Saúde passou a adotar medidas para "diminuir o aparecimento de novos casos", como a recomendação do uso de máscara em ambientes fechados e com aglomeração, uso obrigatório de máscaras nas UPAs, Hospital e Secretaria Municipal de Saúde".

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Além disso, campanhas educativas ressaltam a importância de a população retomar as medidas protetivas, "como lavagem das mãos, uso de álcool em gel a 70% e, o principal, conscientizar sobre a necessidade de tomar todas as doses de vacina" contra a Covid-19.

Legenda: São testado diariamente, em média, 10 a 15 pessoas por dia em Guaramiranga.
Foto: Divulgação

Atualmente, o Município já aplicou 98,17% da segunda dose (D2) no público-alvo e, se aproxima do índice de 82% da dose de reforço. Quanto à quarta dose, a porcentagem ainda é tímida, atingindo menos de 10% do público.

Tivemos um excelente resultado na D1 e D2 da população, mas devido a tantas informações falsas sobre o imunizante, a população esta resistente a tomar a 3 dose e as doses de primeiro e o segundo reforço.
SIlvana Soares
Secretária da Saúde de Guaramiranga

A baixa cobertura vacinal em Guaramiranga, somada à crescente da taxa de incidência deixa o Município, segundo Silvava, "em alerta". "Precisamos avançar [na aplicação das] doses de reforço", destaca a secretária.

Importância da vacina

Samuel Arruda adverte que a vacinação não tem a premissa de impedir a circulação, mas, sim, diminuir a gravidade do vírus "e ter uma resposta imunológica mais eficiente a presença do vírus, o que automaticamente reduz o nível de patogenicidade do vírus.

"Ainda que tenhamos mais infecções, os casos graves estão cada vez menores, mesmo nos grupos de riscos, como são os idosos. Hoje o risco é muito menor e isso deve-se à vacinação", detalha o microbiologista.

O especialista conclui que, a medida em que a população for completando o esquema vacinal - o que inclui as doses de reforço - a tendência é de que a transmissibilidade reduza e os casos leves sejam ainda mais predominantes dentre as infecções.

 

 

 

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